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Capital

De norte a sul, Ernesto Geisel desmorona e vira depósito de lixo

Mato alto, lixo, erosão, promessas e nada de revitalização

Cleber Gellio | 22/11/2021 14:11
Córrego Segredo desmoronou, em frente ao Centro de Belas Artes. (Foto: Paulo Francis)
Córrego Segredo desmoronou, em frente ao Centro de Belas Artes. (Foto: Paulo Francis)

Há mais de uma década da concepção do projeto original de revitalização, elaborado em 2008, para solucionar problemas causados pelas águas pluviais, a Avenida Presidente Ernesto Geisel tornou-se o maior obstáculo a ser transposto por gestões municipais quando se trata de obras.

Entre uma administração e outra, os problemas continuam os mesmos: de ponta a ponta, a Norte-Sul, como é conhecida, apresenta "cicatrizes", decorrentes da falta de medidas efetivas de contenção e drenagem das chuvas. Agravados pelo processo de impermeabilização do solo gerado por empreendimentos imobiliários e obras de pavimentação dos últimos anos, problemas com enchentes e desmoronamentos, de margens dos córregos e rio que corta a via, tornaram-se frequentes.

Na Ernesto Geisel entre a Bom Sucesso e a Rua Sol Nascente, margem do Rio Anhanduí virou depósito de lixo. (Foto: Direto das Ruas)
Na Ernesto Geisel entre a Bom Sucesso e a Rua Sol Nascente, margem do Rio Anhanduí virou depósito de lixo. (Foto: Direto das Ruas)

Ao longo dos últimos 13 anos, não faltaram empresas de engenharia e arquitetura apresentando projetos para reformar a pista, além de intervenções diretas ao Córrego Segredo e Rio Anhanduí. Um dos projetos, de 2015, previa por exemplo a canalização de trechos e a revitalização das margens do rio, o recapeamento da via, a implantação de praças de convívio, pista de caminhada e ciclovia, além de gaurd-rail em pontos de risco.

Porém, as promessas de soluções permanentes desmoronavam-se a cada chuva caía. Hoje, a realidade é bem diferente da proposta inicial, o mato alto, placas de concreto soltas dentro do rio, calçada deteriorada e a falta de manutenção do que já foi concluído compõem o cenário.

As obras do Anhanduí previam espaço público de lazer e convivência. (Foto: Reprodução)
As obras do Anhanduí previam espaço público de lazer e convivência. (Foto: Reprodução)


Imagem atual da obra no trecho já executado do Rio Anhanduí. (Foto: Paulo Francis)
Imagem atual da obra no trecho já executado do Rio Anhanduí. (Foto: Paulo Francis)

Na região do Anhanduizinho - sul da cidade -, a placa fixada sobre a obra do lote 3, com investimentos de R$ 13,4 milhões provenientes do Governo Federal, Caixa Econômica e Prefeitura - sem data de início ou término - anuncia: Manejo de Águas Pluviais no Fundo do Vale do Rio Anhanduí, mas o que se vê é um amontoado de lixo e entulho às margens do rio e da própria avenida, que ficou interditada durante execução de etapas anteriores.

Erosão na Avenida Ernesto Geisel próximo ao cruzamento com a Rua do Aquário. (Foto: Paulo Francis)
Erosão na Avenida Ernesto Geisel próximo ao cruzamento com a Rua do Aquário. (Foto: Paulo Francis)

Para Marcilio Severino Dias, 67 anos, “liberar o trânsito foi bom porque facilita o acesso às lojas, mas não adianta resolver por um lado e deixar o outro descuidado”. “Aqui está sendo tomado por lixo e entulho, funcionários da prefeitura limpam, mas quando vão embora, acontece tudo novamente. Deveria ter mais fiscalização”, completa o comerciante.

Eduardo Cabral, 58 anos, presidente da associação de moradores do Bairro Cabreúva, durante entrevista. (Foto: Paulo Francis)
Eduardo Cabral, 58 anos, presidente da associação de moradores do Bairro Cabreúva, durante entrevista. (Foto: Paulo Francis)

Na outra ponta - Com as chuvas que caíram na última semana, parte da estrutura do Córrego Segredo desmoronou, em frente à construção do Centro de Belas Artes. De acordo com Eduardo Cabral, 58 anos, presidente da associação de moradores do Bairro Cabreúva - região central da cidade -, estragos provocados pelas enchentes na região são frequentes. “Este ponto aqui mesmo é crítico, sempre dá problema quando chove. E toda vez os reparos são paliativos, quando volta a chover, os problemas também voltam”, frisou.

De acordo com o secretário municipal de infraestrutura e serviços públicos, Rudi Fiorese, o conserto do local iniciou-se no sábado (20) sem previsão para término. “Foi a placa lateral que caiu, vamos recolocá-la e fazer os reparos necessários”.

Solução - Segundo Fiorese, a construção de futuras barragens de contenção nos córregos resolveriam o problema das enchentes. Ele explica que na região do Segredo “ainda há muito espaço para fazer loteamentos e como forma de compensação ambiental, para mitigar os impactos dos empreendimentos, faríamos uma parceria com as incorporadoras na implantação de barragens para controlar a vazão das águas”.

O gestor da pasta disse ainda que as obras da Ernesto Geisel, entre as ruas do Aquário e Abolição, trecho que margeia o Rio Anhanduí, foram iniciadas pela administração atual em 2018 e ficaram paradas por seis meses devido à falta de repasses e à pandemia de covid, mas que contam com 65% concluídos. A previsão de término é para 2022.

Levando em conta os prlongamentos, a Avenida Ernesto Geisel começa na Avenida Campestre, no Conjunto Aero Rancho - sul da Capital, onde recebe o nome de Avenida Thryson de Almeida, corta a região central, até virar Avenida Prefeito Heráclito Diniz de Figueiredo, na região do Estrela do Sul e Coronel Antonino, no norte da cidade.

Confira a galeria de imagens:

  • (Foto: Paulo Francis)
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