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Capital

Bernal pode perder R$ 67 milhões e não busca bancada por emendas

Lidiane Kober | 14/10/2013 08:26
Prefeito não apresenta projetos e cidade pode ficar sem repasse federal para obras e projetos (Foto: Cleber Gellio/Arquivo)
Prefeito não apresenta projetos e cidade pode ficar sem repasse federal para obras e projetos (Foto: Cleber Gellio/Arquivo)

Por falta de projetos e documentação, o prefeito Alcides Bernal (PP) corre o risco de perder cerca de R$ 67,5 milhões em investimentos para Campo Grande. O recurso é proveniente das emendas emplacadas por parlamentares no Orçamento da União de 2013. Ao contrário de outros prefeitos, Bernal também ignorou a bancada federal na busca por emendas para acrescentar ao orçamento de 2014.

No ano passado, o deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM) conseguiu emplacar R$ 700 mil para aquisição de uma máquina para gerar filmagens de longa metragem. O equipamento, primeiro do Estado, seria destinado à Fundação Municipal de Cultura.

“Em fevereiro, fui à prefeitura com o pessoal do cinema para conversar sobre o projeto a ser encaminhado para garantir a emenda, ficamos duas horas a espera do prefeito e não conseguimos resolver o impasse”, relatou Mandetta. Sem o projeto e sem a documentação necessária “para amarrar a verba”, ele ficou preocupado e mudou o destino da emenda para a Fundação Estadual de Cultura.

“Fui até o Américo Calheiros (secretário estadual) e, em pouco tempo, ele encaminhou o projeto, necessário para amarrar a emenda e conseguimos o recurso federal”, contou o parlamentar.

De autoria do deputado federal Fábio Trad (PMDB), a Capital corre o risco de perder R$ 1,890 milhão para asfaltar os bairros Paulo Coelho Machado e Santa Luzia. “Até agora, a prefeitura não mandou projeto e nem a documentação, necessária para liberar a emenda”, disse o parlamentar.

Por outro lado, de acordo com a assessoria técnica do deputado, 80% das outras prefeituras já encaminharam todo o material para assegurar o repasse antes que o ano termine e o orçamento de 2014 entre em vigor. Segundo os profissionais, a maioria se apressa em enviar os dados e projeto com medo de perder o investimento.

O senador Delcídio do Amaral (PT) e o deputado federal Antônio Carlos Biffi (PT), além do deputado estadual Marçal Filho (PMDB) conseguiram emplacar R$ 47 milhões no Orçamento da União de 2013 para construir o Hospital Municipal de Campo Grande. Até agora, a prefeitura também não apresentou projeto e nem documentação para agilizar o processo de liberação do recurso.

Aliado de Bernal, Biffi minimizou o atraso. “Não é preciso necessariamente entregar o projeto até o final do ano”, disse. Para ele, o mais importante é empenhar a verba. “No Brasil, tem dinheiro para obras, mas faltam projetos, porque se gasta um fortuna para elaborá-los. Então, de nada adianta fazer a proposta, se, depois, não vamos conseguir empenhar a emenda”, justificou.

Também via articulação do petista, por meio do Ministério da Educação, Campo Grande corre o risco de perder outros R$ 18 milhões para construir nove Ceinfs (Centros de Educação Infantil). Neste caso, o problema é a falta de terrenos para construir as escolas.

Conforme Biffi, a administração municipal tem até 30 de outubro para conseguir uma área com água e luz. “Conversei com o pessoal da prefeitura e eles informaram que estão atrás dos terrenos”, relatou o parlamentar.

Ao contrário dos colegas de bancada, o deputado federal Reinaldo Azambuja (PSDB), deverá conseguir emplacar emenda de R$ 1,3 milhão para comprar equipamentos a postos de saúde. “O secretário de Saúde (Ivandro Fonseca) me procurou, cadastramos o projeto e a proposta vai para empenho”, afirmou.

Sem diálogo – O tucano também foi o único procurado por Bernal para marcar diálogo a fim de discutir emendas ao orçamento da União de 2014. “Há duas semanas, conversei com ele, que informou intenção de ir a Brasília para conversar sobre emendas”, relatou.

Por outro lado, os deputados Geraldo Resende (PMDB), Akira Otsubo (PMDB), Biffi, Mandetta, Fábio Trad e os senadores Waldemir Moka (PMDB) e Rubens Figueiró (PSDB) foram ignorados pelo prefeito e receberam no máximo contato de secretários.

“Em média, três prefeitos passam pelo meu gabinete em Brasília em busca de recursos, mas até agora o prefeito de Campo Grande não me procurou”, contou Moka. “No fim da eleição, me coloquei à disposição dele, estou aqui para trabalhar para todos”, completou.

Figueiró também se ofereceu para ajudar Bernal, assim que assumiu o lugar de Antônio Russo (PR). “Até agora, ele não me pediu nada, mas tenho mantido um relacionamento cordial com ele, porque essa é minha obrigação: trabalhar para o Estado, independentemente de partidos ou de facções políticas”, comentou.

Sem o sinal da prefeitura, o senador, inclusive, vem mantendo contato com instituições para destinar recursos à Capital via emendas. “Vou ajudar a Santa Casa e o Hospital do Câncer”, revelou. Da mesma forma, estão atuando Mandetta, Geraldo e Fábio Trad. “Não vou deixar Campo Grande não mão, vamos destinar verbas a entidades, como à Santa Casa”, citou o deputado pelo DEM.

Entre os secretários, Semy Ferraz (Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação) é o que tem mais mantido contato com a bancada federal. Ele pediu ajuda pelo menos para Biffi e Moka. Fábio Trad, por sua vez, foi procurado pelo Diretor-Presidente da Fundação Municipal de Cultura, Julio Cesar Cabral.

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