Avô insistiu para que neta não saísse no dia que destino dela foi o fim
Um domingo que podia ser apenas mais um, de brincadeiras e felicidade como qualquer outro, mas acabou marcado pelo desespero de perder a neta de 10 anos. Em meio a esse turbilhão, quem fica lamenta não ter conseguido evitar a tragédia inesperada, mas que parecia anunciada.
"Hoje mesmo tinha falado para ela não sair de casa", revela Osvaldo Esteves, de 53 anos, avô da pequena Rafaela Ulhmann Delgado, de 10 anos, e que morreu afogada na tarde deste domingo (8) na "prainha" do Rio Anhanduí, que corta o Jardim Colorado - bairro localizado na região sul de Campo Grande.
Metade da curta vida de Rafaela foi ao lado apenas dos avôs maternos, que tinham a guarda da menina há cinco anos. A mãe dela está presa, enquanto o paradeiro do pai é desconhecido por Osvaldo.
"Ela [Rafaela] estava na quarta série, era uma menina estudiosa e gostava de brincar como qualquer outra criança", conta o avô, ainda em choque diante do ocorrido e sem aceitar a morte da neta.
E assim, como qualquer outra criança, Rafaela saiu para brincar no rio, mesmo contra a vontade do avô Osvaldo. "Tinha uma menina que sempre a chamava, e ela ia, não adiantava eu falar que não".
O desfecho trágico de Rafaela foi o mesmo de várias crianças da periferia, em situações diferentes ou semelhantes, e poderia ter sido também a das outras duas crianças - uma delas tia da vítima - que estavam com ela. Uma, vizinha de Rafaela, ao perceber o afogamento, tentou salvar a amiga e quase se afogou junto.
"A Rafaela estava suja de barro e foi se lavar. Falamos para ela não ir, mas ela foi mesmo assim. Só que ela demorou para voltar e fomos atrás ver e vimos ela se afogando", conta amiga da vítima, que continua. "Eu entrei no rio para tentar puxar ela do fundo, mas comecei a me afogar, bebi muita água e desisti"
Os primeiros atendimentos foram feitos por uma unidade avançada do Corpo de Bombeiros, mas logo o óbito foi constatado. Um outro tio da garota, que não teve o nome divulgado, foi um dos primeiros familiares a chegar ao local, e logo depois, uma irmã de Rafaela com pouca diferença de idade, reconheceu o corpo.