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Capital

Com virose e ar seco, UPA do Universitário superlota de pacientes e reclamações

A demora por atendimento supera as cinco horas em meio a salas de espera quentes e cheias

Por Gabriel de Matos e Gabi Cenciarelli | 10/09/2024 17:57
Pacientes esperando em sala da UPA Universitário nesta terça-feira (Foto: Paulo Francis)
Pacientes esperando em sala da UPA Universitário nesta terça-feira (Foto: Paulo Francis)

Campo Grande tem nove UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) para os cerca de 900 mil habitantes. Todas são administradas pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), que assume a superlotação nas unidades de saúde. Somente na segunda-feira (9), foram cerca de 5.700 pacientes atendidos.

A Sesau explica que a média fica entre 2.500 e 3.000 atendimentos por dia nas unidades. Em visita às UPAs Universitário, na Avenida Guaicurus, e à Tiradentes, a reportagem encontrou muitas pessoas irritadas reclamando da demora no atendimento em meio a salas de espera e corredores quentes.

Nesta terça-feira (10), a Capital chegou aos 36ºC e teve índice de umidade relativa do ar mínimo de 10%. Além disso, o Estado vive uma onda de calor de grande perigo que prevê temperatura 5ºC acima da média por período maior do que cinco dias. O aviso vale até o dia 13 de setembro.

A primeira visita foi na UPA Universitário, que fica no bairro homônimo. O cenário era de superlotação, sem lugares para os pacientes esperarem sentados. Na unidade, ainda tinha um homem esperando por atendimento no chão de um dos corredores.

Leonardo deitado no chão no corredor da UPA Universitário (Foto: Gabi Cenciarelli)
Leonardo deitado no chão no corredor da UPA Universitário (Foto: Gabi Cenciarelli)

O vendedor de gás, Leonardo dos Santos, em entrevista disse que a situação estava insuportável. "Eu não estou aguentando, estou deitado no chão. Eu estou aqui desde às 14h. Não teve jeito, não tem onde ficar. Tem que esperar. Estou com dor de cabeça, vomitando, com diarreia".

Ainda na UPA, estava o construtor Willyan Milandri. Ele estava com o filho de 11 meses no colo. A criança estava fraca, passando mal. Essa era a segunda vez que ele visitava a unidade de saúde no dia. "A gente veio de madrugada e não tinha material para ele tomar soro. Ele não tomou soro. Ele não teve melhora nenhuma. Estou quase duas horas esperando".

O menino não foi medicado na madrugada porque não tinha o cateter flexível abocath. No último domingo (8), a Sesau informou, no entanto, que não falta equipamento na rede pública. "O que muitas vezes acontece é a falta pontual de insumos e medicamentos em algumas unidades, nestes casos, a unidade de urgência e emergência deve proceder com a requisição imediata ao almoxarifado da Sesau", complementa a nota.

A superlotação era tamanha que a balconista Ana Paula Elias chegou e desistiu de tentar ser atendida na UPA Universitário. Ela estava com o filho de um ano vomitando e foi correndo buscar atendimento.

"Eu vou embora para minha casa. A criança está vomitando. Eu cheguei há pouco, vim com ele correndo. Eles não passaram na frente de ninguém. É criança, não sabem o que tem. Eu vou embora para outro lugar", alegou Ana Paula.

Ana Paula com o filho no colo em frente à unidade de atendimento na Avenida Guaicurus (Foto: Paulo Francis)
Ana Paula com o filho no colo em frente à unidade de atendimento na Avenida Guaicurus (Foto: Paulo Francis)
Entrada da UPA Universitário na tarde desta terça-feira (Foto: Paulo Francis)
Entrada da UPA Universitário na tarde desta terça-feira (Foto: Paulo Francis)

Irmgard Gullich acompanhava a mãe de 90 anos desde às 10h30 na UPA. A espera por atendimento durou cerca de cinco horas. "Ela está com a perna inchada, está com uma ferida na perna, tem problema de marca-passo, tem só uma artéria que funciona. É um descaso e demora desse jeito".

Menos lotada, a UPA Tiradentes tinha muitas crianças na espera por atendimento. A dona de casa, Beatriz Samara estava com o filho asmático no local. Ela relata que buscou atendimento na UPA Leblon, Universitário e Coronel Antonino antes de chegar ao bairro Tiradentes.

Laura Carvalho estava esperando atendimento com o filho de 10 anos. Ela foi categórica sobre a situação: "Se depender de posto, estamos mortos".

A dona de casa, Beatriz Samara com o filho deitado na UPA  (Foto: Gabi Cenciarelli)
A dona de casa, Beatriz Samara com o filho deitado na UPA  (Foto: Gabi Cenciarelli)

O entregador Wellinton da Silva Alecrim estava com o filho de um ano. Ele citou que o filho estava quase desmaiando. "Ele começou a vomitar, está quase desmaiando e ninguém atendeu.

Sobre as situações relatadas, o Campo Grande News entrou em contato com a Sesau via e-mail. Até o momento, não foi encaminhado nota de retorno sobre a situação. Porém, a Sesau marcou uma entrevista coletiva em sua sede para falar sobre a situação nesta quarta-feira (11), às 10h30.

Na segunda-feira (10), a pasta ressaltou que mais 10 médicos foram designados para as UPAs por conta das altas demandas. Além disso, a orientação é "em caso de sintomas gastrointestinais, dirijam-se primeiro a uma Unidade de Saúde da Família que além das demandas marcadas, também atende demandas espontâneas. Em caso de sintomas mais graves, uma Unidade de Urgência deve ser procurada, onde os atendidos são efetuados de acordo com a classificação de risco".

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