Cresce 707% o número de motoristas alcoolizados com carteira suspensa
Entre janeiro a 2 de outubro deste ano, mais de 1,9 mil motoristas em Mato Grosso do Sul tiveram a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) suspensa pelo Detran (Departamento de Trânsito), por dirigirem embriagados.
O número é oito vezes maior do que o ano passado. Em 2012, 241 condutores tiveram a carteira suspensa. Neste ano, 1.947 motoristas ficaram impossibilitados de dirigir por um ano. O valor representa 707% a mais de motoristas do que em 2012.
A informatização do setor de penalidades, utilizado pelo Detran desde o início do ano, é responsável pela celeridade na conclusão dos processos administrativos que suspendem o direito de dirigir.
Segundo a diretora de Habilitação e Educação de Trânsito do Detran, Elizabeth Félix, antes da implantação do sistema os processos eram feitos manualmente.
“As fiscalizações aumentaram e ainda temos a lei seca. Além disso, as autoridades estão punindo cada vez mais. Mas o que resultou nessa grande quantidade de processos concluídos é a informatização do sistema”.
Neste ano, 2.598 motoristas foram flagrados dirigindo sem habilitação, e em 2012 foram 4.570 condutores.
Em Campo Grande, de janeiro a setembro, 149 condutores foram detidos por dirigirem sob o efeito de álcool, segundo dados do Bptran (Batalhão de Policiamento de Trânsito). No ano passado, de janeiro a dezembro, 193 motoristas foram encaminhados à delegacia por dirigir embriagado.
Elizabeth ressalta ainda que a penalidade contra o artigo 165 do Contran (Código Brasileiro de Trânsito) é o que mais tem causado mortes na Capital. “O maior fator de risco hoje em Campo Grande é dirigir. É o que tem causado mais mortes ou ainda lesões permanentes nas vítimas”.
Para a subcomandante da Bptran (Batalhão de Policiamento de Trânsito), a major Itamara Nogueira, os órgãos passaram a ter mais poder de atuação, e, além disso, a Lei Seca contribui para as punições mais severas.
“O percentual de motoristas que dirige embriagado e se envolve em acidentes graves e fatais chega a 30% do total de acidentes. Isso é uma média nacional”.
Além do processo administrativo, que resulta na suspensão da habilitação, o condutor que é flagrado dirigindo embriagado responde também por crime de trânsito. Elizabeth explica que para cada um dos processos - administrativo e criminal - regem dois limites de álcool no sangue.
De acordo com o Contran, a tolerância é de 0,05 miligrama por litro de ar. Se o condutor for flagrado no bafômetro com níveis superiores ao permitido, ele é preso em flagrante.
“Ele pode pagar fiança, que á arbitrada pelo juiz, e responder em liberdade”, explica Elizabeth.
O motorista irá também responder o processo administrativo, onde a tolerância de álcool no sangue é zero. “Mesmo que o motorista não queira fazer o bafômetro, o policial faz o termo de constatação e a CNH é apreendida. Para o processo administrativo não é tolerado nenhum limite de álcool”, explica.
“O motorista até pode pegar a carteira no dia seguinte, mas assina um termo de entrega e fica com a carteira até que o processo seja concluído. Quando isso acontece, o motorista tem até 48 horas para entregar a habilitação ao Detran”. A suspensão é de um ano.
No caso dos crimes de trânsito, se o motorista se recusar a fazer o bafômetro, o policial pode verificar sinais que indiquem a alteração da capacidade psicomotora. Podem ser usadas fotos, vídeos, ou qualquer outra prova que evidencie a embriaguez, o que é chamado termo de constatação.
A multa para motoristas alcoolizados é de R$1.915,40, sendo infração gravíssima e 7 pontos na carteira. O motorista pode recorrer em ambos os casos, tanto no administrativo, quanto no criminal.
Dados: Em Mato Grosso do Sul, de acordo com o Detran, aconteceram 12.084 acidentes na Capital, em 2012.
No ano passado, 126 pessoas morreram vítimas de acidente de trânsito, segundo o Bptran (Batalhão de Policiamento de Trânsito). Em 2013, até o ínicio de outubro já são 80 vítimas na Capital.
De acordo com o MInistério da Saúde, 40 mil pessoas morrem por ano vítimas de acidentes de trânsito.
Em 70% dos casos de acidentes com morte, o fator álcool estava presente mesmo sem configurar embriagues. Os acidentes de trânsito são a terceira maior causa de morte no país.
No Brasil a proporção é de uma morte para cada 690 veículos. Na França, esse número é de uma morte para cada 3 mil veículos. Nos Estados Unidos o índice chega a uma morte para cada 5.300 veículos.