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Capital

Com sensação térmica de 40ºC, córregos são refresco arriscado para garotada

Além do perigo de afogamento, a qualidade da água é problema que ninguém leva em conta

Por Alison Silva | 06/10/2023 18:23
Crianças saem de Córrego Sóter e caminham na Avenida Nely Martins, região norte de Campo Grande (Foto: Alison Silva)
Crianças saem de Córrego Sóter e caminham na Avenida Nely Martins, região norte de Campo Grande (Foto: Alison Silva)

Com calor de 36ºC e sensação térmica de 40ºC em Campo Grande, os córregos da cidade são refúgio para crianças e adolescentes, que longe dos pais se divertem em um programa que ano após ano faz vítimas.

No dia 25 de setembro, o corpo do adolescente Kauan Rios da Silva, 14 anos, foi encontrado preso em galhos de árvores, às margens do Rio Anhanduí, próximo a uma propriedade rural privada, no Jardim Pênfigo. O menino tinha saído no dia 21 para ir à escola e não voltou. No meio do caminho, parou para se refrescar e morreu afogado.

Três crianças, com idade entre 11 e 12 anos, faziam o mesmo na tarde desta sexta-feira (6). Mas nas águas do Córrego Sóter, no Carandá Bosque, região norte de Campo Grande.

Moradores do Bairro Mata do Jacinto, apesar da pouca idade, o trio afirmou que frequenta o córrego da região desde 2020, e que o próximo banho por lá já acontecerá no próximo domingo (8), segundo eles, com mais gente.

“Viemos aqui por conta do ‘calorão’ que está fazendo, também porque gostamos de nos refrescar. Nunca paramos para pensar muito sobre por que tomamos banho aqui. A gente só vem”, disse o maior dos três, uniformizado com uma camisa do flamengo, de chinelo e bermuda, enquanto os amigos ouviam o relato com a camisa nos ombros e cabelo molhado.

Os três disseram que estão sempre por ali, e que quando não estão em aula, alternam o tempo entre os banhos no córrego e as brincadeiras no Parque do Sóter, localizado do outro lado da via. “Agora vamos pro Sóter, depois, voltaremos para cá ainda hoje, nossa vida é por aqui, sempre estamos no córrego, é isso que gostamos de fazer”, finalizou o flamenguista enquanto os colegas seguiam para o parque a pé.

Cuidado - Com o calorão dos últimos dias, a procura por rios e piscinas aumentam. Por isso, o Corpo de Bombeiros faz alerta para que as pessoas redobrem a atenção e assim evitem acidentes e mortes, nos rios, balneários e piscinas de Mato Grosso do Sul. O telefone para socorro dos bombeiros é o 193.

Crianças, por exemplo, devem sempre estar sob a supervisão de um adulto. Respeite as orientações e determinações dos guarda-vidas; não faça uso de bebidas alcoólicas antes ou durante a permanência na água; evite brincadeiras que coloquem a segurança em risco, como competições de segurar o fôlego (apneia). Evite mergulhos “de ponta” em locais que não tenham conhecimento sobre a profundidade. Piscinas de clubes e condomínios devem ter acessos restritos e placas com informações.

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Questão de saúdeEm outros córregos da cidade, nada de banho, apenas entulho, moradores acampados às margens da Avenida Ernesto Geisel e alguns locais com cheiro forte.

A verificação da qualidade da água nos córregos da Capital é de responsabilidade da Prefeitura de Campo Grande, por meio da Semadur (Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Gestão Urbana), que conta com a ajuda da Águas Guariroba, concessionária de água da capital. “Participamos com a estrutura laboratorial analisando amostras e repassando para o município, a manutenção é de responsabilidade da prefeitura, que é quem divulga o padrão de qualidade das águas de Campo Grande”, destaca a concessionária.

Cabe à empresa realizar a análise sobre os índices de PH, Oxigênio, Temperatura, Turbidez, Sólidos Totais, E. coli, Nitrogênio Total, Fósforo, DBO. De acordo com a Águas Guariroba, o último balanço trimestral entre julho e setembro foi finalizado entre os dias 18 e 20 do último mês e agora cabe à prefeitura divulgar os dados por meio do Programa Córrego Limpo, após coleta em 83 pontos diferentes em todo o município.

