ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, DOMINGO  24    CAMPO GRANDE 23º

Capital

Assassino confesso de corretora já deu golpe em auxiliar de serviços gerais

Há quatro anos, caminhoneiro comprou carro, usou, levou multas e não pagou

Por Anahi Zurutuza | 25/05/2024 10:13
Momento em que Fabiano Garcia Sanches, de 38 anos, é colocado em camburão do Batalhão de Choque para ser levado preso à Deam (Foto: Vídeo do Campo Grande News/Reprodução)
Momento em que Fabiano Garcia Sanches, de 38 anos, é colocado em camburão do Batalhão de Choque para ser levado preso à Deam (Foto: Vídeo do Campo Grande News/Reprodução)

O caminhoneiro Fabiano Garcia Sanches, de 38 anos, assassino “confesso” da corretora de imóveis Amalha Cristina Mariano Garcia, 43, já fez outra mulher de vítima. Em 2020, ele comprou o carro de uma auxiliar de serviços gerais, hoje com 57 anos, usou e não pagou.

Preso no fim da tarde desta sexta-feira (24), por força de mandado de prisão temporária – pedido feito pela delegada Analu Lacerda Ferraz, em sigilo, na madrugada de ontem –, o homem está sob a custódia da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). Ele ainda não foi interrogado formalmente pela polícia, mas para policiais do Batalhão de Choque, no momento da prisão, confessou ter matado Amalha porque a corretora se negou a participar de esquema com o veículo dela e o seguro do Jeep Renegade.

Há quatro anos, o golpe envolveu um Chevrolet Agile. Conforme relatado pela vítima à Justiça, em abril de 2020, ela vendeu o automóvel a Fabiano e lhe entregou as chaves. Ele, por sua vez, ficou responsável por quitar o financiamento do carro em nome da mulher e arcar com débitos como o IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) e o licenciamento junto com o Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito). O caminhoneiro, contudo, “sequer providenciou a transferência do veículo”.

Salienta-se que a autora ao longo dos últimos meses vem procurando o requerido, sempre recebendo respostas evasivas e promessas que não foram cumpridas. Por consequência, a autora teve o nome negativado, o score reduzido, está sendo alvo de cobranças incessantes pelo banco e na iminência de ter sua CNH [Carteira Nacional de Habilitação] recolhida, já que a pessoa que está em posse do veículo vem cometendo uma série de infrações”, narrou a defesa da vítima em processo judicial.

Em janeiro de 2021, quando foi ao Judiciário, a vítima pediu a reintegração de posse do veículo, quitação de dívidas e indenização por danos morais.

Chevrolet Agile flagrado por radar após ser vendido a Fabiano, segundo vítima (Foto: Reprodução dos autos de processo)
Chevrolet Agile flagrado por radar após ser vendido a Fabiano, segundo vítima (Foto: Reprodução dos autos de processo)

A condenação de Fabiano saiu em março deste ano. O juiz Giuliano Máximo Martins, da 16ª Vara Cível de Campo Grande, determinou que o caminhoneiro fizesse a transferência do carro e do contrato de financiamento para o nome dele, pagando todos os débitos desde que adquiriu o veículo, incluindo as multas, e assumindo os pontos na CNH pelas infrações praticadas na posse do Agile. Além disso, mandou o homem indenizar a vítima em R$ 5 mil por danos morais, pagar honorários advocatícios e custas processuais.

Mais recentemente, a mulher recorreu pedindo indenização de R$ 20 mil, afinal 4 anos de “dor de cabeça” se passaram. Fabiano, não foi encontrado para ser intimado da decisão de março e por isso, foi citado por edital no Diário Oficial da Justiça, e está sendo representado pela Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, que se manifestou contra a elevação do valor.

“Não há elevado grau de reprovabilidade da conduta ilícita, mormente porque a apelante contribuiu para que o evento ocorresse. Outrossim, não está demonstrado nos autos a intensidade e a duração do sofrimento experimentado pela vítima, de modo a se aventar elemento outro para a majoração do quantum indenizatório”.

