Caro e sem demanda, veículo leve sobre trilhos é inviável na Capital
Caro e sem demanda, o projeto de instalação de um VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) é inviável na Capital. No início de agosto deste ano, a equipe do prefeito Alcides Bernal (PP) pediu a presidente Dilma Rousseff (PT) R$ 380 milhões para viabilizar o sistema de transporte a fim de unir a região do Terminal Guaicurus ao Aeroporto Internacional de Campo Grande.
O plano é aproveitar os trilhos de antigo trajeto de trem para realizar a obra em 13 quilômetros. A vantagem residiria no fato de não precisar desapropriar a área, mas o problema é o alto custo do investimento. Estudos indicam gastos entre R$ 40 milhões a R$ 50 milhões por quilômetro. Além disso, o preço do trem seria altíssimo.
Segundo técnicos consultados pelo Campo Grande News, o VLT “é fora da realidade da Capital” por mão existir volume de passageiros. Por ser bem mais barato, a Prefeitura do Rio de Janeiro, por exemplo, optou por instalar corredores de ônibus, conhecido em Curitiba (PR) como BRT (Bus Rapid Transit), para interligar a região da Barra da Tijuca à Zona Sul.
Por dia, usam o sistema de transporte na Barra 220 mil passageiros. “Campo Grande toda tem R$ 200 mil usuários”, informou um técnico no setor, que pediu para não ser identificado. A região com maior fluxo seria a do Bairro Aero Rancho, com cerca de seis mil passageiros por dia,
Responsável pela elaboração do Plano Diretor da Capital, o engenheiro civil, especialista em trânsito, Antônio Carlos Marchezetti, disse que Campo Grande comporta BRTs, três a quatro vezes mais barato do que os VLTs. Um deles, inclusive, foi instalado na cidade.
“No Brasil, não temos nenhuma experiência de VLT. Cuiabá (MT) está construindo um, considerado uma incógnita e que está custando duas vezes mais do que o previsto”, comentou.
Ainda sobre Campo Grande, ele explicou que a cidade está em fase de crescimento com regiões se consolidando. “O VLT não tem a mesma flexibilidade do BRT, portanto, você pode construí-lo em uma região que, futuramente, não terá mais a mesma demanda”, ponderou Marchezetti.
Além disso, a velocidade máxima do transporte é de 20 quilômetros por hora. “Se parar de esquina em esquina, a velocidade não passa de 10 quilômetros por hora. Quem vai querer andar nessa velocidade, até um corredor maratonista corre mais rápido”, comparou o engenheiro civil.
Ele frisou ainda que a manutenção do sistema de transporte exige tecnologia sofisticada e exige altos investimentos. “Quem vai pagar para manter o custo?”, questionou. “Nas manifestações, os usuários deixaram claro não aceitar mais tarifas altas, então, a prefeitura vai bancar?”, emendou. “O certo é manter uma discussão técnica muito séria sobre o assunto”, finalizou Marchezetti.
Sepultado - O projeto foi revelado pela presidente da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), Kátia Castilho, durante reunião com os vereadores na Câmara Municipal. No entanto, ela não divulgou os pontos positivos da proposta, já que o mesmo projeto tentou ser implementado na gestão anterior, de NelsonTrad Filho (PMDB), e acabou sendo sepultado por ser inviável.
O principal problema é o alto custo e a baixa demanda para o este tipo de transporte. Por isso, a Agetran já tinha optado pelos corredores de ônibus.
O Campo Grande News apurou que o projeto divide a equipe de Bernal. Enquanto parte quer aproveitar os R$ 50 bilhões destinados para Mobilidade Urbana pela presidente Dilma, outra avalia que a proposta pode se transformar em um elefante branco, caro e inútil.