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Capital

No segundo dia de mudança, famílias começam resistir à remoção de favela

Viviane Oliveira e Natalia Yahn | 08/03/2016 09:59
Algumas famílias começam a resistir remoção. (Foto: Marcos Ermínio)
Algumas famílias começam a resistir remoção. (Foto: Marcos Ermínio)
Rogérip protesta contra remoção. (Foto: Marcos Ermínio)
Rogérip protesta contra remoção. (Foto: Marcos Ermínio)

As famílias da favela Cidade de Deus, na região do Dom Antônio Barbosa, em Campo Grande, começam resistir à remoção e dão sinais de que não vão sair do local. Esta terça-feira (8) é o segundo dia de desocupação da área iniciada pela Prefeitura desde ontem (7).

A população transferida vai para o Bairro Vespasiano Martins. Eles alegam que o local não tem nenhum tipo de estrutura.

Moradora há 3 anos na comunidade, Edileusa Luiz, 37 anos, ajuda a cuidar de 145 crianças da creche Filhos da Misericórdia, instituição criada por uma missionária. “Eu não vou sair daqui. A gente não vai conseguir montar uma escola lá, para onde estão querendo nos levar”, reclama. Edileusa tem três filhos e um deles estuda na instituição. “Com a mudança, muitas crianças, que não estão na creche e nem na escola, vão ficar sem projeto.

Também há 3 anos na favela, Jucineide da Costa, 45 anos, está revoltada com o kit barraco com lonas, pregos e cordões. “As pessoas que foram para o terreno do Vespasiano Martins, ainda não conseguiram montar seus barracos, pois faltou prego e a prefeitura já informou que é um kit para cada um”, reclama.

Em forma de protesto contra a remoção para um local sem estrutura, Rogério Carvalho do Carmo, 29 anos, segura um sago de prego, martelo e o Título de Eleitor. “Estou revoltado com a situação. É um absurdo o que o prefeito está fazendo com a gente. A resposta do descaso com o povo será nas urnas com o voto”, afirma.

Ele falou que a população da comunidade se sente intimidada com a quantidade de policiais e guardas que a prefeitura colocou no local. “Só quem mora em favela sabe os problemas que temos aqui. A gente não vai confrontar com a polícia, mas só vamos sair se for para um lugar melhor, diz.

Enquanto algumas famílias resistem, outras se conformaram e estão satisfeitas com a mudança. “Na favela a gente sofre com a questão de água e luz, que são ligadas através de gambiarras. Para onde vamos, não teremos esse problema”, diz Jorge Antônio Silva, 40 anos. Ele mora e um barraco com a esposa e duas crianças de 10 meses e 9 anos. Veja a galeria de imagens.

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