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Capital

Clima é de apreensão nas escolas da Reme para volta às aulas

Luciana Brazil | 05/02/2013 15:44
Escola Consulesa Margarida Maksoud Trad está sem merendeira.
Escola Consulesa Margarida Maksoud Trad está sem merendeira.

Um dia antes de começar as aulas na Reme (Rede Municipal de Ensino), as escolas que já deveriam estar organizadas para receber os alunos, enfrentam a falta de materiais escolares, de merendeiras e até de carteiras para os estudantes. As informações que chegam ao Campo Grande News indicam que até algo básico como o gás de cozinha está faltando.

Os kits escolares, sempre entregues com antecedência, desta vez ainda não têm data para serem distribuídos, e todas as escolas municipais estão sem o material. A licitação para aquisição dos materiais, aberta na administração passada, foi suspensa.

São 85 escolas municipais na área urbana e nove na zona rural, onde estudam mais de 82 mil alunos.

O prefeito Alcides Bernal (PP) foi sucinto ao falar do assunto hoje, afirmando apenas que o material será entregue. Em nota divulgada, o secretário José Chadid disse que não há risco de adiamento do início das aulas. Segundo ele, tudo foi acertado com professores em reunião no dia 31 de janeiro.

Informações apuradas pelo Campo Grande News, porém, mostram que o problema tem assustado professores, diretores, e até pais de alunos. "Eu estou com medo. Não quero me identificar porque temo pelo trabalho. Mas na minha escola eu ainda não sei o que vou fazer amanhã. Vou ter que ir pra cozinha ajudar alguns funcionários", disse por telefone uma diretora, que por medo de represálias não quis se identificar.

Além disso, ela lembra que não terá material para trabalhar. "Vou me virar para criar atividades".

Na escola Escola Municipal Consulesa Margarida Maksoud Trad, no bairro Estrela Dalva, a situação não é diferente. Os funcionários não dão entrevistas, mas a reportagem apurou que o local também não tem merendeiras. A diretora do local já avisou à comunidade escolar o que pretende fazer.

“Ela vai reunir os funcionários, fazer um achocolatado e distribuir biscoitos”, disse uma funcionária.

Sem contrato - De acordo com a professora Ângela Maria Faustino de Oliveira, integrante do Conselho Municipal de Educação e diretora da escola Vanderlei Rosa Oliveira, no bairro Parque dos Novos Estados, a falta de merendeiras acontece nas unidades onde o serviço era terceirizado pela prefeitura anterior.

Com a nova administração municipal, houve quebra no contrato das empresas que prestavam o serviço e nenhuma firma foi colocada no lugar. “A terceirização acontece por causa da deficiência de funcionários. A nossa escola chegou a ser cogitada para o serviço terceirizado há alguns anos, mas não foi preciso porque tínhamos quatro merendeiras”.

Em certas unidades, por causa da mesma falta de profissionais, segundo Angela, o serviço de limpeza é feito pela APM (Associação de Pais e Mestres), mas não teria sido alterado por enquanto. “São pessoas da comunidade que fazem esse serviço de limpeza, o que, na verdade, se torna uma empresa”, explica.

Ângela diz que a orientação foi para que ninguém se desespere.
Ângela diz que a orientação foi para que ninguém se desespere.

Para Ângela, o trabalho das merendeiras deveria ter sido prioridade na administração, para evitar situações como essa. “A falta de merendeiras é uma das coisas que deveria ter sido resolvido rápido. Mas nós nos reunimos com o Chadid (José Chadid – secretário Municipal de Educação) e ele está tomando conhecimento da situação. Sabemos que é difícil assumir. O Conselho já se reuniu”. Durante o encontro, os diretores não cogitaram propor o adiamento das aulas. "A orientação foi para que ninguém se desespere".

Na escola Vanderlei Rosa, a diretora diz que o colégio está pronto para receber os estudantes. “Aqui nós temos as merendeiras. Mas orientei os outros diretores para que não deixem a peteca cair. Somos educadores e por causa dos alunos temos que dar um jeito. Vamos avisar que os kits ainda não chegaram, mas vamos criando formas de realizar outras atividades enquanto isso”, pontuou positivamente Ângela.

Na tarde desta segunda-feira e na manhã de hoje, membros da ACP (Sindicato Campo-grandense de Profissionais da Educação Pública) se reuniram para discutir o assunto. Segundo o presidente, Geraldo Alves Gonçalves, a situação atrapalha o andamento da rotina escolar.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Servidores Municipais, Jorge Tabosa, faltam técnicos administrativos, merendereiras e monitores de aluno na Rede Municipal de Ensino.

 

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