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Capital

Após 3 décadas, Rádio Táxi perece com chegada de aplicativos e fecha as portas

“O mercado do táxi após a entrada dos aplicativos ficou praticamente obsoleto”, afirma Elton, um dos donos da empresa

Anahi Zurutuza | 10/07/2020 16:40
Táxis estacionados em ponto da Capital (Foto: André Bittar/Arquivo)
Táxis estacionados em ponto da Capital (Foto: André Bittar/Arquivo)

Após 35 anos nas mãos da família Matos, o império construído por Moacir Joaquim de Matos, que chegou a ser considerado o maior frotista de táxis de Campo Grande, não sobreviveu à chegada das plataformas que conectam motoristas e passageiros. A Rádio Táxi Campo Grande, empresa que fez história na Capital, vai fechar as portas nos próximos dois meses. Clientes e profissionais conveniados já estão sendo comunicados.

De acordo com Elton Matos, um dos herdeiros de Moacir, os negócios mudaram de rumo. Estrutura e funcionários serão mantidos, mas para trabalhar na locadora de veículos para motoristas de aplicativos.

“O mercado do táxi após a entrada dos aplicativos ficou praticamente obsoleto”, afirma Elton. A empresa, segundo ele, chegou a ter 120 taxistas conveniados, profissionais liberais que pagavam mensalidades para ter acesso à cartela de clientes da Rádio Táxi. Hoje, são pouco mais de uma dezena.

Com o fechamento da empresa, os números 3348-1414 e 3387-1414 serão desativados.

O papel da Rádio Táxi era parecido com o das plataformas on-line, mas a conexão entre passageiros e motoristas feita por telefone e chamadas de rádio. Clientes em Campo Grande já foram disputados por duas empresas, além da Coopertáxi, cooperativa de taxistas, a única que continuará operando.

Em agosto de 2016, a Uber, primeiro aplicativo a operar em Campo Grande, começou a cadastrar motoristas. A empresa começou a operar na Capital no dia 22 de setembro daquele ano.

Elton Matos, quando prestou depoimento à CPI do Táxi na Câmara de Campo Grande, em 2017 (Foto: André Bittar/Arquivo)
Elton Matos, quando prestou depoimento à CPI do Táxi na Câmara de Campo Grande, em 2017 (Foto: André Bittar/Arquivo)

Passados quatro anos, segundo Elton Matos, a quantidade de clientes que ainda recorre à Rádio Táxi caiu cerca de 90%. Não fazia mais sentido manter a operação. “Após quatro anos tentando, entendemos que não dá mais para tocar”.

Moacir Joaquim de Matos morreu aos 60 anos no dia 31 de outubro de 2016. Ele não chegou a ver o declínio do negócio que montou e foi fonte de sustento para a família por décadas. Em 2017, a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Táxi, para investigar o monopólio dos alvarás na Capital, levantou que a família Matos tinha 51 licenças para fazer o transporte de passageiros na cidade. À época eram 490 alvarás em Campo Grande.

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