Chegada de favela divide opiniões em bairro cheio de problemas
Para alguns moradores, novos vizinhos podem ampliar precariedade na região, enquanto outros enxergam possibilidade de melhorias
A presença de novos vizinhos, vindos da favela Cidade de Deus, em um bairro onde a infraestrutura já não é das melhores, o Vespasiano Martins, divide a opinião de moradores. Para alguns, a chegada de mais gente pode trazer, também, melhorias esperadas há anos, como asfalto, mais segurança e uma creche pertinho, mas outros acham que a investida do Poder Público será passageira, ao contrário dos problemas.
Cerca de 30 das praticamente 400 famílias da Cidade de Deus foram removidas, nesta semana, para área no Vespasiano Martins. Nesta sexta-feira (11) pela manhã, o prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP), foi até o local, ouviu muita reclamação dos moradores, mas a promessa de um mutirão para a construção de casas amenizou um pouco o receio de parte dos moradores.
Entre a vizinhança, no entanto, a sensação divide-se. Elisabete de Moraes de 37 anos, que mora na frente do local onde a favela foi instalada, diz que está insegura com os novos vizinhos.
Para ela, a presença da Guarda Municipal, a partir da chegada dos novos moradores, não deve durar muito tempo. Na tarde desta sexta, era possível ver guardas patrulhando tanto no Vespasiano quanto em bairros próximos, como no Dom Antonio Barbosa.
"O bairro já não tinha muita segurança. Nós temos medo porque não conhecemos eles (moradores da favela) e não sabemos até quando os guardas vão ficar aí", afirma Elisabete. Além disso, ela conta que no posto de saúde, que já é longe, não tem médicos ou agentes de saúde suficientes. "A escola é longe e perigosa", completa.
Ela ainda afirmou que reconhece e acompanha o sofrimento dos novos moradores. Mas, diz esperar que agora, com a atenção voltada à favela, os reflexos sejam no bairro inteiro.
Para outra moradora, Ezequiela Lima, de 59 anos, os guardas trazem sensação de segurança, o que é importante, mas o incômodo mesmo vem da falta de asfalto. "Já foi pedido cascalho, mas nada. Agora ficam essas poças de água. A gente tem medo da dengue".
Entre os novos moradores, a presença do prefeito abre novas perspectivas e chega até a mudar a forma de enxergar a situação. Greiciele Vitória Ferreira, 26 anos, lembra que se assustou com a mudança depois de, na primeira noite, ter visto a chuva danificar parte do pouco que tinha em um terreno apelidado de “brejo”.
Agora, nas palavras dela, está “conformada” com a possibilidade de ter uma casa, a ser construída por um mutirão. “Pelo menos tem água e luz”, resume o pedreiro Joni da Silva Arruda, 52 anos, também vindo da Cidade de Deus, onde morou por pouco mais de três anos.