Após 8 anos, Amanda muda nome nos documentos em ação gratuita
Ação "Transformando histórias: retificação de nome e gênero” atendeu cerca de 50 pessoas trans
Ação “Transformando histórias: retificação de nome e gênero”, realizada neste sábado (04), ajudou cerca de 50 pessoas transexuais a mudarem o nome nos documentos. Elas tiveram de volta a dignidade e o direito de serem chamadas como elas se identificam.
A operadora de caixa Amanda Souza é um exemplo desta conquista. Ela é do Rio Grande do Norte, mas mora em Campo Grande há 8 anos, e desde então estava tentando fazer a mudança de nome. Um dos motivos é o alto custo com a emissão de certidões.
"Essa oportunidade que a gente está tendo hoje, para mim, é excelente. O que muda a partir do momento que eu pegar meu documento? É não ser mais confundida quando é solicitado o meu nome em algum lugar público, que não condiz com quem eu sou", afirmou.
Amanda explica que precisou aguardar o tempo mínimo para dar entrada no cartório em Mato Grosso do Sul, para então começar o longo caminho de ir atrás da documentação em seu estado de origem.
Neste tempo de espera, ela também precisou conviver com ansiedade e depressão, que chegaram a afastá-la do trabalho.
"Vou fazer sim, vou correr atrás, porque essa foto, e esse nome, não sou eu. Agora, a hora que eu pegar minha documentação, eu vou casar", comemorou Amanda.
O autônomo Sam é chamado pelo sobrenome Sandim há mais de 20 anos, mas só agora ele terá o nome registrado nos documentos pessoais.
"Não me conformava com o meu nome. Sempre fui chamado pelo sobrenome, mas quando as pessoas pegavam a minha identidade, olhavam meio assim, é constrangedor", relembrou.
Ação – Os atendimentos foram realizados no prédio da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, localizado na Rua Barão de Melgaço.
A ação é realizada pela Defensoria Pública do Estado, em parceria com a Anoreg (Associação dos Notários e Registradores); CEC (Centro Estadual de Cidadania LGBTQIA+); Defensoria Pública da União e Ministério Público.
De acordo com a defensora pública do Estado e coordenadora do Nudedh (Núcleo de Direitos Humanos), Thaisa Defante, foi feita uma organização nos últimos 30 dias para realizar a ação, incluindo a triagem de vulnerabilidade econômica, já que a ação é destinada às pessoas que não têm recurso para fazer a retificação.
"As histórias dessas pessoas são emocionantes. O nome da ação foi muito propício: transformando histórias, porque a identidade, a identificação da pessoa, como ela se sente, como ela quer ser chamada, diz muito na vida dela. Toca muito a realidade dela, então são realmente histórias muito impactantes", enfatizou a defensora.
Além disso, no local também tinha varal solidário, orientações, acolhimento à população trans e travesti, e testes rápidos para identificar IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis).
"Ofertamos alguns serviços fundamentais à população LGBTQIA +, com foco no atendimento à população trans de Campo Grande. Trouxemos orientações e serviços sobre os canais de denúncia, e para quem deseja também a carteira de identidade de nome social, conhecer um pouco o serviço e o trabalho do CEC LGBT", disse a coordenadora do Centro Estadual de Cidadania, Gaby Antonietta.
Os serviços oferecidos pelo CEC LGBTQIA+ são: orientação, atendimento à rede psicossocial e encaminhamentos, confecção de carteirinha de nome social, retificação de gênero e nome no registro civil, e coleta de denúncias.
O Centro fica na Secretaria de Estado da Cidadania, na Avenida Mato Grosso, 5778 – bloco 3, entrada do Parque dos Poderes. Os contatos são: 9-9685-1081, 3323-7228, ou pelo e-mail ceclgbt@sec.ms.gov.br.
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