Aplicativo Uber começa a cadastrar motoristas de Campo Grande
A empresa está se reunindo com interessados em participar do aplicativo, mas não confirma oficialmente a chegada do serviço
Desde segunda-feira (29) no Hotel Deville, representantes da empresa Uber se reúnem com interessados em serem motoristas do serviço em Campo Grande. O primeiro encontro reuniu 65 taxistas auxiliares, os que não têm alvará próprio, que ouviram explicações sobre o funcionamento do aplicativo e receberam a promessa de que em um mês as corridas começam na capital.
Em nota emitida na manhã desta terça (30), a empresa desmentiu o prazo que começa a circular à boca miúda, mas confirmou que está com uma equipe na cidade para buscar talentos e compartilhar informações com os interessados em utilizar a plataforma como uma nova oportunidade de renda.
A movimentação ocorre um mês depois do Campo Grande News antecipar que os taxistas auxiliares estavam se articulando para trazer o Uber à cidade. "Estávamos em contato com eles para trazer o Uber para a cidade, até que eles se interessaram e vieram", conta José Carlos Áquila, presidente da Assotaxi (Associação dos Taxistas Auxiliares de Campo Grande).
A entidade queixa-se há anos das condições precárias de trabalho dos auxiliares da capital. Para eles, o Uber representa uma alternativa aparentemente mais lucrativa e moderna. Hoje, eles alugam táxis que pertencem aos frotistas e pagam gasolina, diária e limpeza.
Os presentes na reunião saíram satisfeitos com as previsões feitas ali. "Foi ótima, eles passaram detalhes de como funciona o sistema e a corrida ficará até 30% mais barata do que a corrida tradicional de táxi", relata Áquila.
Antes da plataforma confirmar de vez sua chegada, o trabalho da equipe que já está aqui é de pesquisa. "Agora, eles estão fazendo um levantamento para saber quantos motoristas serão necessários aqui e estão cadastrando os interessados no sistema", conta Áquila. A assessoria de imprensa, entretanto, ressaltou que a movimentação "não significa a entrada do aplicativo em Campo Grande" e que ações do tipo acontecem constantemente em várias outras cidades.
Mesmo sem confirmação oficial da empresa, há novidades para além da presença de representantes aqui. Essa semana, por exemplo, motoristas que trabalharam no Uber em outros locais notaram que Campo Grande já está inserida no sistema da empresa. "Eu sempre acompanho, e ontem à noite vi que meu link de indicação, por onde posso convidar amigos para participar, já estava liberado para Campo Grande", conta Adriano Reis, 25 anos, proprietário de uma oficina automotiva e que trabalhou com o aplicativo em São Paulo.
Por enquanto, o clima é de silêncio no Hotel Deville, onde se reunirão até quinta a Uber e os interessados em participar de sua operação na cidade morena. A reportagem compareceu ao local na manhã deste domingo (30), mas foi impedida de fazer imagens.
Para se cadastrar na Uber, basta ter uma CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e os documentos do carro em dia, além de atender a alguns requisitos referentes ao estado do veículo.
Mesmo quem não tem um automóvel poderá se valer de parcerias feitas entre a Uber e locadoras de automóveis, a um preço de cerca de R$ 60 por dia. Atualmente, os mais de 450 taxistas auxiliares que rodam a Capital pagam até R$ 250 ao dia para usar os táxis.
Resistência
Por onde passou até agora, o aplicativo que conecta motoristas e passageiros e barateia o preço das corridas deixou um rastro de revolta entre os taxistas, que reclamam de concorrência desleal, falta de direitos trabalhistas e chegam a agredir motoristas do Uber.
Ontem mesmo, segundo informações do site Estado de Minas, um dos participantes do serviço foi atacado por taxistas em frente a um shopping, esfaqueado e teve seu carro depredado. Em São Paulo, no ano passado, os taxistas fizeram manifestações e afirmam que o movimento caiu 45% desde que o Uber chegou.
No Mato Grosso do Sul, projetos chegaram a ser propostos para vetar a regulamentação do aplicativo na capital. O da câmara municipal, proposto pelo vereador e candidato a prefeito Marcos Alex (PT) em outubro de 2015 ainda está em tramitação. Já o legislativo estadual chegou a aprovar uma lei que proibia o transporte remunerado de passageiros em carros particulares, mas o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) vetou a medida.
"É tudo moderno e mais rápido, mas o pessoal parece que parou no tempo aqui", resume Áquila.