Delegado diz não ver indícios de vacinação irregular e sumiço de doses
Novos servidores ligados à Sesau (Secretaria Municipal de Sáude) negaram, nesta quarta-feira (22), a suspeita de desvios de vacinas contra a gripe H1N1 em Campo Grande, bem como vacinação ocorrida no gabinete do prefeito, Alcides Bernal (PP). Durante a manhã, o delegado Fabiano Nagata ouviu duas enfermeiras responsáveis por distritos sanitários da Capital, que compareceram ao 1º Distrito Policial ao lado de advogados para prestar esclarecimentos.
Ao Campo Grande News, o delegado se disse "impressionado" com o controle detalhado pelas enfermeiras no que tange a distribuição das vacinas, desses distritos para os postos de saúde. "Até o momento não foi comprovado nenhum indício de desaparecimento de doses ou vacinação irregular", esclarece Nagata, que não descarta ouvir o prefeito, porém, deverá ser o último a depor.
Após um depoimento que durou 1h30, a primeira enfermeira a sair da sala do delegado desautorizou fotos e publicação de seu nome. Seu advogado limitou-se a dizer que a acusação tem cunho político, uma vez que o denunciante seria inimigo declarado de Bernal. Há 13 anos na função, a servidora explicou ao delegado "minuciosamente" como é feito o trabalho de imunização. Já a segunda servidora repetiu a explicação sobre a logística adotada na distribuição de vacinas e parece ter convencido Nagata, que dispensou as outras duas enfermeiras agendadas para esta tarde.
O delegado diz ter visto conhecimento técnico e ausência de contradições nos depoimentos colhidos até agora, incluindo a gerente do Serviço de Imunização da Sesau, Cássia Tiemi Kanoaka; a assessora do prefeito, Márcia Scherer e o secretário de Saúde, Ivandro Fonseca, que compareceu ontem à delegacia com documentos e notas fiscais que ultrapassam 500 páginas. Um dossiê que, para Ivandro, comprova para onde foram encaminhadas cada uma das cerca de 190 mil doses da vacina recebidas pelo município.
Diante da falta de indícios, o foco se volta a analisar tais documentos para, então, prosseguir com novas convocações. O próximo a ser ouvido deverá ser o responsável pela unidade de saúde da Rui Barbosa, de partiram denúncias de irregularidades. "Estamos no prazo, que pode ser prorrogado por mais 30 dias, ou seja, há tempo para apurar tudo com calma, sem pressa", finalizou o delegado. Em 3 de junho, o jornalista Carlos Roberto Pereira, registrou o boletim de ocorrência por peculato, alegando ter provas e lista com 35 nomes de pessoas que teriam sido imunizadas no gabinete do prefeito.