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Capital

“Dei duas picaretadas”, diz réu por matar e enterrar homem em cama de concreto

Márcio Pereira da Silva e Ricardo Freitas Portes enfrentam o Tribunal do Júri nesta quarta-feira

Por Antonio Bispo | 25/09/2024 11:23
Márcio, à esquerda, e Ricardo, à direita, sentados no banco dos réus na manhã desta quarta-feira (Foto: Henrique Kawaminami)
Márcio, à esquerda, e Ricardo, à direita, sentados no banco dos réus na manhã desta quarta-feira (Foto: Henrique Kawaminami)

Diante do Tribunal do Júri na manhã desta quarta-feira (25), o réu Márcio Pereira da Silva afirmou que matou e concretou em uma cama, Damião Miguel da Silva, após dar “duas picaretadas” na cabeça da vítima durante discussão no bairro Monte Castelo. Além dele, Ricardo Freitas Portes também é julgado pelo crime.

Quando questionado pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos, Márcio relatou que morava no hotel abandonado há algum tempo, após o proprietário do local morrer e ninguém da família aparecer para tomar posse do terreno.

Era ele quem ficava responsável por controlar quem dormia no local que, segundo ele, possuía 162 quartos. Entre os moradores estavam Márcio, Ricardo e a vítima.

O réu contou que é usuário de drogas e de bebida alcoólica, e que no dia do crime o trio consumiu pasta base. Durante conversa, Damião teria o chamado de “corno”, iniciando uma discussão entre os envolvidos.

Por conta de uma dívida de R$ 150, os ânimos ficaram ainda mais exaltados e entraram em luta corporal. Márcio contou que pegou uma picareta e deu dois golpes na cabeça da vítima, que já caiu desacordada.

Foto da vítima ao fundo, enquanto Márcio era ouvido no tribunal (Foto: Henrique Kawaminami)
Foto da vítima ao fundo, enquanto Márcio era ouvido no tribunal (Foto: Henrique Kawaminami)

Em seguida, o autor afirmou que deixou o local e não sabe quem possa ter arrastado o corpo de Damião até o quarto onde dormia o próprio Márcio e concretado na cama.

Diante dos jurados, afirmou que retornou no dia seguinte, dormiu em outro quarto, mas não sabia da existência do corpo concretado no cômodo. Dias depois, decidiu deixar o local por conta de briga com vizinhos que ficavam incomodados com a presença dos usuários de drogas no empreendimento abandonado.

Ao ser preso, deu o nome do irmão, que mora em São Paulo. Somente dias depois que decidiu avisar que havia se passado pelo parente, quando foi corrigido o erro no sistema judicial. Quanto ao comparsa, disse que não viu Ricardo agredindo ou enterrando o corpo de Damião no quarto.

O crime - De acordo com o delegado da 2ª Delegacia de Polícia, Leandro Costa Lacerda Azevedo, responsável pelo caso, no dia 21 de agosto de 2023, os investigadores foram cumprir mandado de prisão de um homem que frequentava a vila de quitinetes e no local os policiais sentiram mau cheiro.

Desconfiados do forte odor, a equipe acionou a perícia e descobriu uma ossada humana, enterrada em uma cama embutida selada com cimento.

“Um dos autores negou o crime e apontou outro homem como suspeito. Conseguimos identificar que ele trabalhava em Bandeirantes, mas prendemos ele em Campo Grande. Ele confessou que quem matou foi o primeiro homem que abordamos e falou que agiram em conjunto”, explicou o delegado Leandro.

O homem, identificado como Damião Miguel da Silva, foi morto com pauladas pelo menos três meses antes de ser encontrado e havia um boletim de ocorrência de desaparecimento no nome da vítima.

Segundo o delegado, o motivo do crime foi por conta de dívida de droga e empréstimo de ferramenta. "Eles mataram a vítima com pauladas, falaram que não tinha o que fazer e decidiram enterrar", disse o delegado.

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