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Capital

App de moto chega com corrida grátis, mas mototáxi duvida que “vai pegar”

Plataforma chega a Campo Grande no próximo dia 13, mas mototaxistas acreditam em rejeição dos usuários

Gabriel Neris e Maressa Mendonça | 06/02/2020 06:50
Aplicativo de moto começará a funcionar no dia 13 em Campo Grande (Foto: Kísie Ainoã)
Aplicativo de moto começará a funcionar no dia 13 em Campo Grande (Foto: Kísie Ainoã)

Começa a funcionar a partir do dia 13, em Campo Grande, o aplicativo Picap para transporte de passageiros de motocicletas. A empresa chega com a promessa de renda extra aos condutores, semelhante aos vários aplicativos de carro, e oferece corridas gratuitas logo no seu primeiro dia de operação.

Nas ruas, mototaxistas ouvidos pelo Campo Grande News dizem que já esperavam a chegada da novidade, mas preveem rejeição dos usuários.

Lázaro Carmo Silva, de 46 anos, é moto-taxista há 23 anos e acredita que o aplicativo não deve “pegar” entre os passageiros. “A gente sabia que [o aplicativo] ia chegar uma hora ou outra, mas não tenho confiança que vai vigorar”.

Lázaro Carmo Silva é moto-taxista há 23 anos e confia que concorrência não vai vingar (Foto: Kísie Ainoã)
Lázaro Carmo Silva é moto-taxista há 23 anos e confia que concorrência não vai vingar (Foto: Kísie Ainoã)

Integrante da primeira turma de mototaxistas de Campo Grande, ele conta ter vivenciado situação semelhante na década de 1990, quando vários homens tiveram a oportunidade de conseguir o colete de mototáxi de maneira mais prática. “Teve muito acidente, então o prefeito decidiu fazer concurso para conceder os alvarás”, lembra.

A questão da segurança no trânsito é o fator mais citado pelos profissionais para justificar o motivo, segundo eles, pelo qual o aplicativo não deve se popularizar na Capital. “O índice de acidente envolvendo moto-taxista é baixíssimo. Não dá para carregar vida igual carrega lanche”, diz, comparando aos entregadores de fast-food.

Declaração semelhante é do Ronaldo Deodoro, de 44 anos, mototaxista desde 1997. “O número de acidentes com mototaxistas é quase zero. Temos um controle muito rigoroso”, diz, citando as fiscalizações da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) feitas tanto no ponto de mototáxi quanto no veículo.

Segundo ele, os gastos anuais com burocracia para os profissionais são de cerca de R$ 1,5 mil. “Tudo o que a gente lutou para organizar, os aplicativos estão destruindo”, comenta, se referindo ao processo de regularização.

Diz ainda que os passageiros de aplicativos costumam reclamar da falta de manutenção de alguns veículos. “Escutamos muita coisa dos próprios passageiros”, reforçando que esse problema não ocorre com os profissionais em decorrência da fiscalização.

Para o auxiliar de produção João Luciano Queiroz, de 43 anos, um aplicativo do tipo parece “uma boa ideia. Deve ser seguro porque Uber é seguro”, diz. Além da questão da segurança, ele cita a oportunidade de trabalho para quem está fora do mercado. “Pode dar emprego para muitas pessoas”.

Ponto de mototáxi na Afonso Pena, um dos mais movimentos de Campo Grande (Foto: Kísie Ainoã)
Ponto de mototáxi na Afonso Pena, um dos mais movimentos de Campo Grande (Foto: Kísie Ainoã)

A Picap já atua em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Fortaleza, Manaus e Teresina. Atualmente, a empresa conta com 150 mil usuários, além de oito mil motociclistas cadastrados. Também funciona em outros países da América Latina, como Argentina, México, Colômbia e Chile.

De acordo com o aplicativo, num primeiro momento os motociclistas que aderirem à plataforma ficarão com 100% do valor da corrida. Os usuários interessados no desconto de corrida gratuita no dia 13 devem baixar o aplicativo e acionar o cupom que lhe dá direito ao desconto.

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