Placa mostra data de inclusão de Fabiano Garcia Saches em presídio, 16 de setembro de 2008 (Foto: Batalhão de Choque/Divulgação)
Placa mostra data de inclusão de Fabiano Garcia Saches em presídio, 16 de setembro de 2008 (Foto: Batalhão de Choque/Divulgação)

Assassinato – Dono de passagens na polícia por furto em 2006 e tráfico de drogas em 2007, Fabiano Garcia Sanches já esteve em presídio. Também foi processado pelo acordo não cumprido com a auxiliar de serviços gerais e por acidente de trânsito.

Nos próximos meses, ele responderá a inquérito e ação penal por homicídio. Nesta sexta-feira (24), para a Polícia Civil, o assassino “confesso” da corretora de imóveis alegou ter envolvimento amoroso com a vítima e explicou que a conheceu em aplicativo de relacionamento.

As revelações podem levar a investigação a tratar o caso como um feminicídio, crime relacionado à violência de gênero. É diferente, por exemplo, de ser apurado como latrocínio (roubo seguido de morte), como divulgou o Batalhão de Choque da Polícia Militar. Mas, como somente o interrogatório em solo policial tem valor para o inquérito, definições só serão tomadas a partir de segunda-feira.

Trabalho da perícia na casa do suspeito, no Jardim Centenário, onde vítima começou a ser agredida, segundo o caminhoneiro (Foto: Alex Machado)
Trabalho da perícia na casa do suspeito, no Jardim Centenário, onde vítima começou a ser agredida, segundo o caminhoneiro (Foto: Alex Machado)

Versão dada ao Choque – No fim da tarde de ontem, o comandante do Batalhão de Choque, tenente-coronel Rigoberto Rocha, deu coletiva de imprensa para informar que militares haviam prendido o suspeito. O mandado de prisão foi expedido por volta do meio-dia, conforme apurado pelo Campo Grande News.

De acordo com o militar, ao ser abordado por policiais do Choque, dirigindo um caminhão na Avenida Ministro João Arinos, Fabiano Sanches teria admitido ser o assassino de Amalha “imediatamente”. Explicou que havia convidado a corretora para dar golpe em um seguro, mas ela negou e por isso, acabou morrendo.

Rocha afirmou que o Fabiano foi identificado durante as investigações, mas sem dar detalhes. “No local, ele relata que propôs que os dois dessem o ‘golpe do seguro’ usando o carro da vítima, um Jeep Renegade”. A ideia, provavelmente, era comunicar falso furto do veículo, levar para o outro lado da fronteira, vender e também conseguir o dinheiro do seguro.

Como Amalha disse não, Fabiano diz que os dois discutiram e ele passou a agredir a corretora. Depois de algum tempo, o caminhoneiro afirma que colocou Amalha dentro do próprio carro e a levou para a região do porto seco, onde continuou batendo na vítima com um pedaço de pau. Quando ela estava enfraquecida, ainda conforme relatado pelo homem ao Choque, ele a colocou no porta-malas do Jeep Renegade e seguiu por alguns metros.

Retirou a vítima do carro e os dois lutarem, contou Fabiano. Foi então que ele deu o golpe fatal e arrastou o corpo até perto da árvore onde foi encontrado. Aos militares, ele afirmou ainda que saiu do local com o Jeep da corretora e passou o veículo para outra pessoa, ainda não identificada.

Familiares de Amalha comemoraram prisão, aplaudindo Batalhão de Choque na tarde desta sexta-feira (24) (Foto: Alex Machado)
Familiares de Amalha comemoraram prisão, aplaudindo Batalhão de Choque na tarde desta sexta-feira (24) (Foto: Alex Machado)

(*) Colaborou Ana Beatriz Rodrigues. 

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Nos siga no Google Notícias