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Capital

Condições de ruas que são tormento para moradores viram local de "rally

Paula Vitorino | 03/03/2011 18:58

Comunidade do Santo Emília ainda sofre com criadouros de dengue e ruas alagadas

Em meio a ruas alagadas, crianças brincam e oferecem risco a sua saúde. (Foto: João Garrigó)
Em meio a ruas alagadas, crianças brincam e oferecem risco a sua saúde. (Foto: João Garrigó)

Os moradores do bairro Santa Emília, em Campo Grande, já sofrem com os transtornos em dias de chuva, mas agora enfrentam também o perigo das condições das ruas que para "aventureiros" são ideais para rallys.

Inundada, a Avenida Conde de Boa Vista se transforma em um verdadeiro riacho, onde a terra e a água formam pequenas ondas. Situação semelhante também pode ser vista em outras ruas vizinhas.

Passar de carro ou moto pela avenida é arriscado, e os moradores contam que diversos acidentes já aconteceram em meio ao “riacho”.

Mas a lama e o risco de derrapagens na avenida estão atraindo “aventureiros” até o local e causando mais transtornos para a comunidade. De acordo com os moradores, é constante a presença de jipes e motocicletas no local para disputar “rallys”.

“É só chover, encher de água aqui que aparecem os jipeiros. Eles passam aqui na avenida correndo, vão lá pro final da rua, depois voltam. É mais um perigo para nós”, afirma Nilza.

Durante a chuva de ontem, o marido da comerciante, Ivanildo Carneiro Nogueira, 38 anos, registrou a água tomando conta da rua e um dos jipes passando pela avenida.

Precário - Viver no bairro é conviver nos dias de verão com as “ruas de lama” e as poças d’água formadas pelas chuvas constantes na Capital. Para piorar a situação, a enxurrada ainda leva os dejetos das fossas sépticas de residências próximas.

A reportagem do Campo Grande News tem acompanhado a situação no bairro durante as últimas chuvas e constatado a situação precária dos moradores.

As poças com água suja ficam acumuladas, principalmente, em frente às casas da Avenida Conde de Boa Vista, que não tem asfalto. O cheiro forte toma conta do local.

“A água vem com toda a força pela rua de lama, enche as fossas que tem na beira das casas e aí essa água suja alaga as ruas. Formam poças grandes aqui, que duram vários dias depois, e as crianças tomam banho, brincam. É um perigo essa água toda suja”, diz a moradora e proprietária de um comércio na avenida, Nilza Bazilio da Silva Nogueira, 37 anos.

De acordo com a população, todo o problema de constantes alagamentos foi agravado depois da construção de uma espécie de açude ao longo da avenida.

A comunidade ainda afirma que a situação do lamaceiro ainda teria piorado depois que a empresa responsável pelo saneamento da Capital passou a rede de água tratada no bairro, há cerca de duas semanas.

“Vieram aqui, abriram os buracos e depois só jogaram terra vermelha por cima. Deixaram sem aterrar, tudo jogado e não deram nenhuma satisfação se iriam voltar”, diz o pedreiro Valdo Lucio Pereira, de 56 ano

Moradores pedem que rua seja ao menos cascalhada. (Foto: João Garrigó)
Moradores pedem que rua seja ao menos cascalhada. (Foto: João Garrigó)

Como solução, os moradores pedem, apenas, que a via seja cascalhada.

“Não pedimos nem asfalto, porque sabemos que isso ainda vai demorar. Mas queremos que ao menos seja casacalhado aqui, já ajudaria muito pra tirar a gente da lama”, pede a aposentada Iraci Carneiro Nogueira, de 65 anos.

Ela teve de fazer um “caminho” alternativo em meio a um terreno baldio ao lado da sua casa, na beira de uma residência vizinha, para poder sair de sua casa.

A frente da sua moradia fica na avenida, por onde ela consegue passar.

Dengue – A sensação de descaso e abandono entre os moradores é ainda maior quando o assunto é dengue. As crianças do bairro conhecem bem e apontam o local tido como um “velho criadouro do mosquito transmissor da doença”.

O criadouro, trata-se de uma piscina antiga e abandonada no interior de um terreno na Avenida Conde de Boa Vista, próximo a cerca de arame farpado do local.

Piscina abandonada acúmula água e mato. (Foto: João Garrigó)
Piscina abandonada acúmula água e mato. (Foto: João Garrigó)

A reportagem do Campo Grande News flagrou a situação da “piscina”, cheia de água suja e com diversas larvas de insetos – sendo provável que sejam do mosquito transmissor da dengue.

A piscina é revestida por azulejo, mas muitos já estão quebrados. O recipiente é cercado por mato e ao lado, no brejo, ainda formou-se um lago com água suja da chuva.

A comunidade não soube apontar quem seria o proprietário do terreno, mas afirmou que o local já foi utilizado como chácara para criação de gado. Vizinhos disseram que um chacareiro vai às vezes até o terreno para fazer a manutenção.

Segundo informações preliminares apuradas pela reportagem, um gerente de um banco público teria sido o último proprietário do local.

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