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Capital

Contra crime, comércio quer internação compulsória de usuários de drogas

Com o título “Menos andarilhos, mais segurança!”, o abaixo-assinado on-line já foi lançado

Anahi Zurutuza | 21/02/2019 14:55
Morador de rua dormindo ao lado da estátua do poeta Manoel de Barros, que fica na Afonso Pena com a Rui Barbosa, no Centro (Foto: Direto das Ruas/Arquivo)
Morador de rua dormindo ao lado da estátua do poeta Manoel de Barros, que fica na Afonso Pena com a Rui Barbosa, no Centro (Foto: Direto das Ruas/Arquivo)

Para combater a escalada de roubos e violência na região central de Campo Grande, comerciantes e moradores, representados pelo Conselho de Segurança do Centro, vão propor aos vereadores da Capital e deputados estaduais que lei seja formulada prevendo a internação compulsória de usuários de drogas. O conselho, junto com a CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas), está elaborando abaixo-assinado que tem como uma das propostas que o poder público obrigue dependentes a irem para o tratamento.

Adelaido Luíz Spinosa Vila, que já presidiu o conselho e hoje comanda da CDL, explica que em 2018, levantamento feito por empresários e moradores voluntários, apontou a presença de ao menos 1,5 mil pessoas em situação de rua perambulando pela região central, boa parte delas dependente de drogas e álcool.

O número é 30% superior ao encontrado em 2017, segundo Vila. “Nós chegamos à conclusão que tem piorado muito”, afirma.

O presidente da CDL explica, com base nas entrevistas feitas pelos 22 integrantes do conselho, que Mato Grosso do Sul tem importado mão de obra barata para a construção civil e trabalho em lavouras. “O empregador do interior, quando dispensa o trabalhador, despacha ele para Campo Grande, dizendo que aqui ele vai encontrar algo melhor e ele acaba na rua”, afirma.

Ele conta que a própria entidade que representa os lojistas e o conselho, sempre que possível, dá ajuda financeira para pessoas de outros Estados voltarem para os seus locais de origem, quando assim pretendem. “Mas, muitos não têm vontade de voltar, porque sair de casa para trabalhar e acabar na rua é para essa pessoa uma derrota muito grande”.

Adelaido diz ainda que na rua, sem emprego e dinheiro, estes trabalhadores são alvos fáceis de traficantes. “Para suportar a dor de estar na rua, ele vai para a droga. E para sustentar o vício, ou ele vira trabalha para o tráfico ou é quem invade o comércio e comete o roubo”.

Moradores dormindo em calçada do Centro numa manhã fria em Campo Grande (Foto: Arquivo)
Moradores dormindo em calçada do Centro numa manhã fria em Campo Grande (Foto: Arquivo)

O presidente da CDL explica que intenção do abaixo-assinado é chamar a atenção do Poder Público para o problema, “que não é só de segurança”. “Queremos levantar essa discussão porque é uma questão de saúde pública. Queremos uma intervenção maior do MPT [Ministério Público do Trabalho] na fiscalização destes empregadores, queremos que o MPMS [Ministério Público do Mato Grosso do Sul] preste mais atenção nesta questão que é muito séria”.

Para a Câmara de Campo Grande e Assembleia Legislativa, segundo Adelaido Vila, a campanha vai enviar a proposta do projeto de lei sobre a internação compulsória. “Queremos um olhar mais criterioso e fiscalizador dos nossos legisladores, que possibilidade de fazer uma lei de internação compulsória daquele que está muito contaminado [com a dependência química]”.

O presidente da CDL chega a dizer que moradores e comerciantes do Centro também estão doentes. “O doente (usuário de entorpecentes) está fazendo outro doente, o que tem pânico de sair de casa, de ter seu comercio invadido”.

Coleta de assinaturas – O movimento reivindica “postura efetiva do Poder Público, Ministério Público e Defensoria Pública, quanto às seguintes intervenções: internação compulsória de usuários de drogas, ação que promova o retorno de estrangeiros e cidadãos de outros municípios às suas origens, além do fim da distribuição de esmolas e alimentos nas ruas da Capital”.

Com o título “Menos andarilhos, mais segurança!”, o abaixo-assinado on-line já foi lançado. No sábado (23), porém, integrantes do movimento vão ao calçadão da Barão do Rio Branco, entre a Calógeras e a 14 de Julho, para coletar assinaturas.

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