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Capital

Bandidos do PCC assumem execução e até gravam recado a organização rival

Três foram presos por esquartejar rapaz de 22 anos em ação filmada e divulgada nas redes sociais

Marta Ferreira e Guilherme Henri | 20/08/2017 11:18
Os três presos por esquartejar rapaz de 22 anos (Foto: Marcos Ermínio)
Os três presos por esquartejar rapaz de 22 anos (Foto: Marcos Ermínio)

As facções criminosas que agem em Mato Grosso do Sul estão perdendo todos os limites, filmando execuções, divulgando nas redes sociais e usando isso como forma de impor medo aos seus adversários. Neste domingo de manhã, durante apresentação à imprensa, dois suspeitos de participar de uma execução na semana passada, em Campo Grande, não apenas assumiram autoria do crime: eles confirmaram que foi a mando do PCC (Primeiro Comando da Capital) e ainda, aproveitando a presença dos jornalistas no local e as filmagens, mandaram recado para o CV (Comando Vermelho).

“O Comando Vermelho não tem vez com nós, não tem vez na Capital. O verdadeiro crime é o 15.3.3”, afirma um deles, na gravação, em alusão ao número que indica as iniciais do PCC. As facções são inimigas e têm origem distintas: o PCC veio dos presídios de São Paulo e o CV das penitenciárias do Rio de Janeiro. Se espalharam pelo país, e por Mato Grosso do Sul, com a troca de presos entre as unidades prisionais e também com a atuação das quadrilhas nas regiões fronteiriças, em buscas de drogas, armamento e ainda por meio da lavagem de dinheiro.

O delegado responsável pelo caso, Hoffman D'villa, disse que as investigações mostraram um ‘entrevero’ entre as duas organizações criminosas. De acordo com ele, o recado dos homens presos é mais uma tentativa de demonstrar o quanto estão organizadas as facções, porém não se enquadra em nenhuma categoria criminal.


Sobre o crescimento das ações dos criminosos do PCC e do CV, o delegado disse que o enfrentamento está sendo feito e a prova disso são as prisões realizadas após a execução de Fernando Nascimento dos Santos, de 22 anos, que foi filmada e divulgada nas redes sociais. “A Polícia Civil de MS não vai permitir à organização criminosa criar raízes em Mato Grosso do Sul”, declarou.

"Isolado"

Em relação ao recado dos presos, gravado pelos repórteres presentes, disse que pode haver um ato isolado de retaliação, “não uma ação orquestrada”. Tudo, segundo ele, está sendo observado. “Nós vamos combater qualquer tipo de delito, sem temor, principalmente protegendo a sociedade”.

O delegado comentou que a frieza dos homens presos indica um comportamento ‘psicopata’ e comentou que, entre os envolvidos, há a expectativa de, chegando no presídio, conseguir uma “posição” melhor na hierarquia do PCC. Chama a atenção a idade deles: são todos jovens, abaixo dos 25 anos. Um deles, apontado como o mais agressivo, tem apenas 18 anos. Para eles, filmar a morte de um inimigo funciona como uma espécie de prêmio dentro da estrutura da facção.

Ao todo, foram presas seis pessoas, a partir da investigação. Três são apontadas como envolvidas diretamente na execução de Fernando Nascimento e outras três foram presas por tráfico de drogas. Todos estavam em uma boca de fumo, consumindo drogas, segundo a polícia. As mulheres foram liberadas e o homem, Paulo Danilo Correa da Silva, foi preso porque já tinha mandado de prisão, no Mato Grosso, por uma condenação a 20 anos, por roubo. No local onde estavam, no bairro Moreninhas, havia maconha e cocaína.

Os presos pela execução são Uesley de Oliveira Rodrigues, o "Mascote", 23 anos, Wellington Ferreira de Souza, o "Dedinho", 24 anos, e Danilo Richeli da Silva Fernandes, conhecido como "Mil Grau", de 18 anos. Eles estão em celas da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário), do bairro Piratininga e devem ser transferidos ao Ptran (Presídio de Trânsito), no complexo penal da saída para Três Lagoas.

Assista ao vídeo:

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