Comerciantes contestam acordo e comércio pode não abrir à noite
Um grupo de comerciantes se insurgiu contra o acordo coletivo firmado pelo Sindicato do Comércio Varejista da Capital com o Sindicato dos Trabalhadores, que prevê reajuste salarial de até 11% para os comerciários, além de alguns benefícios como um vale-alimentação diário de R$ 10,00.
Segundo o presidente do Sindicato dos Comerciários, Idelmar Mota, se a convenção não for homologada pela entidade patronal, não haverá acordo para o esquema especial de funcionamento das lojas até às 22 horas durante o mês de dezembro.
O presidente da Federação do Comércio (Fecomércio-MS), Edison Araújo, diz que o acordo foi amplamente discutido com todo o empresarial e está sendo contestado por lojistas que não se preocuparam em participar das assembleias deliberativas.
“Esta contestação do acordo partiu de setores ligados à Associação Comercial de Campo Grande. Parece que há uma motivação política”, observou Araújo. “Tentamos uma renegociação com o sindicato dos trabalhadores, mas eles rejeitaram qualquer possibilidade neste sentido”, constata.
- Sabemos que o empresário por um difícil. Com juros altos, volta da inflação, queda nas vendas. Mas também é preciso lembrar que o funcionário também sofre as consequências desta crise econômica, argumenta o presidente da Fecomércio/MS. A opinião é compartilhada pelo empresário, Ricardo Massaharu Kuninari, diretor do Sindicato do Comércio Varejista e da Associação dos Lojistas do Shopping Campo Grande.
“Avalio que foi um acordo razoável já que se concedeu um reajuste 0,8% acima da inflação dos últimos 12 meses (10,33%) dado aos funcionários que ganham o piso salarial (pouco mais de R$ 1 mil) e de 9% para quem está acima do piso, que terão perda do poder compra, já que o índice corresponde a 87% da inflação”.
Kuninari, por outro lado, compreende que o empresário esteja temeroso de conceder aumentos e não ter como pagar. “Houve aumento na tributação, os encargos sobre a folha de pagamento cresceram e as vendas estão estagnadas”, reconhece.
Entretanto, ele pondera que o prejuízo será ainda maior, caso não se homologue o acordo e o comércio da área central não possa funcionar depois de 18 horas, esquema que sempre é adotado no mês de dezembro, quando o 13º alavanca as vendas. As lojas que funcionam nos shoppings, que normalmente já funcionam até as 22 horas, não correm este risco.