Confusão que acabou com carro queimado durou mais de 1 hora
A bagunça é tamanha no mirante do Aeroporto Internacional de Campo Grande, que durante uma hora virou barbárie, sem que ninguém tomasse providências na madrugada de domingo.
Durante mais de 1 hora, pessoas foram ameaçadas, carro tombado, depois queimado e nada de alguém impedir a confusão, que tem ocorrido até agora em proporções menores.
O relato de quem viu as cenas e dos dois rapazes envolvidos diretamente no caso são de um local sem limites.
Roger Luiz Lopes Figueiredo, de 20 anos, e um amigo de 17 anos, disseram à Polícia que por volta das 4h45 foram para o mirante, onde estacionaram o veículo que mais tarde seria destruído pelo fogo, um Gol de cor vermelha.
Algum tempo depois, segundo Roger, um grupo de rapazes começou a "olhar feio" para eles e em seguida iniciaram uma discussão. Um dos jovens deu um tapa no rosto de Roger que revidou, começando uma briga entre os dois amigos e grupo de aproximadamente 10 pessoas.
Em desvantagem, os dois dizem que saíram correndo, atravessaram a Duque de Caxias e se esconderam em um matagal do outro lado da rua. De longe, eles viram o veículo sendo depenado. Os agressores retiraram o aparelho de som, bateria, estepe e uma roda. Depois, viraram o Gol de cabeça para baixo.
Ainda conforme registro policial, testemunhas disseram que enquanto os rapazes depenavam o veículo, ameaçavam de morte o dono do carro.
Segundo testemunhas, uma equipe da Polícia Militar chegou a aparecer no local quando o carro ainda estava tombado, mas ao virarem as costas, o grupo colocou fogo no veículo.
O caso foi registrado como dano qualificado, quando cometido com material inflamável ou explosivo. O grupo deixou o local em um Fiat Uno e até agora ninguém foi preso.
De acordo com o delegado da 6ª Delegacia de Polícia Civil, Valmir Moura Fé, uma equipe já está na rua para identificar os agressores e amanhã pretende começar a ouvir as vítimas.
“Já sabemos que houve uma briga e em seguida colocaram fogo no veículo. Se identificarmos que alguém correu risco de vida por causa do incêndio, o caso será tratado como tentativa de homicídio”, diz o delegado.
Rotina - Morador do Jardim Aeroporto diz que presenciou o momento em que um grupo ateou fogo em veículo no mirante.
Com medo de represálias, ele pediu para não ser identificado. O morador conta que acordou antes das 5 horas da manhã para ir à igreja, quando percebeu que havia uma confusão no local. O homem conta que viu um rapaz sendo agredido.
Segundo ele, diante da situação, acionou a Polícia Militar, que chegou ao mirante logo em seguida. “Eles ficaram cerca de 10 minutos para dispersar o pessoal”.
Segundo a testemunha, durante o fogo no veículo, ele escutou um estouro no carro, que ficou completamente destruído.
A testemunha mora na região há 36 anos e essa é a primeira vez que presencia algo grave, desde que foi construído o mirante na frente da pista.
Outro morador, que também preferiu não se identificar, afirma que as aglomerações no espaço começam geralmente nas noites de quinta-feira. Ele conta que tem final de semana que passa a noite acordado na frente de casa para evitar que pessoas urinem ou pichem o muro da residência. “Eles são muito folgados. Já vieram aqui até pedir gelo para tomar tereré”.
De acordo com ele, enquanto uns se divertem, outros ficam de vigia para cuidar a Polícia. “Quando eles percebem que a Polícia está chegando assoviam alertando os demais”, conta.
A reportagem conversou com mais um morador. A casa dele fica em uma lateral a avenida Duque de Caxias, quase em frente do mirante. Ele diz que tem dia que os frequentadores do local chegam a bloquear o corredor de ônibus, impedindo a passagem de veículos na pista.
“ A gurizada chega de carro, liga o som bem alto e já começa aglomerar gente aqui”, reclama dizendo que com frequencia tem briga, pessoas usando drogas e se prostituindo.
De acordo com ele, um dos problemas é a venda de bebidas alcoólicas no local. “O povo enche a cara e começa a fazer baderna. É motociclista empinando moto na avenida”.
Ele conta que nem deixa a filha de sete anos ficar na varanda de casa porque sempre tem alguém urinando no muro ou usando drogas .
Planos antigos - A prefeitura tinha projeto de construir um mirante próximo ao Aeroporto Internacional, mas do outro lado da avenida Duque de Caxias.
Como, por questões de segurança, a Infraero não permite edificações em locais considerados “cones de aproximação”, região no entorno da pista de pousos e decolagens, a obra não foi viabilizada.
O projeto teve de ser modificado e virou apenas um ponto de contemplação. O local ficou pronto no final de 2011, mas sem segurança fixa no mirante.