Após ataque em terminal, jovem muda rotina e caminho para casa fica mais longo
Após divulgar um vídeo nas redes sociais, contando que foi atacada por um homem desconhecido no Terminal Morenão na tarde de terça-feira (23), a estudante do segundo ano de administração da Uniderp, Ingrid Matzembacher de 21 anos, precisou mudar sua rotina. A jovem explica que antes pegava o ônibus todos os dias, mas agora vai demorar um pouco mais para chegar em casa, cerca de uma hora, e evitará passar pelo Terminal Morenão.
"Hoje eu não fui até o terminal, mesmo quando me falaram que tinha guardas lá. Minha amiga e meu namorado vão se revezar por enquanto para que eu possa ir até a faculdade, mas depois volto a usar o transporte coletivo e eu vou para o terminal General Osório, vou chegar uma hora depois em casa. Mas vou fazer isso porque fiquei assustada, e ontem demorei bastante para conseguir dormir", conta.
Ingrid conta também que precisou ir ao mercado, mas chamou uma amiga para acompanhá-la, pois ficava com medo quando alguém se aproximava e isso a deixava assustada.
"Depois do que aconteceu eu tive a ideia de criar um grupo no Facebook sobre mulheres que estão sendo atacadas, para ter uma noção do número de pessoas que já foram agredidas e então repassar esses dados para a polícia", relata.
De acordo com a psicóloga Avany Cardoso Leal, de uma maneira geral a questão da violência contra a mulher é muito cultural e patriarcal. Essa é uma questão ainda tolerada em muitos cenários, e por esse motivo as pessoas não denunciam adequadamente o agressor, que tem uma necessidade de infligir o medo na mulher.
"Ele deseja assustar e às vezes tem raiva das mulheres. O ataque causa basicamente um sentimento de medo, e a mulher fica mais fraca. Ela se sente com raiva e revoltada, mas o medo impede uma reação", explica.
Avany ainda explica que se o sentimento de insegurança perdurar em outros comportamentos, como o medo de sair em locais públicos sozinha, por exemplo, pode ser identificado, em alguns casos, como um quadro de estresse pós-traumático.
"Quando começa a interferir a rotina da pessoa, entendemos que esse é um quadro de estresse pós-traumático. E precisa ser avaliado para que, caso precise, passe por tratamentos adequados", conta.