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Capital

Defesa de jovem nega golpe e culpa instabilidade do mercado financeiro

Advogado diz que cliente está tentanto fazer empréstimo no banco para resolver problema

Bruna Marques | 27/06/2023 10:17
Só uma das vítimas diz que perdeu R$ 30 mil. (Foto: Arquivo/CG News)
Só uma das vítimas diz que perdeu R$ 30 mil. (Foto: Arquivo/CG News)

O advogado do suposto golpista, de 24 anos, denunciado por falso investimento na bolsa de valores, procurou o Campo Grande News, na manhã desta terça-feira (27), e afirmou que o cliente não é estelionatário. Segundo ele, a falta de pagamento aos investidores “é culpa do mercado financeiro”, que teve queda depois da pandemia do coronavírus.

Por telefone, o advogado Nikollas Pellat preferiu preservar a identidade do cliente. Ele contesta a matéria publicada no último sábado (24), pelo Campo Grande News, em que um motorista de aplicativo de 55 anos procurou a polícia para denunciar o suposto golpe de falso investimento. A vítima, que prefere não se identificar, perdeu R$ 30 mil e chegou a denunciar um guarda municipal de envolvimento no esquema.

“A história está bem diferente do que aconteceu e está acontecendo. Realmente a empresa trabalha com investimento. Inicialmente, o mercado financeiro estava bom, eu mesmo investia, aí veio a pandemia e caiu. Alguns investidores que perderam dinheiro acharam ruim. As próprias pessoas que indicaram tiveram queda. Alguns clientes ficaram insatisfeitos e acharam que era fraude, o mercado de investimento é instável”, disse o advogado.

Nikollas revelou que após ser procurado pelos investidores, o cliente propôs pagar o prejuízo das pessoas de forma parcelada, opção que foi rejeitada por uma das vítimas. “Quando essas pessoas começaram a reclamar, a empresa começou a buscar reembolsar, mas alguns clientes não quiseram receber o valor parcelado. A empresa não tinha como pagar à vista, quem aceitou receber por mês já está recebendo. Esse rapaz não aceitou, ele quer à vista e à vista não tem como”, esclareceu.

Para que a situação seja resolvida, o advogado contou que o cliente está tentando empréstimo no banco, para que todos os contratos sejam regularizados. “Atualmente, existem três inquéritos em andamento, alguns já foram arquivados. Meu cliente quer fazer um empréstimo para conseguir fazer os acordos. A empresa está disposta a resolver”, concluiu.

Denúncia – Ao Campo Grande News, o motorista de aplicativo, 55 anos, explicou que procurou o rapaz para fazer um investimento após indicação de um guarda municipal há aproximadamente 2 anos, sendo R$ 10 mil em nome dele e mais R$ 20 mil no nome da esposa. E a promessa seria de que o valor com o rendimento seria depositado na conta do motorista de aplicativo, no entanto, isso nunca aconteceu.

Em novembro de 2022, ele então procurou a Polícia Civil e registrou um boletim de ocorrência pelo crime de estelionato. Além disso, ele até denunciou o guarda municipal na Corregedoria da instituição alegando que ele estaria envolvido no golpe.

Além do motorista de aplicativo, outras quatro pessoas teriam sido vítimas do mesmo golpe. O mais recente foi registrado em janeiro deste ano. Conforme o boletim de ocorrência, o homem de 46 anos, motorista de caminhão pesado, procurou a 7ª Delegacia de Polícia Civil no dia 25 daquele mês.

Segundo o homem, ele firmou um contrato de investimentos com o suposto golpista com data firmada em 8 de julho de 2022 quando repassou R$ 50 mil ao rapaz e, em um segundo acordo, na mesma data, passou mais R$ 70 mil. Valores que deveriam render 4% e 8%, respectivamente, de juros ao mês. A negociação venceria no dia 9 de janeiro de 2023.

A vítima afirmou à polícia que chegou a receber R$ 6.136 no dia 27 de setembro do ano passado, mas após isso não houve mais nenhum repasse e o rapaz não atendeu mais suas ligações, assim como a seguradora CPM Investimentos, que seria a responsável de fato pelos investimentos.

Além dos dois motoristas, uma mulher, que não teve a idade e o nome revelados, também denunciou o rapaz pelo golpe. No relato, ela afirma que manteve um relacionamento de nove meses. No período em que estiveram juntos, ela transferiu R$ 117,5 mil para investimento na bolsa de valores que seria feito com a CPM e parte dos rendimentos seria devolvido após seis meses.

No entanto, ela teria descoberto que o rapaz mentiu ser policial rodoviário federal e terminou o relacionamento. Um tempo depois, a mulher foi questioná-lo sobre o contrato e ele marcou uma reunião a qual mostrou algumas telas de aplicativo de investimento em que os valores estavam bloqueados, por isso, ele não estaria fazendo os pagamentos.

O rapaz então teria oferecido seu carro como pagamento, caso o negócio não desse certo, no entanto, quando excedeu o prazo do contrato, a vítima foi procurar o suspeito e ele alegou que o veículo era financiado e não poderia repassá-lo como pagamento e que não tinha dinheiro para a quitação. Em seguida, parou de responder as mensagens da ex-namorada.

Ela afirma ainda que para diminuir o prejuízo, o autor teria sugerido que ela emitisse um cartão de crédito em seu nome e passasse na máquina de um suposto comparsa. Essa transação seria contestada por eles e o valor ficaria retido sendo então repassado para a mulher, mas ela não aceitou.

No mesmo ano, uma outra pessoa registrou boletim de ocorrência contra o rapaz. Dessa vez, a vítima investiu R$ 40 mil e que por quatro meses não recebeu nenhum pagamento do acusado.

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