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Capital

Caravana inverte lógica da saúde: pacientes do interior são bem-vindos

Amanda Bogo | 17/05/2016 17:11
Pacientes aguardam área de cadastramento da Caravana da Saúde (Foto: Fernando Antunes)
Pacientes aguardam área de cadastramento da Caravana da Saúde (Foto: Fernando Antunes)

O sorriso no rosto de Antônio Alves, 61 anos, mostra que valeu a pena viajar os 103 km que separam Ribas do Rio Pardo da Capital, e reflete o alívio de quem aguardava há três anos pela cirurgia de catarata no olho direito. Ele, assim como outros pacientes, viajaram do interior do Estado para ser atendido na etapa de Campo Grande da Caravana da Saúde, realizada no centro de convenções Albano Franco.

Na Caravana, inverte-se uma lógica de muitos anos para justificar problemas no setor: a de que o excesso de demanda é causado pela demanda vinda do interior do Estado. No mutirão, quem vem do interior é bem-vindo.

A viagem de Antonio começou às três horas, quando ele e os outros 122 pacientes saíram de Ribas. Chegaram às cinco na Capital e aguardaram até às oito para ter acesso ao espaço onde é feito o cadastro. Mesmo com a demora, o produtor de hortifruti afirmou que a espera valeu a pena.

Antônio diz estar contente com fim da espera pela cirurgia, que durou três anos (Foto: Fernando Antunes)
Antônio diz estar contente com fim da espera pela cirurgia, que durou três anos (Foto: Fernando Antunes)

Enquanto conversava com a equipe do Campo Grande News, Antônio mostrava um exame de 2013 que apontava a necessidade de uma cirurgia de catarata. “Espero há três anos, sempre correndo atrás, e a cirurgia era sempre adiada. Finalmente vou conseguir fazer ”, contou, completando estar feliz com o atendimento recebido. “Tudo foi maravilhoso”. Ele fará o procedimento na próxima sexta-feira (20).

Na manhã desta terça-feira (17), três ônibus saíram de Ribas do Rio Pardo para trazer pacientes à Caravana da Saúde. No total, 123 pessoas vieram para fazer as consultas e passar por cirurgias. Tânia Maria Ferreira Dias, funcionária pública que foi designada para acompanhar os pacientes na viagem, ressaltou ser o quarto dia que ela vem a Capital para a Caravana.

Ela não soube dar uma média de quantos pacientes do município fizeram a viagem até hoje, mas afirmou que os ônibus sempre saem de Ribas lotados. “Oito funcionários vieram para acompanhar os pacientes, que procuraram a secretaria da saúde do município para demonstrar o interesse em vir. O transporte e a alimentação deles são por conta da prefeitura”, explicou.

Após 10 anos da primeira cirurgia, Eliza realizou a segunda na Caravana da Saúde (Foto: Fernando Antunes)
Após 10 anos da primeira cirurgia, Eliza realizou a segunda na Caravana da Saúde (Foto: Fernando Antunes)

Pacientes de outras cidades também passaram por procedimentos médicos hoje. A trabalhadora rural Eliza Alves Pinheiro da Luz, 57, veio acompanhada da filha e teve o olho direito operado na manhã desta terça-feira. Ela e outras 15 pessoas de Chapadão do Sul, distante 321 km de Campo Grande, foram atendidas na Caravana. Em 2015, ela havia operado o olho esquerdo, após aguardar 10 anos para realizar o procedimento. 

Quando soube da oportunidade de vir até a Capital, com uma van disponibilizada pelo município onde mora, não pensou duas vezes. “Se eu não tivesse vindo agora, esperaria mais 10 anos para fazer a outra cirurgia. É muito caro, não tenho plano de saúde. Não conseguiria pagar por ela”, desabafou.

A aposentada Luzia da Paixão, 74, também de Chapadão do Sul, veio acompanhada de Rosa Maria de Souza Pereira, 49, e realizou a cirurgia no olho direito. Ela aguardava há nove meses uma oportunidade de realizar o procedimento.

Sem condições de passar a noite em Campo Grande, as duas mulheres retornam para Chapadão, onde ficam cerca de duas horas e pegam novamente o ônibus para a Capital. “Não trouxemos roupa para passar a noite. Vamos lá tomar um banho e voltamos para que eu faça a consulta do olho esquerdo. Mesmo com a distância, valeu muito vir até aqui”, disse a aposentada.

Rosa finalizou elogiando a qualidade do atendimento recebido pelos pacientes na Caravana. “É um trabalho maravilhoso. As pessoas que nos receberam foram muito educadas. Quantos não estariam cegos em um ano se não fosse a caravana”, indagou.

Luzia após fazer a cirurgia que aguardou nove meses (Foto: Fernando Antunes)
Luzia após fazer a cirurgia que aguardou nove meses (Foto: Fernando Antunes)
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