Assassino confesso de corretora já deu golpe em auxiliar de serviços gerais
Há quatro anos, caminhoneiro comprou carro, usou, levou multas e não pagou
O caminhoneiro Fabiano Garcia Sanches, de 38 anos, assassino “confesso” da corretora de imóveis Amalha Cristina Mariano Garcia, 43, já fez outra mulher de vítima. Em 2020, ele comprou o carro de uma auxiliar de serviços gerais, hoje com 57 anos, usou e não pagou.
Preso no fim da tarde desta sexta-feira (24), por força de mandado de prisão temporária – pedido feito pela delegada Analu Lacerda Ferraz, em sigilo, na madrugada de ontem –, o homem está sob a custódia da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). Ele ainda não foi interrogado formalmente pela polícia, mas para policiais do Batalhão de Choque, no momento da prisão, confessou ter matado Amalha porque a corretora se negou a participar de esquema com o veículo dela e o seguro do Jeep Renegade.
Há quatro anos, o golpe envolveu um Chevrolet Agile. Conforme relatado pela vítima à Justiça, em abril de 2020, ela vendeu o automóvel a Fabiano e lhe entregou as chaves. Ele, por sua vez, ficou responsável por quitar o financiamento do carro em nome da mulher e arcar com débitos como o IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) e o licenciamento junto com o Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito). O caminhoneiro, contudo, “sequer providenciou a transferência do veículo”.
Salienta-se que a autora ao longo dos últimos meses vem procurando o requerido, sempre recebendo respostas evasivas e promessas que não foram cumpridas. Por consequência, a autora teve o nome negativado, o score reduzido, está sendo alvo de cobranças incessantes pelo banco e na iminência de ter sua CNH [Carteira Nacional de Habilitação] recolhida, já que a pessoa que está em posse do veículo vem cometendo uma série de infrações”, narrou a defesa da vítima em processo judicial.
Em janeiro de 2021, quando foi ao Judiciário, a vítima pediu a reintegração de posse do veículo, quitação de dívidas e indenização por danos morais.
A condenação de Fabiano saiu em março deste ano. O juiz Giuliano Máximo Martins, da 16ª Vara Cível de Campo Grande, determinou que o caminhoneiro fizesse a transferência do carro e do contrato de financiamento para o nome dele, pagando todos os débitos desde que adquiriu o veículo, incluindo as multas, e assumindo os pontos na CNH pelas infrações praticadas na posse do Agile. Além disso, mandou o homem indenizar a vítima em R$ 5 mil por danos morais, pagar honorários advocatícios e custas processuais.
Mais recentemente, a mulher recorreu pedindo indenização de R$ 20 mil, afinal 4 anos de “dor de cabeça” se passaram. Fabiano, não foi encontrado para ser intimado da decisão de março e por isso, foi citado por edital no Diário Oficial da Justiça, e está sendo representado pela Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, que se manifestou contra a elevação do valor.
“Não há elevado grau de reprovabilidade da conduta ilícita, mormente porque a apelante contribuiu para que o evento ocorresse. Outrossim, não está demonstrado nos autos a intensidade e a duração do sofrimento experimentado pela vítima, de modo a se aventar elemento outro para a majoração do quantum indenizatório”.
Assassinato – Dono de passagens na polícia por furto em 2006 e tráfico de drogas em 2007, Fabiano Garcia Sanches já esteve em presídio. Também foi processado pelo acordo não cumprido com a auxiliar de serviços gerais e por acidente de trânsito.
Nos próximos meses, ele responderá a inquérito e ação penal por homicídio. Nesta sexta-feira (24), para a Polícia Civil, o assassino “confesso” da corretora de imóveis alegou ter envolvimento amoroso com a vítima e explicou que a conheceu em aplicativo de relacionamento.
As revelações podem levar a investigação a tratar o caso como um feminicídio, crime relacionado à violência de gênero. É diferente, por exemplo, de ser apurado como latrocínio (roubo seguido de morte), como divulgou o Batalhão de Choque da Polícia Militar. Mas, como somente o interrogatório em solo policial tem valor para o inquérito, definições só serão tomadas a partir de segunda-feira.
Versão dada ao Choque – No fim da tarde de ontem, o comandante do Batalhão de Choque, tenente-coronel Rigoberto Rocha, deu coletiva de imprensa para informar que militares haviam prendido o suspeito. O mandado de prisão foi expedido por volta do meio-dia, conforme apurado pelo Campo Grande News.
De acordo com o militar, ao ser abordado por policiais do Choque, dirigindo um caminhão na Avenida Ministro João Arinos, Fabiano Sanches teria admitido ser o assassino de Amalha “imediatamente”. Explicou que havia convidado a corretora para dar golpe em um seguro, mas ela negou e por isso, acabou morrendo.
Rocha afirmou que o Fabiano foi identificado durante as investigações, mas sem dar detalhes. “No local, ele relata que propôs que os dois dessem o ‘golpe do seguro’ usando o carro da vítima, um Jeep Renegade”. A ideia, provavelmente, era comunicar falso furto do veículo, levar para o outro lado da fronteira, vender e também conseguir o dinheiro do seguro.
Como Amalha disse não, Fabiano diz que os dois discutiram e ele passou a agredir a corretora. Depois de algum tempo, o caminhoneiro afirma que colocou Amalha dentro do próprio carro e a levou para a região do porto seco, onde continuou batendo na vítima com um pedaço de pau. Quando ela estava enfraquecida, ainda conforme relatado pelo homem ao Choque, ele a colocou no porta-malas do Jeep Renegade e seguiu por alguns metros.
Retirou a vítima do carro e os dois lutarem, contou Fabiano. Foi então que ele deu o golpe fatal e arrastou o corpo até perto da árvore onde foi encontrado. Aos militares, ele afirmou ainda que saiu do local com o Jeep da corretora e passou o veículo para outra pessoa, ainda não identificada.
(*) Colaborou Ana Beatriz Rodrigues.
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