Áreas deterioradas levam moradores a desconhecer reabertura de parque
O Parque Ayrton Senna, localizado no Bairro Aero Rancho, foi reaberto pela prefeitura no sábado (14), porém, a liberação do local, que permaneceu fechado por cinco meses após ser interditado, ainda é desconhecida por moradores da região.
Na manhã desta terça-feira (17), equipe do Campo Grande News esteve no parque e não constatou a presença de nenhum visitante. Apenas equipes da prefeitura realizavam o serviço de roçado e manutenção do gramado.
Sem se identificar, um dos funcionários disse que pelo menos 40 pessoas estavam trabalhando para concluir os trabalhos que não haviam sido encerrados até o final de semana.
E ainda há muito o que fazer. Um dos exemplos é o parquinho infantil, que está com os brinquedos de madeira deteriorados, como gangorras e os balanços. Um deles desapareceu e em outro faltam as correntes. Com poucos guardas no local, cabe aos responsáveis cuidar para que as crianças evitem as áreas que ainda dependem de consertos. Enquanto esteve no local, a reportagem do Campo Grande News observou a presença de apenas dois guardas municipais.
Problemas também na quadra de esportes, onde o quadro da cesta de basquete, destruído pela falta de manutenção, ainda aguarda reparos. As piscinas, que abrigavam algumas das oficinas de esportes que atendia crianças e jovens da região, também estão na fila da recuperação, já que apresentam vazamentos, isso sem falar na cobertura das quadras, que perdeu parte da telha durante vendaval.
Além disso, ainda não há professores ou brigadistas contratados. Os frequentadores do local também terão que ter paciência para voltar a utilizar a pista de atletismo, um dos elementos mais utilizados pela população.
Sem a contrapartida financeiros que lhe cabe na parceria com o governo federal, o prefeito disse que a obra está avaliada em R 6,8 milhões, mas no momento não há como dividir esse gasto.
Todos esse conjunto de pendências faz com que vários moradores da região desconheçam a reabertura do espaço. Frequentadora assídua do parque, desde sua inauguração, a dona de casa Roberta da Silva Vilas, moradora na Rua Rachel de Queiroz, ficou surpresa ao saber que o espaço estava liberado novamente.
“Não fizeram nenhuma divulgação no bairro. Além do mais, sempre tem uma corrente na entrada que inibe a nossa presença”, enfatiza. De fato, a presença de uma corrente constante no portão principal passa a impressão que o parque permanece fechado.
Durante o tempo que permaneceu no local, a reportagem verificou que algumas pessoas chegaram a fazer menção para entrar, mas, na dúvida, desistiram.
Para Maria Roberta, é um “desperdício” reabrir um parque que ainda não pode ser desfrutado completamente pela população.
Mãe de Gustavo, de 10 anos e de Alexia, de dois, ela conta que costumava levar as crianças todos os domingos para utilizar o parquinho e caminhar pela pista de atletismo. Ela lembra, inclusive, que dentro do ginásio havia azulejos quebrados e devido a esses fatores, desistiu de levar as crianças ao local mesmo antes da interdição. “Tinha medo que eles se machucassem com esses objetos quebrados”, ressalta.
Sem opção, ela conta que tem levado os filhos em uma praça no Jardim das Hortências, que consome meia hora de caminhada. “Quando o sol está quente não dá, mas tenho preferido ir lá porque pelo menos meu filho pode andar de patins”, diz.
A também dona de casa Maria dos Santos Silva Nascimento acredita que troca de prefeitos prejudicou a manutenção do parque. “A cidade ficou parada. Não adianta entregar pela metade uma coisa que ficou parada tanto tempo”, reclama.
Ela recorda da época em que a Funesp (Fundação Municipal de Esporte) desenvolvia projetos esportivos no local, incluindo aulas de natação e hidroginástica. “Meu filho hoje nem mora mais na cidade, mas aproveitou muito esse lugar. Hoje nossas crianças não tem as mesmas oportunidades”, afirma.
Enquanto observavam do lado externo do parque o trabalho dos funcionários, as donas de casas aproveitaram para sugerir uma alteração no horário de funcionamento do parque, ao menos durante o verão. “Eles fecham antes das seis da tarde e nessa época ainda tem sol, poderia ficar mais um pouco, até às sete da noite”, diz Maria Roberta.
Outra sugestão seria a instalação de placas e avisos nas dependências do parque indicando as áreas de lazer disponíveis, horário de funcionamento e de normas de utilização geral.
Aval - As obras pendentes não são o único problema que espera por solução. O Corpo de Bombeiros, que em junho fechou o espaço seguindo determinação do Ministério Público Estadual, ainda não expediu alvará.
Com isto, a prefeitura caso venha promover ou ceder o espaço para algum evento, corre o risco de ser multada além de ser impedida de realizar a promoção. Uma funcionária da administração do parque, que preferiu não se identificar, ressaltou que o local está aberto ao público, que não corre riscos ao frequentar as áreas já recuperadas.
Um dos problemas que levou ao fechamento do parque, a infestação de pombos, também está controlada, conforme destacou o assessor do diretor-presidente interino da Funesp, Ricardo Dal Farra, Paulo Teles, que garantiu, no sábado, que os laudos da Vigilância Sanitária e do Corpo de Bombeiros foram emitidos, assegurando que o parque está dentro da legalidade e que o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) retirou mais de mil pombos do local. Extintores e hidrantes também foram providenciados e já estão instalados no parque.
Em nota a Funesp informou que desde segunda-feira (16) já tem equipes realizando os reparos que faltam no parque e em 90 dias as piscinas devem ser entregues.
Quanto ao destelhamento ocorrido em parte da cobertura das quadras, a recuperação deve ser feita em 15 dias. A prefeitura aguarda apenas as telhas que foram compradas em empresa fora do Estado
Já a troca e reparo dos equipamentos do parquinho infantil estão no cronograma na Funesp, que aguarda recursos para serem trocados, ainda sem previsão de liberação. A nota ainda ressalta que o local não oferece perigo a população