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Da crise de ciúme ao acerto de contas: número de homicídios cresce em 2016

Enquanto em 2015 foram registrados 66 assassinatos, este ano já são 74 homicídios

Luana Rodrigues | 28/07/2016 11:25
Em janeiro, tragédia chocou família e colegas de trabalho de Vilma Lima, 57 anos, morta pelo ex-marido, no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul. (Foto: Fernando Antunes)
Em janeiro, tragédia chocou família e colegas de trabalho de Vilma Lima, 57 anos, morta pelo ex-marido, no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul. (Foto: Fernando Antunes)

Uma crise de ciúmes, uma briga de bar, uma discussão entre vizinhos ou acertos de conta por dívidas de drogas. Variadas as motivações, o número de assassinatos subiu em Campo Grande de janeiro a julho deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Em 2015 foram registrados 66 homicídios, enquanto esse ano já são 74, de acordo com a Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública). Em uma análise rápida aos casos, é possível perceber que os motivos desses crimes são cada vez mais banais e a frieza dos assassinos, na maioria das vezes confessos, chama a atenção.

Logo no início do ano, uma tragédia em dois atos mobilizou a polícia e chocou amigos e parentes de Vilma Lima, 57 anos, funcionária do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul. A mulher foi morta pelo ex-marido, Wilson de Lima, 69, a golpes de faca, dentro da unidade hospitalar.

Na fuga, Lima teria tentado suicídio ao jogar o Celta que dirigia contra um caminhão, que seguia em sentido contrário na BR-262, saída para Sidrolândia. Após a colisão, Wilson recusou abrir o carro para receber socorro, sacou uma faca e apunhalou o próprio peito. Socorrido, ele passa bem, e continua preso pelo crime.

Manicure Jeniffer Nayara Guilhermete de Morais, 22, foi morta a tiros, por ciúmes. (Foto: Reprodução/ Facebook)
Manicure Jeniffer Nayara Guilhermete de Morais, 22, foi morta a tiros, por ciúmes. (Foto: Reprodução/ Facebook)
Thais Giedry Borges dos Santos foi degolada na Praça do Rádio. (Foto: Reprodução/ Facebook)
Thais Giedry Borges dos Santos foi degolada na Praça do Rádio. (Foto: Reprodução/ Facebook)

Ainda em janeiro, a manicure Jeniffer Nayara Guilhermete de Morais, 22 anos, foi morta a tiros no Inferninho, na saída para Rochedo. Gabriela Santos Antunes e a amiga Emily Karoliny Leite, confessaram o crime, mas disseram que queriam apenas dar um susto na vítima, raspando o cabelo de Jeniffer, por ter se envolvido com um homem que casado.

Alguns dias depois, Thais Giedry Borges dos Santos, também de 22 anos, foi morta com várias facadas no pescoço, rosto e tórax, em plena Praça do Rádio Clube, na Avenida Afonso Pena.

Iris Adriana Barbosa da Silva, 22 anos, ex-namorada da vítima, e Kielvnn de Morais, 24 anos, são acusados pelo homicídio. De acordo com a polícia, os dois confessaram que planejaram o crime, mas Iris disse que só aceitou participar, porque era ameaçada de morte. Já Kielvnn contou que tinha planos de matar mais dois homens, que também tinham contato com a esposa dele, ou seja, na versão dele o crime foi por ciúmes.

Em fevereiro, um adolescente de 17 anos confessou que matou Kleber Silvério de Souza, 39 anos, na esquina das ruas da Tuba e Orquestra, em frente a uma igreja evangélica, no Bairro Tiradentes, em Campo Grande. Segundo a polícia, a vítima tinha envolvimento com o tráfico de drogas e a morte pode ter sido acerto de contas.

Pouco mais de um mês depois, Carlos Dutra Araújo, 37 anos, foi morto a facadas, no Jardim Imperial, região Norte de Campo Grande. Tudo indica que a confusão começou em um bar no mesmo bairro. A auxiliar de limpeza Ana Paula Gomes da Silva, 22 anos, confessou ter matado a vítima por ciúmes, pois dias antes ele teria passado a mão em sua namorada.

Em junho, o comerciante Anderson Peixoto Novaes de 26 anos, foi morto com pelo menos 20 tiros de pistola 9mm, em um comércio na Rua Clelia Rosa dos Santos, com a Rua Osmar de Andrade, no Jardim Nashiville. A polícia acredita em acerto de contas, como motivo para a execução.

Este mês, dez homicídios dolosos - quando há intenção de matar, já foram registrados em Campo Grande. Entre eles o de Pedro Henrique de Souza Prado, 21 anos, assassinado a tarde, em um campo de futebol, no Jardim Columbia. Ele assistia uma partida de futebol, quando foi atacado por duas pessoas. Um dos suspeitos teria segurado a vítima, enquanto o outro pegou uma faca e desferiu vários golpes.

Intolerância, acerto de contas e ciúmes, também estão entre os principais motivos dos outros nove crimes.

Conte até 10 – Há quatro anos o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) propõe uma iniciativa aos brasileiros que estiverem prestes a cometer um assassinato contra alguém: "Conte até 10. A raiva passa. A vida fica".

Isso porque, segundo um levantamento feito pelo Ministério da Justiça, 80% dos assassinatos cometidos no Brasil são por impulso ou motivos fúteis. Para evitar essas mortes, a campanha propõe contar até dez e manter o controle.

No início deste mês, assassinato foi filmado por moradores, que nada fizeram para salvar a vida de Pedro Henrique de Souza Prado, 21 anos (Foto: Reprodução/ Facebook)
No início deste mês, assassinato foi filmado por moradores, que nada fizeram para salvar a vida de Pedro Henrique de Souza Prado, 21 anos (Foto: Reprodução/ Facebook)
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