Avenida Bandeirantes vira "pista de corrida" e comerciantes pedem radares
Comerciantes e morador reclamam que placas e semáforos não conseguem coibir imprudências
A placa de sinalização que limita a 50 km/h a velocidade para quem transita na Avenida Bandeirantes, em Campo Grande, era desrespeitada antes mesmo de ser ironicamente "arrancada" por um carro do modelo Saveiro que ultrapassou a marca e bateu no muro de um imóvel comercial neste sábado (27). O acidente custou a vida do motorista, um homem de 69 anos.
O que parece obrigatório na via é ultrapassar o limite permitido, e não o contrário. Paulo José da Silva, 53, é proprietário da loja atingida pelo veículo no fim de semana e testemunha disso. "Guardei a placa de velocidade que o condutor quebrou aqui dentro da minha loja e estou esperando a Agetran (Agência Municipal de Trânsito) pegar e colocar de volta. A sinalização diz que não pode passar dos 50, mas ninguém anda abaixo dessa velocidade", diz.
Ele acredita que a via tem características que "convidam" os condutores a ignorar as normas de trânsito. "É uma rua larga e são bem longos os espaços entre os semáforos. O pessoal corre mesmo. Se parar aqui e olhar agora, você vai ver até ônibus e caminhão correndo".
Paulo compara a Bandeirantes à Avenida Marechal Deodoro. "Lá o pessoal segura mais [a velocidade] porque é uma rua estreita. Aqui na Bandeirantes, é 'só Deus na causa', porque não respeitam", reclama.
A sugestão é que os órgãos de trânsito instalem um radar eletrônico para combater a imprudência e reforcem a sinalização com mais quebra-molas. "Também deveria ter mais campanha. Vejo pouca propaganda nesse sentido", pede Paulo José.
Pista de corrida - No horário de pico dos dias úteis da semana, é perigoso atravessar ou conduzir, e aos finais de semana, também. O aposentado Carlos Pires, 67, mora no Bairro Nova Bandeirantes, que fica na região, e reclama da Avenida Bandeirantes ter virado "pista de corrida".
"Tem um pessoal que amanhece bebendo nos bares e restaurantes do Trevo Imbirussu e 'desce' para cá no fim de semana. A pé ou de carro, é um loucura passar por aqui, porque virou 'pista de corrida' aparentemente", relata o aposentado.
Ele mesmo já acabou se envolvendo em um acidente. "Semana retrasada, um motociclista bateu na traseira do meu carro, mesmo eu dando a seta e reduzindo para virar no posto de gasolina", conta. Carlos comenta, ainda, que costumava andar de bicicleta na avenida, mas abandonou o hábito. "Moro aqui há muitos anos. Antes andava de bicicleta antes, agora não", conta.
Todos os trechos - Proprietária de uma loja de bolos aberta há 10 meses na Avenida Bandeirantes, Simone Almeida, 42, se assusta diariamente com o que vê. "Não tem um trecho aqui da rua que o pessoal anda devagar. Eles correm em todo lugar para pegar os semáforos verdes e pegar o embalo. Muitos 'furam' o sinal. É difícil você conseguir acessar a via principal pelas laterais, atravessar. Vejo muito motoqueiro ser 'fechado' pelos carros", descreve.
Simone presenciou uma idosa ser atropelada no local. "Ela estava atravessando na faixa de pedestre, estava certa, mas ninguém para para alguém atravessar. A pessoa tem que esperar a rua ficar vazia", afirma.
Assim como Paulo José, ela sugere implantar radares de velocidade. "Porque semáforo e placa ninguém respeita", finaliza a comerciante.
Corredor de ônibus - Simone e Paulo também observam motoristas e motociclistas invadindo constantemente o corredor de ônibus construído no trecho da Avenida Bandeirantes.
Comerciantes da região se reuniram no início deste mês para pedir a retirada do espaço exclusivo devido à obra estar inacabada e ter provocado vários acidentes. O Campo Grande News falou sobre a reivindicação aqui.
Radares - Questionada sobre a previsão de reforçar a sinalização e instalação de radares na Avenida Bandeirantes para coibir o excesso da velocidade, a Prefeitura de Campo Grande afirmou em nota que "de acordo com a resolução, não há viabilidade para implantação de redutores em corredores de transporte coletivo".
Estudos técnicos poderão tornar isso possível, no entanto. "Devido ao dinamismo do trânsito, a implantação de novos equipamentos eletrônicos pode acontecer, desde que estudos técnicos indiquem a necessidade", continuou.
Sobre as obras inacabadas do corredor de ônibus, o Executivo afirmou que faltam alguns detalhes: "faltam executar as ilhas e implantar as estações sobre elas. Já está licitado e contrato assinado. Ordem de serviço será dada nos próximos dias", pontuou.