"Covarde", diz delegada sobre condutor que matou Michelli
Charles de Goes, de 30 anos, passa por audiência de custódia nesta sexta-feira
"O ato praticado por este condutor é covarde e repugnante, causa revolta na sociedade, provoca clamor público e deve ser punido com rigor". A frase da delegada Joilce Ramos antecedeu o pedido de prisão preventiva para Charles de Goes Júnior, de 30 anos, condutor bêbado que atropelou e matou Michelli Alves Custódio, 36, na madrugada desta quinta-feira (13).
O acidente ocorreu na Avenida Fábio Zahran, esquina com a Rua Ouro Branco, na Vila Carvalho, em Campo Grande, por volta de 1h40 da madrugada. Michelli foi chamada no portão por uma travesti a quem prestava ajuda e enquanto conversavam na frente da casa, foram atropeladas pelo Renaul Sandero. Os filhos dela, de 8 e 10 anos, presenciaram o crime e desesperados, acreditando que a mãe estava viva, pediram socorro a um vizinho.
Charles de Goes ainda tentou fugir e um familiar de Michelli chegou a subir no capô para impedi-lo, mas também ficou ferido. O condutor só foi preso porque o carro parou de funcionar uma quadra depois da batida. Teste do bafômetro resultou em 0,83 miligramas por litro de ar expirado.
No pedido de prisão preventiva, a delegada expõe a gravidade do caso. "(...) deixou duas crianças órfãs e traumatizadas por verem o corpo da mãe inerte, envolto em grande quantidade de sangue em frente a sua residência, tal cena jamais sairá de suas mentes, terão que conviver com a dor da perda daquela que lhes supria as necessidades físicas e emocionais, aquela que trabalhava para lhes garantir o sustento", destacou Joilce.
Interrogado, Charles confirmou que bebeu por mais de nove horas seguidas antes do acidente e foi embora de carro. No trajeto, afirma que o pneu estourou e ele se envolveu no acidente. Segundo ele, após a batida "não viu nada" e não sabia que atropelou pessoas, sendo avisado por uma colega que estava no carro pediu para que ele parasse.
Contudo, perícia contesta a versão do condutor e aponta que o pneu estourou quando o carro bateu no meio-fio e subiu na calçada, entortando o aro. A Polícia Civil também afirma que não é possível que Charles não tenha visto o acidente "nem mesmo a pessoa que subiu no capô tentando detê-lo, vez que entrou na primeira curva e parou um pouco adiante, provavelmente quando acabou o óleo do carro e o mesmo deixou de funcionar". Conforme a polícia, havia muito óleo derramado em todo o percurso e ele ainda dirigiu uma quadra inteira após os atropelamentos.
Charles passa por audiência de custódia nesta sexta-feira (14), quando será definida pela Justiça se a prisão será convertida para preventiva.