Chuva fecha trecho de avenida e obriga moradora a fazer buraco para escoar água

A chuva forte das últimas horas deixou o trânsito complicado na Avenida Guaicurus, na manhã desta quinta-feira (18), em Campo Grande. Trecho de cerca de 500 metros, em frente ao cemitério Parque Monte das Oliveiras, sentido Parque do Lageado, ficou inundado. Para fugir do alagamento, alguns motoristas, inclusive de ônibus e caminhão, se arriscaram desviando pela contramão. Uma Fiat Fiorino chegou a ficar atolada no barro que se formou ao lado do canteiro central.

O pedreiro Nilton Barreto de Oliveira, de 40 anos, disse que o problema de alagamento na via é antigo. “Aqui toda vez que chove alaga. Tem muitos anos que acontece isso. Quando está assim, tem que desviar. Nunca fiquei atolado, mas já vi muita gente ficando. O poder público deveria resolver isso. Entra prefeito, sai prefeito e continua a mesma coisa. Só promessa e nada”, lamentou. Milton mora no Jardim Monte Alegre, mas a avenida é caminho para o serviço dele.

Transtorno - Às margens da avenida, cerca de 15 famílias que vivem no entorno do Córrego Bálsamo, sofrem com a situação. No bairro há 5 anos, a dona de casa Patrícia Batista Lima, de 32 anos, precisou fazer uma barreira de contenção para a água que vem da rua não invadir a sua residência. Mesmo assim, a moradora também fez buraco no muro para a água escoar.

“Todo ano é assim. Já perdemos colchão, guarda-roupa e roupas. Direto a gente perde alguma coisa nessa enchente. Quando viemos para cá, não sabíamos que era assim. Ninguém avisou”, lamentou. Na casa, Patrícia, que está grávida de 14 semanas, vive com o marido e os dois filhos, de 9 e 5 anos.

Segundo os moradores, na via tem bueiro, tem drenagem, mas quando a chuva vem, a sujeira entope as bocas de lobo. "O volume de água que desce é muito grande. Aqui já apareceu sapo, escorpião e até jabuti que veio rodando. São cinco anos nessa luta”, disse outro morador que preferiu não se identificar.

O técnico de manutenção Joventino Ribeiro, de 32 anos, vive em um barraco de madeira com a esposa e assim como Patrícia sonha em conseguir a casa própria. “Aqui é horrível, principalmente quando alaga a rua. Hoje a água não chegou a invadir a nossa casa, mas já teve vez que perdemos muita roupa. Eles tinham que mexer nesta rua para melhorar, porque o problema é só quando vem chuva forte. Estamos esperando ser sorteados [com casa popular] para sairmos daqui”, contou.

O reciclador Cláudio Araújo da Silva, de 38 anos, mora em um barraco com o irmão há 4 meses, às margens da avenida. Ele disse que ontem à noite havia uma fila de carros na contramão tentando escapar do trecho alagado. “É disso aqui para pior. Essa noite com a chuva só foi desacerto. Entrou água dentro do barraco e alagou. Perdemos a televisão e molhou nosso colchão por baixo. Vivemos numa situação precária. Os órgãos públicos tinham que ver o lado da população e tentar tirar a gente desse buraco”, reclamou.

Obras - No mês passado, a prefeitura divulgou que vai investir mais de R$ 4 milhões em obras de drenagem e pavimentação, num trecho de 1,2 km da Rua Gonçalves, que será prolongada até a Avenida Guaicurus, no Jardim Monte Alegre.

Segundo a nota, serão feitas tubulações que vão escoar a enxurrada que desce de bairros próximos, como o Jardim Botafogo, Porto Galo e Monte Alegre, arrastando pedras, sedimentos, que abrem crateras na vias. A água que vem desses bairros fica empoçada na Avenida Guaicurus, dificultando o tráfego de veículos em dias de chuva intensa.