Com 93 anos de história, gráfica mais antiga da cidade fecha as portas
O anúncio do fechamento deixou surpresos os clientes e evocou mémorias, como do presépio na 14 de Julho

A trajetória de nove décadas da Gráfica Ruy Barbosa, que nasceu livraria e também foi editora, tem data marcada para acabar. No dia 31 de janeiro, a longeva empresa vai fechar as portas em Campo Grande.
Nesta sexta-feira (dia 13), a diretora Bianca Maiolino confirmou o encerramento das atividades. A gráfica vai receber pedidos dos clientes até o dia 20 de dezembro e mantém o trabalho até o fim de janeiro. A empresa não repassou informações sobre o motivo do fechamento e a direção informou que vai divulgar uma nota de agradecimento aos clientes quando fechar, em definitivo, as portas.
O Campo Grande News apurou que o fim das atividades foi motivado pelas mudanças tecnológicas, que deixaram o segmento de impressos estagnado, sem perspectiva de crescimento. Numa decisão gerencial, os proprietários optaram por manter outras empresas mais lucrativas.
Com o fechamento, 30 funcionários serão demitidos. Já a gráfica deve ser colocada à venda. A história da Ruy Barbosa começa em 1927, quando o baiano Antonio Gomes Nika, funda a livraria em Campo Grande. Em 1938, já sob comando do professor João Tessitore Júnior, foi ativado o parque gráfico. Na sequência, a Livraria e Tipografia Ruy Barbosa foi ampliada e novas máquinas foram adquiridas da Alemanha.
Em 1966, a empresa passa para o comando da família Maiolino, até hoje proprietária do empreendimento. Conforme o portal da gráfica na internet, onde é narrada a história da Ruy Barbosa, Nerone Maiolino já atuava na área de livraria e tipografia desde 1951. No correr das décadas, a empresa, localizada na Rua 14 de Julho, foi desmembrada e teve sucessivas mudanças de endereço.
Com a morte de Nerone Maiolino, no ano de 2006, Geraldo Maiolino assumiu o comando do Centro Gráfico Ruy Barbosa, localizado na avenida Fernando Corrêa da Costa. Nesta sexta-feira, o anúncio do fechamento deixou surpresos os clientes e evocou mémorias, como do presépio gigante montado pela empresa, na década de 80, na Rua 14 de Julho.
“Foram 93 anos de profundos amor e dedicação, acima de tudo, respeito à sociedade que nos brindou por todos os dias de nossa válida convivência. Dignamente, encerramos as atividades com todas as nossas obrigações liquidadas junto a fornecedores, empregados, prestadores de serviço em geral e com absoluta certeza de que, por todo o tempo, oferecemos produtos de qualidade ao público”, diz o comunicado enviado aos clientes. O Campo Grande News não conseguiu contato com Geraldo Maiolino.
Mercado – A indústria gráfica de Mato Grosso do Sul vem, ano a ano, perdendo espaço com as mídias sociais. Um sinalizador é o período eleitoral. No ano passado, por exemplo, foi calculada redução de 30% das candidaturas por meio de produtos gráficos.