Conforme as amostras analisadas no segundo trimestre deste ano, os córregos e rios de Campo Grande apresentaram melhora de 22% nos índices de qualidade “boa” e uma redução de 16% e 6% nas qualidades “regular” e “ruim” das águas da região em comparação com o mesmo período de 2022.

Placa de monitoramento da qualidade da água dos córregos em Campo Grande (Foto: Alison Silva)
Placa de monitoramento da qualidade da água dos córregos em Campo Grande (Foto: Alison Silva)

A reportagem entrou em contato com a administração municipal para obter mais informações sobre o uso dos córregos de Campo Grande por banhistas e questionou as medidas adotadas pela Prefeitura sobre os riscos dos banhos.

Abaixo, segue a íntegra da nota enviada pela Semadur

"A Semadur informa que tendo em vista as legislações que relatam sobre a classificação dos Córregos de Campo Grande, conforme a Resolução CONAMA n. 357/2005 além de dispor sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, deliberou que para cada uso da água há limites estabelecidos que variam de acordo com a classe do recurso hídrico, denominado de padrão de qualidade. 

Esse padrão de qualidade determina limites individuais para cada substância em cada classe. Vale ressaltar que a CECA n. 36/2012 também trouxe limites para cada classe de enquadramento, sendo estes limites idênticos aos do CONAMA n. 357/2005 em relação aos parâmetros utilizados para o cálculo do IQA (Índice de Qualidade das Águas).

Sendo assim, cada córrego/rio apresenta os limites individuais segundo a classe do córrego avaliado para os parâmetros que foram considerados no cálculo do Índice de Qualidade da Água – IQACETESB.

Ressalta-se que o enquadramento dos corpos hídricos, segundo os padrões de qualidade consiste numa meta a ser atingida em um determinado tempo. Portanto, os dados de qualidade atuais dos corpos d’água de Campo Grande podem não atender às respectivas classes estabelecidas. Desta forma, as ações do poder público devem buscar a adequação da qualidade desses na sua respectiva classe, focando especialmente no controle de poluição de fontes pontuais ou difusas, principais fatores que contribuem para a degradação da qualidade da água.Vale ressaltar que os córregos/rio de Campo Grande são antropizados, ou seja, são urbanos recebendo contribuição pontuais ou difusas, desta forma, não é aconselhável realizar este tipo de atividade nesses locais.


Há 14 anos A Prefeitura de Campo Grande, por intermédio da Semadur, desenvolve o Programa Córrego Limpo que visa o monitoramento da qualidade das águas superficiais do município. Atualmente, a rede de monitoramento municipal contempla 83 pontos de amostragem, distribuídos em nove microbacias de Campo Grande. As coletas de amostras d’água são realizadas trimestralmente respeitando-se a sazonalidade do ano (época seca e chuvosa) e em todos os pontos são analisados, nove parâmetros de qualidade (temperatura, pH, OD, DBO, coliformes termotolerantes, nitrogênio total, fosfato total, turbidez e sólidos totais). 

As coletas, preservação de amostras e análises estão sendo realizadas pela empresa concessionária Águas Guariroba que encaminha os dados para a Semadur realizar os cálculos e divulgar os dados à população.
O cálculo efetuado por esta metodologia resulta em um valor do Índice de Qualidade de Água (IQA), o qual é graduado em uma escala de 0 a 100 e uma classificação de qualidade péssima, ruim, regular, boa e ótima.
Dessa forma, para facilitar ainda mais o entendimento por parte da população, temos espalhadas pela cidade, em alguns pontos de monitoramento, 19 placas informativas sobre a qualidade da água do ponto, contendo nome, classificação da qualidade da água, trimestre e ano da coleta e análise a qual pertence o resultado. A classificação é representada por cores, onde péssima é a cor preta; ruim é a cor vermelha; regular é a cor amarela; boa é a cor verde é ótima é a cor azul."

*Atualizado para acréscimo de informações

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*A fonte foi preservada

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