Casa que virou cativeiro após sequestro no Itanhangá fica na região da Guaicurus
Edícula inacabada fica ao lado de várias casas, mas vizinhos dizem que não perceberam nada incomum
Imóvel utilizado como cativeiro durante sequestro na madrugada deste domingo fica na Rua Delfino Sanches, no Jardim Pacaembú, região da Avenida Guaicurus, em Campo Grande. Apesar de região bastante habitada, os vizinhos dizem não ter percebido nada de incomum entre a noite de ontem e a madrugada de hoje (19). Mas todas as pessoas ouvidas pelo Campo Grande News chamam o morador do lugar de "estranho".
Duas mulheres que pediram para não ter os nomes divulgados, por questão de segurança, contam que sempre viam um Gol preto estacionado em frente à casa, que tem muro e um portão de correr que esconde o interior do imóvel. Mas nenhuma teve maior contato com o responsável, garantem. "A gente só conhece como Fábio".
Outra vizinha diz que ficou surpresa em saber do sequestro. "Só vi hoje a polícia ai, mas nem conheço o morador. Fico trancada dentro de casa porque aqui é perigoso", justifica.
No lugar, uma edícula de alvenaria inacabada, de cerca de 40 metros quadrados, dividida em quarto e sala, tudo está revirado. A polícia civil passou pelo local e, aparentemente, fez buscas de algo que levasse a identificação dos assaltantes.
Um lençol virou cortina na janela e entre o pouco mobiliário está cama box tombada, assim como um sofá.
Há restos de comida, pacotes de biscoitos abertos, uma garrafa de 5 litros de água mineral, sabonete, duas garrafas vazias de cerveja e um maço de cigarros. Em uma mesinha velha, várias moedas ficaram em um canto, ao lado da TV que parece ter sido jogada ao chão.
Pelo lugar, também estão vários eletrodomésticos que viraram sucata e outros antigos, como geladeira e tanquinho de lavar roupas. No varal improvisado, além de tapetes e meias, chama atenção uma camiseta do Flamengo.
Primeiro suspeito - A polícia já tem um suspeito de participação no sequestro da mulher de 50 anos ontem no Itanhangá. Claudinei dos Santos de Oliveira, de 29 anos, conhecido como “Carcaça”, já tem passagens por série de assaltos a farmácias em Campo Grande.
Em 2016, ele foi preso com um comparsa, depois de roubar malote de R$ 14 mil do banco Bradesco Express, localizado na avenida Coronel Antonino, e de cometer três assaltos na mesma farmácia São Bento, no bairro Santa Fé.
Na época, outro rapaz que participou dos crimes confessou o roubo e entregou Claudinei, que vivia no Jardim Noroeste.
Os assaltos mostraram certa organização de Claudinei, que trabalhou seis meses em uma obra ao lado do banco e observou toda a rotina até cometer o crime usando uma moto alugada.
Ele identificou o horário em que havia a entrega dos malotes da agência Express para a outra localizada na mesma avenida. Com o dinheiro do assalto, Claudinei detalhou que pagou R$ 100 pelo empréstimo da motocicleta, pagou a pensão de seu filho, fez até festas e ainda trocou as telhas de casa.
Depois de preso, em depoimento, ele assumiu também ser responsável por três assaltos no período de 4 meses, contra mesma unidade da São Bento, atualmente fechada, mas que ficava na avenida Mato Grosso.
O primeiro assalto foi realizado no dia 6 de fevereiro de 2016, em plena tarde. O segundo no dia 24 de março, às 15h30 e o último no dia 8 de junho do mesmo ano. Nos três crimes, ele e os comparsas levaram cerca de R$ 1 mil.
Desde daquele tempo, Claudinei tem uma tática para evitar reação das vítimas. Ele roubava entre 13h e 15h30, porque acreditava que seria o horário em que só haviam mulheres no local.
Sequestro - Na noite de ontem, por volta das 23 horas, 3 homens em um Uno azul renderam uma mulher de 50 anos e a filha de 21, na porta de casa, no Bairro Itanhangá. A vítima foi solta 3 horas depois, após pagamento de R$ 18 mil em resgate, além de um relógio Rolex.
As impressões digitais colhidas no carro da vítima, um Audi Q3, podem ajudar a identificar os envolvidos. O veículo foi abandonado no local do cativeiro.