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Capital

Caixa Econômica volta a pedir reintegração de casas invadidas no Celina Jallad

Flávia Lima | 19/01/2016 14:01
As 1498 moradias do residencial já foram entregues, mas algumas unidades ainda contam com invasores. (Foto:Marcos Ermínio)
As 1498 moradias do residencial já foram entregues, mas algumas unidades ainda contam com invasores. (Foto:Marcos Ermínio)

Famílias que há pelo menos um mês invadiram unidades do residencial Celina Jallad, no Portal Caoibá, na Capital, foram notificadas na manhã desta terça-feira pela Caixa Econômica Federal para deixarem os imóveis dentro de cinco dias. Desde o segundo semestre de 2015 a Caixa vem retomando judicialmente os imóveis invadidos no Residencial.

Caso descumpram a ordem, elas correm o risco de serem expulsas sob força policial. Segundo algumas famílias que conversaram com o Campo Grande News, o clima chegou a ficar tenso no momento em que representantes da Caixa chegaram ao local, acompanhados por segurança particular, já que alguns dos contemplados também acompanharam a ação.

Nervosa, a diarista Mirian dos Santos, que há 15 dias ocupa uma casa na Rua Luis Paganini, disse que soube que havia casas desocupadas no local através da irmã, que foi contemplada em dezembro e já mora no residencial desde o dia 23.

“Acho que quem realmente precisa não demoraria tanto para pegar sua chave”, diz Mirian, que tem três filhos com idades entre 12 e 17 anos e afirma não ter para onde ir, caso seja despejada.

Com uma renda semanal de R$ 80,00, fruto das faxinas que faz, ela conta que fez inscrição na EMHA (Empresa Municipal de Habitação) há três anos e precisou sair da casa em que morava após terminar o casamento. “Estou sozinha com meus filhos.

Não tenho ninguém que possa me ajudar. Se for expulsa, vou ter que procurar outra unidade vazia para ficar até ser sorteada”, ressalta.

O mesmo drama é vivido pela manicure Alaine Saldanha Braga, que também foi notificada a deixar o imóvel, na Rua Alfredo Gaspar. Mãe de cinco filhos, com idades entre 12 anos e um bebê de oito meses, ela também afirma não ter outro local para levar a família, já que foi despejada da casa onde morava devido ao reajuste do aluguel.

No momento em que foi notificada, Alaine disse que viu uma mulher que parecia ser a dona do imóvel, gritando para que ela saísse da casa. “Eu soube que a primeira pessoa contemplada recusou o imóvel porque as casas são geminadas, então decidi entrar para ver se conseguia regularizar minha situação”, diz.

Já o pedreiro Marcio Menezes de Macedo diz estar preocupado com a situação da sogra, que também invadiu uma das unidades depois que foi despejada com a filha especial. As duas vivem com uma renda de R$ 700,00 e apesar de ter assinado a notificação, o pedreiro espera regularizar a situação das duas, evitando o despejo.

Depredações- As famílias que invadiram as unidades alegam que a maioria dos imóveis desocupados sofreu depredações devido a demora das pessoas que pegaram as chaves em dezembro, em mudar para o residencial.

Eles ressaltam que é comum as reclamações referentes a ação de vândalos e usuários de drogas, que entram nas casas e quebram louças sanitárias e furtam fiação elétrica.

Segundo a assessoria da Caixa, geralmente as famílias se mudam para as unidades no mesmo dia da assinatura dos contratos e quando há desistência do imóvel, o processo de escolha de uma família substituta ocorre imediatamente.

Ainda de acordo com a assessoria, as depredações acontecem quando a família demora para pegar as chaves.
Foi o caso da assistente de fotógrafo Silvana Rodrigues Vieira, que nesta terça-feira pegou as chaves de sua casa.

Como estava trabalhando em Terenos, ela não pode vir à Capital pegar as chaves no mês passado, quando a última etapa do residencial foi entregue.

No entanto, assim como aconteceu com outras famílias, a casa havia sofrido ação de vândalos, mas Silvana disse que o representante da empreiteira responsável pela obra já havia relacionado os problemas para providenciar os consertos.

Obra – A primeira fase do residencial foi entregue em agosto do ano passado, totalizando 688 moradias. O empreendimento todo tem 1.498 moradias e representa um investimento de R$ 73,4 milhões, dos quais R$ 2,69 milhões foram contrapartida do governo estadual e a doação do terreno ficou a cargo da prefeitura.

Os contemplados passaram pelo processo de seleção exigido pelo Programa Minha Casa Minha Vida. No entanto, cerca de 50 unidades foram invadidas antes que os contemplados efetuassem a mudança, obrigando os sorteados a buscar ajuda na Defensoria Pública.

De acordo com a assessoria da Caixa, é preciso aguardar o final do processo judicial para ingressar no imóvel.

Mãe de cinco filhos, Alaine Braga diz não ter para onde ir. (Foto:Marcos Ermínio)
Mãe de cinco filhos, Alaine Braga diz não ter para onde ir. (Foto:Marcos Ermínio)
Silvana Vieira recebeu as chaves de sua casa nesta terça-feira e já agilizava a mudança. (Foto:Marcos Ermínio)
Silvana Vieira recebeu as chaves de sua casa nesta terça-feira e já agilizava a mudança. (Foto:Marcos Ermínio)
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