Decretada preventiva de jovem que confundiu condomínio com batalhão da PM
Na audiência de custódia, ele disse à juíza que foi agredido com tapas por policiais e denúncia será apurada pelo MP
O jovem de 21 anos que foi flagrado com maconha após ir parar sem querer no Batalhão de Choque da Polícia Militar teve a prisão preventiva decretada. A decisão foi da juíza Eucélia Moreira Cassal, durante a audiência de custódia.
Na audiência, Gustavo Porter Sertão denunciou que foi agredido com tapas pelos policiais do Choque, mas que a violência não deixou marcas.
A magistrada determinou que ele faça exame de corpo de delito no Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) e encaminhou cópia da denúncia ao Gacep (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial), braço do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).
A preventiva foi decretada para garantia da ordem pública. “Ressalto, outrossim, embora haja Recomendação do Conselho Nacional de Justiça acerca da máxima excepcionalidade na decretação de novas ordens de prisão preventiva no Período de Pandemia, verifica-se, in casu, o fato do crime de tráfico de drogas ser equiparado a hediondo, de modo que infiro não ser recomendável a concessão de medidas cautelares mais brandas”, afirma a juíza.
Segundo informações do boletim de ocorrência, o jovem e um amigo estavam em um carro de corridas de aplicativo e tinha como destino condomínio de luxo ao lado do prédio do Batalhão de Choque, na Avenida Afonso Pena, em Campo Grande.
O motorista errou a entrada do condomínio e parou o veículo em frente ao prédio da PM. Os dois jovens desceram do carro e acabaram abordados pelos policiais.
O que teve a prisão em flagrante convertida em preventiva levava 890 gramas de maconha, R$ 1.074 e disse morar em condomínio de luxo na saída para Cuiabá. Na audiência de custódia, informou endereço no bairro Carandá Bosque. O amigo tinha 105 gramas da droga.
Gustavo contou que é atleta de lutas e que fez amizade com jovens de classe média alta na academia. No início da pandemia, ele deixou de treinar e começou a usar maconha.
De acordo com o depoimento, como não gostam de ter contato com traficantes, ele e os amigos compram droga em maior quantidade e dividem entre si, para uso próprio.
No mês passado, o rapaz viajou para o Rio de Janeiro e um amigo de Campo Grande, morador do Conjunto União, entrou em contato e pediu dinheiro emprestado para comprar comida para a filha. Ele fez a transferência no valor de R$ 722.
O suspeito retornou de viagem no dia 4 deste mês na segunda-feira (dia 9) o amigo entrou em contato e disse que pagaria o valor que pegou emprestado. Ele e o jovem de 19 anos contrataram corrida de aplicativo e foram até o Conjunto União. No local, o amigo disse que não tinha o dinheiro em espécie e que pagaria com maconha.
A dupla pegou a droga e seguiu rumo ao condomínio ao lado do Batalhão de Choque, onde usaria a maconha com mais três amigos.