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Capital

De tornozeleira, "acumulador da Planalto" não pode voltar para casa

Homem foi preso por lotar esquina com lixo, está no semiaberto e a 2 dias do Natal fez, de praça, nova morada

Por Gabi Cenciarelli | 23/12/2024 17:51
José Fernandes da Silva segurando documentos de sua prisão na Praça do Rádio (Foto: Gabi Cenciarelli)
José Fernandes da Silva segurando documentos de sua prisão na Praça do Rádio (Foto: Gabi Cenciarelli)

José Fernandes da Silva, conhecido como "acumulador da Planalto", desde o dia 12 está em regime semiaberto após ser preso em flagrante, em agosto deste ano, por crime ambiental e é famoso por jogar lixo na calçada e atormentar vizinhos. Usando tornozeleira, a dois dias do Natal, o homem reclama que a prisão foi abusiva e ainda é punido com medida restritiva que o impede de se aproximar de casa, onde estão a esposa e quatro filhas.

José entrou em contato com o Campo Grande News na tarde desta segunda-feira (23) dizendo que queria ser ouvido. Ele reclama que, mesmo tendo cometido o crime por anos, além de acumular lixo e carcaças de animais na casa onde morava, na Rua Planalto no Jardim TV Morena, não acha que deveria ter ido para a prisão por isso. Agora, está andando pelas ruas até se recolher ao presídio para passar a noite, somente com uma mochila, guarda-sol e uma sacola com seus documentos.

O endereço hoje é a Praça Rádio Clube, no Centro da cidade. "Eu confesso, cometi o crime, mas me jogaram na cadeia por quatro meses. Eu sou pai, tenho quatro filhas pra cuidar e agora eu queria saber porque não posso passar o Natal com elas, não posso ir para minha casa por 180 dias. Eu não sou baderneiro", garante José.

Tornozeleira eletrônica que impede seu José de ir para casa (Foto: Gabi Cenciarelli)
Tornozeleira eletrônica que impede seu José de ir para casa (Foto: Gabi Cenciarelli)

Entenda o caso - O vendedor continua repetindo que encheu o terreno de lixo como forma de protesto contra a prefeitura. Ele reivindica, há cerca de dois anos, pagamento de aproximadamente R$ 1,3 milhão pela desapropriação de terrenos dele na época da execução do projeto Cabaça/Areias, de 2009, que abriu vias e realizou obras de drenagem na área.

A Prefeitura de Campo Grande foi condenada a pagar R$ 106 mil a José pela desapropriação, mas segundo José, a avaliação pericial feita a pedido dele identificou que o valor real seria de R$ 129 mil. Por fim, a indenização ainda foi depositada em conta judicial.

"Eu não sou doido. Eu faço essas coisas, ando com o guarda-chuva porque estou desesperado para ser ouvido. Eu não sou vândalo e nem bandido, eu sou pai, cuido da minha família e só estou pedindo o que é meu de direito", relata o homem.

Casa de José quando foi preso por crime ambiental na Rua Planalto (Foto: Arquivo/Paulo Francis)
Casa de José quando foi preso por crime ambiental na Rua Planalto (Foto: Arquivo/Paulo Francis)

A prisão - No dia 13 de agosto deste ano, a Decat (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista) foi até a Rua Planalto e encontrou grande quantidade de lixo, carcaças de animais mortos e até cabeças de peixe na via pública. A Garras (Delegacia Especializada em Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) foi acionada e teve a autorização para entrar no imóvel, o que José teria se exaltado.

Diante da insalubridade, considerada "insustentável para a saúde dos moradores e dos vizinhos" pela polícia, José foi preso. Ele passou por audiência de custódia no dia seguinte e teve a prisão em flagrante convertida em preventiva. José também foi autuado por criação irregular de aves, como galinhas e galos.

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