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Capital

“Decreto para inglês ver”, diz prefeito sobre prazo para preparar fiscalização

Marquinhos ganhou 48h, mas defende que 3 dias no mínimo seria prazo razoável para começarem restrições

Anahi Zurutuza e Caroline Maldonado | 11/06/2021 09:51
Prefeito Marquinhos Trad em entrevista (Foto: Henrique Mawaminami/Arquivo)
Prefeito Marquinhos Trad em entrevista (Foto: Henrique Mawaminami/Arquivo)

"Essa decisão do Supremo (STF) de tirar autonomia dos municípios é muito maléfica", reclama o prefeito Marquinhos Trad (PSD) sobre as novas imposições do governo do Estado que, como são mais restritivas, se sobrepõem aos decretos municipais.  Marquinhos ganhou dois dias para as regras entrarem em vigor, mas ainda acha que o tempo para organizar a fiscalização de decreto estadual é curto, porque terá demanda muito maior que a do toque de recolher.

“Não pode mudar da noite para o dia a cor da bandeira. Sou a favor da vida, seguimos todos os decretos há 14 meses. Quero cumprir porque eu sou a favor da ciência, acredito que estejamos na bandeira cinza, mas preciso de um prazo de pelo menos 3 dias. Senão vai ser um decreto para inglês ver, não vamos conseguir fiscalizar”, disse o chefe do Executivo municipal.

O prefeito lembrou que o Prosseguir (Programa de Saúde e Segurança na Economia) sempre trouxe informações antecipadas, o que desta vez ocorreu na véspera. "A atualização das bandeiras ocorre a cada 14 dias, para cada município avaliar a adesão as recomendações recebidas e ter tempo para se programar".

Marquinhos falou do prejuízo dos comerciantes. "Li em reportagem do Campo Grande News que dono de floricultura vai perder maior parte do estoque". Ele afirma que as restrições impostas pelo governo ontem não pegaram de surpresa só empresários e comerciantes, que haviam feito estoque e planejado os lucros com o Dia dos Namorados, mas outros setores. “Na bandeira cinza, não pode ter prova da OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] no domingo, não pode ter eleição em Sidrolândia. Eu não administro uma cidade com 5 mil habitantes. Tenho de ver transporte coletivo, agência de trânsito, rodoviária, aeroporto, eu estou com o Refis aqui e tenho de fechar tudo”.

Apesar de reclamar do pouco prazo, o prefeito afirma que medidas já foram tomadas para organizar a fiscalização do fechamento da cidade. A PM (Polícia Militar) também informou que vai empenhar efetivo já reforçado nas três operações em andamento em Mato Grosso do Sul para fazer valer as medidas restritivas.

Marquinhos Trad voltou a defender que o quadro da pandemia em Campo Grande é estável e que os municípios do interior pressionam a rede hospitalar da Capital, que não pode ser penalizada com a interrupção abrupta das atividades econômicas. “Dia 8, tínhamos 340 leitos e 329 estavam ocupados, no dia 9 eram 337 ocupados, ontem, 334. A gente está num nível estável, mas um estável altíssimo, quase chegando a 100%. Mas vamos ser realistas, Campo Grande tem 122 anos, sempre esteve com 90% das UTIs ocupadas. A situação é crítica no interior. As pessoas que estão indo para fora não são da Capital”.

Mato Grosso do Sul já transferiu 25 pacientes graves de covid para tratamento fora, cinco delas têm residência em Campo Grande, segundo a SES (Secretaria Estadual de Saúde).

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Bandeira cinza - Campo Grande entrou na "bandeira cinza", que indica risco extremo de contágio com o novo coronavírus, e teria que fechar todas as atividades não essenciais, como shoppings, bares e restaurantes, de hoje (11) até 24 de junho. No início da semana, a cidade havia recebido a classificação vermelha, mas o Prosseguir, criado pelo Estado para orientar municípios sobre como agir para controlar a pandemia, revisou os parâmetros durante a noite de quarta-feira e reenquadrou a Capital.

A medida foi tomada porque todas as macrorregiões de Mato Grosso do Sul têm mais de 90% dos leitos ocupados. O Estado está tendo de enviar pacientes para outras localidades na tentativa de salvá-los.

Na noite de ontem, porém, o governo atendeu ao pedido dos municípios e adiou em 48h o início das restrições previstas. A partir de domingo (13), portanto, todos os municípios do Estado deverão aderir às novas regras. Até então as cidades que não fossem adotar as recomendações poderiam apresentar as "justificativas técnicas" para o descumprimento perante a Secretaria de Estado de Saúde.

Até o dia 26 de junho, Campo Grande e os outros 42 municípios com bandeira cinza terão de retomar o toque de recolher a partir de 20 horas. A venda de bebidas alcoólicas nestas regiões está permitida apenas no sistema delivery e a lista de serviços essenciais que estão liberados para funcionar inclui 51 atividades, dentre supermercados, transporte coletivo, bancos, lotéricas e até igrejas e academias.

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