Asilo São João Bosco fará 100 anos contando história dos "avós de Campo Grande"
Serão lançados documentário e livro embasados por pesquisa minuciosa
Casa de acolhimento a idosos mais antiga de Campo Grande, o Asilo São João Bosco tem guardado muitas histórias durante sua vida longa e quase centenária. Elas serão contadas em um livro e um documentário com previsão de serem lançados em novembro deste ano.
O que começou em 23 de outubro de 1923 como obra social de "homens de boa vontade" ligados a grupo religioso Conferência Vicentina Nossa Senhora das Vitórias, atravessou o tempo cruzando a história da cidade de fundação. Por isso, além de buscar relatos e documentos, a pesquisa para as duas produções se atenta à relação do asilo com personagens envolvidos no crescimento da Capital.
A pesquisadora responsável é Melissa Tamaciro, ex-secretária de Cultura e Turismo de Campo Grande entre 2019 e 2020. Ela começou o trabalho em maio deste ano. A partir do que ela apurar, sairá o livro escrito por Sylvia Cesco, e o documentário produzido por Alex Prappas.
Entre cartas manuscritas, jornais, fotos e outros documentos, ela monta o quebra-cabeça que vai unir as histórias do asilo e da Capital numa linha só. O levantamento começa quando o lugar ainda se chamava Asilo da Velhice Desamparada, Indigente, Carente São João Bosco, e vai até a atualidade.
"Avôs e avós de Campo Grande" - Desde sua fundação, o São João Bosco se dedica a acolher idosos em vulnerabilidade social que não podem contar com cuidados da família. Tão importante quanto falar do abrigo dado a eles ao longo de quase 100 anos, é revelar quem esteve à frente ou se envolveu nos trabalhos do asilo, trazendo reconhecimento para a instituição, afirma Melissa.
Ela considera todos os personagens da pesquisa "avôs e avós de Campo Grande". Com isso, a pesquisadora ata o laço familiar da instituição com a cidade.
"Isso carrega bastante emoção e muito afeto, porque tem relevância para nossas histórias, tal qual é a relevância de estar aqui e entregar o alimento todos os dias para os idosos", diz Tamaciro. A pesquisa terá reflexos no futuro, ela prevê. "Registrar isso é registrar a importância do que seremos nós amanhã, porque amanhã seremos nós a precisar de um cuidado e honra de tudo o que fizemos pela cidade. Chega amanhã, muitas dessas histórias podem ser esquecidas. É importantíssimo contar".
Entre os atores mais relevantes, ela cita o próprio fundador, Adalberto Barreto e familiares ligados ao cartório Santos Pereira, além de Bernardo Franco Baís, que doou o terreno da primeira sede. "É impressionante entender que, de alguma forma, seus antepassados tiveram relação com esse asilo sem você entender", finaliza a pesquisadora.
Coleção 100 anos - Além do resgate histórico, o Asilo São João Bosco lançou uma coleção especial de canecas, garrafas e camisetas assinada pelo artista plástico Cleir. Todas têm ilustradas duas araras-azuis "se embicando", que simbolizam o companheirismo que a instituição oferece às pessoas acolhidas na reta final de suas vidas.
A atual superintendente executiva do local, Cleópatra Shamah, explica que a parceria comemora os 100 anos e servirá para arrecadar fundos para manutenção do asilo. "São necessárias fraldas, alimentos e insumos em geral, necessários para cuidar dos acolhidos". Atualmente, são 90 idosos vivendo na casa.
Para comprar os itens da coleção, é só ir até o bazar permanente que fica na atual sede do asilo, na Avenida José Nogueira, no Bairro Tiradentes, ou clicar aqui. Outra forma é procurando o estande do São João Bosco na festa da Paróquia Nossa Senhora da Abadia, que será realizada entre 3 a 13 de agosto nos altos da Avenida Afonso Pena.