As alternativas de quem tem medo da dengue e quer ficar longe dela
Postos de saúde lotados, alerta de epidemia, decreto de situação de emergência, mortes confirmadas e notícias que não cessam sobre a dengue. O mosquito está por todos os lados. Mesmo quem mantém o quintal limpo está sujeito a contrair a doença, basta que o espaço do vizinho esteja bem atrativo para o transmissor e pronto, o risco é o mesmo. Em casos como estes, nos quais o perigo mora ao lado ou simplesmente está espalhado pela cidade toda, há quem tenta se prevenir usando medidas alternativas.
Com medo de ser a próxima vítima, a esteticista Claudia Mara Farias, 43 anos, procura proteger a família inteira. Como não pode interferir na proliferação do mosquito, ela tenta, pelo menos, mantê-lo longe da pele e assim evitar a picada.
“Uso repelente em mim, no meu marido e nos meus dois filhos, e todos nós também tomamos complexo B”, conta a esteticista. O ritual é sempre o mesmo. Mãe de Vitor, de 11 anos, e de Vinícius, de 8 anos, Claudia conta que passa o repelente nos meninos no mínimo três vezes ao dia, seja em casa ou para sair. Sempre depois do banho e para dormir também é regra.
O complexo B também já faz parte da rotina da família. Vinicius toma 20 gotas, duas vezes ao dia, enquanto Vitor toma 40, também duas vezes ao dia. Mas não são apenas os pequenos que recebem os cuidados. Claudia e o marido também entram na "dança". Além do repelente, os dois tomam o complexo B em comprimidos, mas para eles, que são adultos, são três vezes ao dia.
Claudia conta que foi orientada por uma enfermeira sobre os cuidados e a forma de uso de cada produto. Ela acredita que se a alimentação das crianças for boa, isso reflete na imunidade, e o complexo B também auxilia nesta parte.
Vítima da dengue em 2007, a esteticista tem medo de que os filhos também peguem a doença. "Sei que esses cuidados podem não evitar, mas pode proteger um pouco mais", acredita.
Mal não faz, mas o médico infectologista Rivaldo Venâncio alerta que alguns repelentes funcionam, mas que a vitamina B é mais uma curiosidade, e a eficiência do remédio não é comprovada.
O médico orienta que o mais importante mesmo ainda é manter o quintal limpo e explica que os mosquitos são atraídos por lixos, resíduos alimentares, folhas, água parada, e tem como fonte de alimento o ser humano, galinhas e cães, que é onde começam as transmissões em geral.
O médico afirma ainda que ter boa alimentação não evita que a pessoa contraia a doença e nem influencia que ela progrida para dengue hemorrágica. Porém, pessoas com diabetes, lúpus, doença renal, alergia, asma, bronquite e até mesmo grávidas têm maior probabilidade de agravar a doença.
Para cada caso há uma explicação, uma resposta imunológica. “A pessoa que já tem a uma doença e contrai a infecção pode ter a forma grave. No caso da diabetes, por exemplo, já há o processo inflamatório vascular e isso pode potencializar a dengue”, explica o médico.
A infectologista do Hospital e Maternidade São Cristóvão, em Campos do Jordão, Ivelise Giarolla explica que locais de maior ocorrência da dengue é aconselhável usar, sempre que possível, calças, camisas de manga comprida e repelente contra insetos. “Pessoas que estiveram em área de risco e que apresentarem febre durante ou após a viagem devem procurar um Serviço de Saúde mais próximo”, finaliza a profissional.
Em Campo Grande, janeiro fechou com 17.799 casos de dengue notificados, além de três mortes confirmadas e oito ainda em investigação por causa da doença.