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Capital

Bebê resiste há um mês em ventre de grávida com morte cerebral

“Peço para ela acordar, falo para meu sobrinho cutucar bastante para ela acordar", conta irmã

Aline dos Santos | 02/03/2017 10:53
Marido de Renata, Eduardo decidiu levar à frente maior sonho da esposa: ser mãe. (Foto: Marcos Ermínio)
Marido de Renata, Eduardo decidiu levar à frente maior sonho da esposa: ser mãe. (Foto: Marcos Ermínio)
Renata teve morte cerebral em 30 de janeiro e gravidez prossegue. (Foto: Facebook)
Renata teve morte cerebral em 30 de janeiro e gravidez prossegue. (Foto: Facebook)

Uma cabeça com morte cerebral e um ventre onde resiste um milagre da vida chamado Yago. O paradoxo que parece enredo de folhetim é a vida real da família de Renata Souza Sodré, 22 anos.

Até 27 janeiro de 2017, a rotina seguia nos conformes: o sonho de ser mãe crescia numa gestação de cinco meses, o desejo de “mexer” com comida tomava forma num trailer de lanches na rua de casa e, mais uma vez, tinha voltado do trabalho como serviços gerais.

Contudo, numa rápida evolução, sentiu fortes dores na cabeça, desmaiou no caminho para o posto de saúde, foi transferida para a Santa Casa de Campo Grande com diagnóstico de AVC (Acidente Vascular Cerebral) e teve morte cerebral confirmada em 30 de janeiro.

Os médicos sinalizaram que a gestação poderia ser levada adiante e nasceu então a torcida para que o menino sobreviva, no corpo da mãe, pelo menos até a 28ª semana, que corresponde a sete meses. Um mês já foi vencido. E a família vive entre a dor da despedida e a espera por um milagre.

“Peço para ela acordar, falo para meu sobrinho cutucar bastante para ela acordar. Tenho fé. Não acredito que ela faleceu, creio no Deus do impossível”, diz a irmã Adrielli de Souza Avalos dos Santos, 20 anos.

Ela conta que se sente na missão de zelar pelo sobrinho, numa forma de retribuir pela ajuda prestada pela irmã nos cuidados com sua filha de dois anos, que é especial.

Marido de Renata, Eduardo Noronha, 25 anos, conta que a esposa nem sabia o sexo da criança, pois, na última vez que ela pôde acompanhar o exame, não foi possível saber se viria menino ou menina. Porém, ela já havia escolhidos os nomes.

“Tenho que ser forte. Porque há todas possibilidades e riscos. Pode não dá certo, nascer uma criança especial. Mas decidi porque o maior desejo dela era se mãe”, diz. Entre namoro e casamento, foram oito anos de relacionamento.

De férias do trabalho, ele conta que a família se organiza para poder ver a paciente, internada no CTI (Centro de Terapia Intensiva), três vezes por dia. Vivendo um período turbulento, ele agradece a ajuda dos amigos, familiares e dos anjos, como chama a equipe da Santa Casa. “Dão toda a atenção do mundo”, diz, enquanto a frase se faz acompanhar por lágrimas.

Na dor de ver a filha partir e a esperança de ver o neto chegar, a diarista Adriana de Souza Alves, 44 anos, conta que reúne as forças para manter o outro desejo de Renata vivo: o trailer de lanches no bairro Vivendas dos Parque, onde moram. A expectativa dos médico é levar a gravidez o maior tempo possível. Depois, os aparelhos serão desligados.

Adriana, Adrielli e Eduardo se revezam nas visitas e e compartilham drama. (Foto: Marcos Ermínio)
Adriana, Adrielli e Eduardo se revezam nas visitas e e compartilham drama. (Foto: Marcos Ermínio)
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