Assassino de Francielli surpreende ao confessar morte, mas nega tortura
Criminoso elencou várias justificativas para ferimentos, entre auto-agressão, diabetes e tratamento para AVC
Durante depoimento de aproximadamente uma hora, prestado à Justiça na tarde de hoje (9), Adailton Freixeira da Silva, de 46 anos, surpreendeu até o próprio advogado ao confessar a que matou Francielli Guimarães Alcântara, de 36 anos, ao contrário do que vinha afirmando desde o início das investigações. No entanto, o acusado negou que tivesse torturado por um mês e mantido em cárcere privado a mulher com quem vivia.
Na versão do soldador, a briga entre o casal aconteceu porque a vítima queria que a filha voltasse a morar na casa, contrariando decisão Adailton que havia expulsado a jovem há 3 anos. Durante o desentendimento, ele alega ter pegado e apertado o pescoço de Fracielli. "Quando peguei no pescoço dela ela caiu na cama. Coloquei a cabeça dela no travesseiro, chamei meu filho e liguei para o Samu", afirmou.
Questionado se matou a esposa, o acusado declarou que nem a defesa esperava. "Pelo o que estão falando eu matei sim", disse.
Sobre as diferentes lesões encontradas no corpo de Francielli, Adailton enumerou uma série de justificativas. Afirmou que a vítima "tinha surtos, puxava os próprios cabelos e batia a cabeça na parede", também alegou que a diabetes e tratamento para AVC eram as causas de muitos ferimentos. "Ela não queria ir ao posto para tratar e ru era quem fazia os curativos", declarou.
Até para as marcas no pescoço Adailton deu versão diferente do que apresentado no decorrer das investigações. Ao juiz, falou que a mulher havia tentado se matar dias antes usando uma corda. Afirmou também que os dentes quebrados na boca de Fracielli foram em razão de uma queda no banheiro. "Não dei choque, nem bati, nem arranquei o dente dela. Ela não morreu por ação minha, morreu porque teve AVC, tomava remédio controlado", considerou.
Na saída da audiência, o advogado Caio Moura, que representa Adailton, comentou sobre o depoimento do soldador. “A defesa foi pega de surpresa com a possível confissão e isso terá de ser esclarecido na próxima fase, que é o plenário e a intenção é afastar as qualificadoras, que é o que sobrou”, pontuou.
Tortura e morte - A Polícia Civil em Campo Grande, apurou que Adailton manteve a mulher em cárcere e sob tortura durante 27 dias. Durante esse período, Francielli foi torturada com choques, pancadas na cabeça, teve perfurações pelo corpo e os dentes quebrados, além do cabelo cortado pelo marido.
A sessão de tortura terminou em morte por estrangulamento, no dia 26 de janeiro, no Portal Caiobá. Adailton fugiu da Capital, mas foi encontrado na rodoviária de Cuiabá cinco dias depois.