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Capital

Contra protocolo, pacientes com suspeita de H1N1 dividem emergência

Paula Maciulevicius | 07/06/2013 12:13

No setor de emergência da Santa Casa a quinta-feira foi apenas uma amostra do aumento do número de suspeitas de gripe A, que dobrou em menos de 20 dias. Na tarde de ontem, por pelo menos quatro horas, pacientes tiveram contato direto com outros dois internados sob suspeita de H1N1, sem serem isolados e sem nenhuma proteção. As denúncias chegaram ao Siems (Sindicato dos Enfermeiros do Estado do Mato Grosso do Sul)

Nesta quinta-feira a emergência contava com pouco mais de 15 pacientes. Dois deles já estavam entubados com a suspeita da doença. O terceiro que mantinha contato com os demais pacientes, evoluiu rapidamente para uma insuficiência respiratória e também foi entubado. O outro ainda permaneceu aguardando junto dos demais internados no setor de emergência, que inclusive recebe vítimas de trauma trazidas pelos bombeiros ou Samu. Ou seja, a porta de entrada que nunca se fecha para novos pacientes.

O protocolo a ser seguido desde a entrada de pacientes com suspeita ou confirmação de gripe A é a denominada precaução adicional respiratória para gotículas, que inclui quarto privativo, que pode ser compartilhado com pacientes infectados pelo mesmo microrganismo, desde que se mantenha a porta fechada; uso obrigatório de máscara comum, que deve ser descartada na saída do ambiente e quanto ao transporte do paciente, é preciso avisar que o paciente está em isolamento. Normas que, segundo informações que chegaram ao Sindicato, não estão sendo cumpridas. 

Em cima do aguardo de pacientes pela melhora e transferência para outro setor sem a proteção necessária, a preocupação do Siems é que com o aumento na procura de pacientes com sintomas da gripe a estrutura seja comprometida. Nesta semana chegaram a faltar respiradores e dois pacientes ficaram em ventilação manual mais de 6h.

De acordo com o Sindicato, os profissionais de Enfermagem estão recebendo a máscara de modelo N95. No entanto a informação é de que será distribuída uma a cada 30 dias. 

O Siems já iniciou fiscalizações no hospital. Uma foi realizada nesta manhã e outra será feita na troca de plantão, ainda hoje. Caso sejam averiguadas irregularidades, a Santa Casa será notificada. 

Mesmo sendo considerada semi-descartável e por alguns fabricantes, com data de validade de até seis meses, pelo desgaste do trabalho diário, a máscara perde a utilidade. “Tiveram funcionários do período noturno que disseram que a farmácia, que é a responsável por distribuir, estava se recusando a entregar a quem já havia pego uma, até que vencesse os 30 dias”, informou Lázaro.

Os números de suspeitas de H1N1 continuam a subir. No primeiro boletim divulgado pela Secretaria de Saúde do Estado, até dia de 17 maio, 56 casos tinham sido registrados. Quase 20 dias depois, já são 110 notificações sob investigação, destes 68 são pacientes sob tratamento em Campo Grande.

Dos quatro óbitos investigados, apenas um foi confirmado. Na segunda-feira (03), Edmar da Silva, 41 anos, morreu na Santa Casa. Ele ficou internado por 35h.

Entre os casos descartados estão do pedreiro César Mello Chaves, de 32 anos, que também morreu na Santa Casa no dia 29 de maio e de um homem de Água Clara, morto em Três Lagoas na semana passada.

Em Campo Grande, o resultado dos exames da estudante de Arquitetura Janaína Sonsim, 20 anos, deu inconclusivo. A família da jovem não permitiu que fosse feita necropsia. Ela deu entrada no Proncor e morreu 14h depois, no dia 25 de maio. A Secretaria de Saúde se baseou apenas no exame inicial de coleta de amostra de mucose, que não conseguiu confirmar a morte pela doença.

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