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Capital

Chefão do PCC preso em SP mantinha esconderijo e até amante em MS

Presos em operação da polícia de Guarulhos (SP), traficantes mantinhas rotas de drogas e rede de contatos em Campo Grande

Rafael Ribeiro | 17/05/2017 10:02
Libanês, 'Hésbolah' mantinha desde esconderijos a amantes em Campo Grande (Foto: Divulgação/Polícia Civil de São Paulo)
Libanês, 'Hésbolah' mantinha desde esconderijos a amantes em Campo Grande (Foto: Divulgação/Polícia Civil de São Paulo)

Preso segunda-feira (15), durante operação da Polícia Civil de São Paulo, o libanês Mohamad Hassan Atris, 47 anos, apontado como um dos principais líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital), era tão influente entre criminosos de Mato Grosso do Sul que os investigadores rastrearam uma rede de contatos dele para que dormisse, comesse e até namorasse quando voltava do Paraguai na função de escoltar cargas de drogas e armas para a zona leste e região metropolitana paulistana.

Em escutas do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) do Ministério Público Estadual de São Paulo, Atris, chamado de ‘Hésbolah’ entre os integrantes da quadrilha, aparece trocando informações sobre as estradas sul-mato-grossenses, pede um lugar para dormir na Capital e ainda troca mensagens com uma mulher que seria sua amante na cidade.

“Estou chegando meu bebê”, disse o traficante à moça campo-grandense. As datas de quando foram realizados os contatos não foram reveladas.

“Apuramos que os contatos foram feitos na época em que Atris foi preso por tráfico internacional e aprimorou seu crescimento na facção criminosa e o conhecimento das rotas das drogas pelo Mato Grosso do Sul”, disse o delegado Fernando Santiago, responsável pelo caso, ao Campo Grande News.

Na função de ‘disciplina’ do PCC, ou seja, responsável por fiscalizar e manter as rédeas da facção para os caciques, ‘Hésbolah’ sempre veio ao Estado acompanhado de Michel Ferreira Barbosa, chamado de ‘Gordão’, 29 anos, também preso na operação.

Segundo o Gaeco e a Polícia Civil, ‘Gordão’ era o principal ‘sintonia’, ou seja, o contato, com traficantes sul-mato-grossenses. Nas escutas de ligações grampeadas, pelo menos três vezes nos últimos anos ele esteve em cidades na fronteira, como Ponta Porã e Coronel Sapucaia.

'Torres', ou seja, chefes de células regionais, dupla possui quase 20 anos de PCC e soma batismo de novos membros em MS (Foto: Reprodução)
'Torres', ou seja, chefes de células regionais, dupla possui quase 20 anos de PCC e soma batismo de novos membros em MS (Foto: Reprodução)

Organização – Para o delegado Santiago, mesmo com a alta hierarquia na facção, ‘Hésbolah’ e ‘Gordão’ ainda eram subordinados a Guilherme Augusto Novaes, o ‘Sedex’, 41, responsável pela célula do PCC na zona leste e atualmente cumprindo pena em regime semi-aberto.

Integrante da facção desde 2001, ‘Sedex’ também mantém uma relação direta com comparsas do Estado. Chegou, na última década, a fazer batismos de sul-mato-grossenses e, como líder do primeiro escalão, foi um dos criminosos que decidiu o assassinato de Jorge Rafaat Toumani em conferências e reuniões.

“Ele ostenta, liga abertamente e mantém boa relação com os vizinhos”, disse Santiago, referindo-se ao time de futebol amador mantido pelo traficante, nomeado com seu apelido e que em ligações com os sul-mato-grossenses é convidado para realizar amistosos.

Caixas com mais de 200 cadernos escolares mostrando o crescimento e fortalecimento do PCC na zona leste paulistana também dá indícios da participação de criminosos do Estado. Apelidos como ‘Corumbá’, ‘Dourados’ e ‘Pantaneiro’ podem ser alusivos a criminosos locais que mantinham ligações com os paulistanos. As identidades são apuradas.

O material foi aprendido na casa de Edilson Cavalcanti de Lima, 41, o ‘Bibis’, principal braço direito de ‘Sedex’, que já foi preso pela Polícia Federal em Três Lagoas e está foragido.

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