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Capital

Com colégio na Capital, Arautos do Evangelho rebate notícia de fechamento

Jornal Metrópoles divulgou carta do Vaticano mandando escolas devolverem alunos às famílias, no fim do ano

Caroline Maldonado | 05/09/2021 15:58
Com colégio na Capital, Arautos do Evangelho rebate notícia de fechamento
Castelo abriga colégio de Arautos do Evangelho, na Rua Rotterdam, no Bairro Rita Vieira. (Foto: Arquivo/Paulo Francis)

A associação católica internacional Arautos do Evangelho, que já foi alvo de diversas denúncias de tortura, lavagem cerebral e abuso sexual no interior dos "castelos", agora se manifestou para negar informações que teria recebido ordem do Vaticano para enviar os alunos internados nos colégios de volta para suas famílias, após a conclusão do ano letivo.

A associação tem um colégio na Rua Rotterdam, no Bairro Rita Vieira, em Campo Grande, unidade que recebeu aval da SED (Secretaria de Educação de Mato Grosso do Sul), para oferecer Educação Infantil e Ensino Básico, em 2019, depois de construir o prédio, um castelo de arquitetura gótica, no estilo medieval pré-renascentista.

A informação de que os colégios do Arautos deveriam ser fechados foi noticiada pelo jornal Metrópoles, na sexta-feira (3), que publicou um documento que teria sido emitido pelo Vaticano, em 22 de junho deste ano.

A carta é assinada pelo cardeal João Braz de Aviz, prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica no Vaticano, e foi enviada ao cardeal Raymundo Damasceno Assis, nomeado pelo papa Francisco como interventor para os Arautos do Evangelho, conforme o Metrópoles.

No documento, o Vaticano diz ter considerado “o tipo de disciplina excessivamente rígida praticada nas comunidades dos Arautos do Evangelho” e “as numerosas comunicações” enviadas pelos pais de crianças e jovens, alegando que as famílias “são, na maioria das vezes, excluídas das vidas dos seus filhos e que os contatos com os pais não são suficientemente garantidos”.

A ordem do Vaticano é para “permitir aos mais jovens o indispensável relacionamento com as famílias e com o objetivo de prevenir qualquer situação que possa favorecer possíveis abusos de consciência e plágio contra menores”, de acordo com a carta.

Fake - Procurada pelo Campo Grande News, a associação em Campo Grande enviou a nota elaborada pela Associação Arautos do Evangelho, que trata a informação do jornal Metrópoles como “fake news” e pede a retirada do texto do site, sob ameaça de entrar com processo judicial.

Na Capital, somente o padre Max Adriano poderia falar com a imprensa, mas o colégio informou que ele deve participar de missa nesta tarde, por isso, a entidade preferiu enviar o texto da associação e nota à imprensa da entidade que administra os colégios, o Inedae (Instituto Educacional Arautos do Evangelho). Ambas alegam que a notícia de fechamento dos colégios é falsa. Clique aqui para ver a nota do Inedae.

A nota da Associação diz que a determinação de fechamento dos colégios “nunca ocorreu e nem é cabível legalmente a nenhuma autoridade eclesiástica o fechamento de colégios". “Esta prerrogativa é de atribuição dos órgãos vinculados ao Ministério da Educação, Secretarias Estaduais ou Municipais de Educação, após devido processo legal”, diz a nota.

A associação diz ainda que “a decisão ‘sponte própria’ emanada por S. Em.ª Cardeal Braz de Aviz, está sendo contestada em âmbito canônico e, de qualquer forma, não versa sobre o que foi divulgado mentirosamente pela matéria”. A expressão em latim é para dizer que a decisão foi tomada por vontade do Cardeal.

No entanto, a nota não explica o conteúdo da carta, mas afirma que já “é motivo de pronunciamento e indignação de diversos juristas renomados no Brasil e no exterior, que serão publicados oportunamente neste canal de informações'', referindo-se ao portal em que está publicada a nota.

Denúncias - Com princípios ultraconservadores, a comunidade tem pouco mais de 3 mil pessoas no Brasil. Em 2019, veio a público investigação sobre alienação parental, castigos físicos, racismo e abuso sexual. As denúncias foram veiculadas primeiro na revista Metrópoles e, em seguida, pelo programa Fantástico da Rede Globo.

Com relação às denúncias lembradas na publicação do jornal Metrópoles, a associação diz que a investigação foi arquivada, pois os fatos não foram comprovados.

“O Metrópoles poderia ter consultado as fontes oficiais, pois a data da determinação de arquivamento é de 26 de agosto de 2021, portanto anterior à publicação da matéria”, diz o texto.

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