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Capital

Após roubos e alagamentos, solução de comerciante é trabalhar mais

Amanda Bogo | 14/03/2016 17:43
Rodrigo mostra o local onde a água chegou na chuva do começo de março; jeito para cobrir o prejuízo foi trabalhar mais (Foto: Marcos Ermínio)
Rodrigo mostra o local onde a água chegou na chuva do começo de março; jeito para cobrir o prejuízo foi trabalhar mais (Foto: Marcos Ermínio)

Dois temporais em questão de 90 dias, o último deles na madrugada do dia 2 de março, intercalado com a ‘visita’ de ladrões, transformaram totalmente a vida do comerciante Rodrigo Rosa Ribeiro, de 39 anos. Depois de ter a floricultura alagada, viu prejuízos se acumularem e até pensou em desistir, mas é com mais trabalho que ele decidiu encarar a fase.

A floricultura de Rodrigo fica na Avenida Ricardo Brandão com a Rua Francisco Bento, à margem do Córrego Prosa. Depois dos alagamentos, o jeito foi trabalhar à noite vendendo espetinhos no salão ao lado para suprir a quebra no caixa causada pelas chuvas.

"Eu perguntei para o proprietário do imóvel se poderia usar o salão que estava vazio e ele concordou. Por incrível que pareça, o espetinho vende bem e hoje as lojas são a nossa principal fonte de renda hoje", conta.
Antes do alagamento no começo de março, a floricultura foi alagada em dezembro. Somando os dois incidentes em três meses o prejuízo ultrapassa R$ 20 mil.

Equipamentos, mesas, ornamentos, materiais e produtos da loja foram perdidos com a chuva. "Como estou sem computador, não consigo gerar nota fiscal. Meu contador me alertou que isso pode gerar multa", conta.

Só de flores, a chuva estragou pelo menos R$10 mil. "Quase desisti. Quando cheguei, fiquei do lado de fora olhando e pensando o que ia acontecer. Quando abrimos a porta, vários produtos estavam boiando pelo chão. Perdi várias vendas, tem cliente que não quer entrar na sujeira. Ele olha todo aquele barro e procura outra floricultura", lamenta.

O ponto é bom – Apesar de a situação ter se tornado frequente, o comerciante conta que não pensa em deixar o estabelecimento. "Esse ponto é bom, gosto daqui. No dia até pensei em sair e meu irmão me disse para não ir, que minha vida toda estava aqui. Eu teria que gastar R$ 15 mil para mudar e hoje não tenho condições financeiras para isso", explica.

No mesmo período dos alagamentos, a floricultura de Ribeiro foi assaltada duas vezes. "Na primeira vez o prejuízo não foi tão grande porque tínhamos uma encomenda de um evento no teatro Glauce Rocha. Terminamos os arranjos no meio do barro. Dessa vez, conseguimos nos recuperar graças às vendas para o Dia da Mulher. A venda foi muito boa, se não fosse a chuva teríamos conseguido recuperar as perdas de dezembro e ainda teria lucro", afirma.

Se as chuvas passaram, as marcas na vida do comerciante permanecem. "Se o alarme dispara, eu e minha esposa acordamos assustados achando que é assalto ou chuva. Não durmo mais. Minha filha, quando vê o tempo mudar, fala 'pai, olha a chuva vindo', e fica lá na frente cuidando para que nada aconteça".

O trabalho na floricultura também é grande para que o prejuízo possa ser superado. "No último sábado, saímos daqui já era meia-noite. É cansativo, mas com fé em Deus eu vou pagar todas essas contas", finaliza Ribeiro.

Floricultura fica na beira do Córrego Prosa (Foto: Marcos Ermínio)
Floricultura fica na beira do Córrego Prosa (Foto: Marcos Ermínio)
Família mudou os hábitos: "pai, olha a chuva vindo" já coloca todo mundo em alerta. (Foto: Marcos Ermínio)
Família mudou os hábitos: "pai, olha a chuva vindo" já coloca todo mundo em alerta. (Foto: Marcos Ermínio)
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