Dentista denunciada por erros é investigada pelo Ministério Público
Iolanda Negrão já responde a ações judiciais movidas por ex-pacientes e foi indiciada em delegacia
A cirurgiã-dentista Iolanda Lídia Negrão, de Campo Grande, agora também é investigada pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). O órgão tornou oficial a abertura de inquérito civil contra a profissional e sua empresa nesta sexta-feira (24).
RESUMO
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A cirurgiã-dentista Iolanda Lídia Negrão, em Campo Grande, é alvo de inquérito civil do MPMS por procedimentos estéticos que teriam causado sequelas em pacientes, como cicatrizes e deformações. Pelo menos oito ex-pacientes a processam individualmente, e a Decon a indiciou por exercício ilegal da profissão e lesão corporal. O CRO/MS investiga a conduta da profissional, que é acusada de realizar procedimentos invasivos vedados a cirurgiões-dentistas. O MPMS exige que Iolanda apresente documentação que comprove suas qualificações e detalhes dos procedimentos realizados, além das fichas de todos os pacientes atendidos em 2024, enquanto a defesa da dentista afirma confiar na elucidação dos fatos.
Iolanda já responde a ações judiciais movidas individualmente por, pelo menos, oito ex-pacientes. Elas alegam que erros cometidos pela profissional da odontologia deixaram sequelas como cicatrizes, boca torta e narinas deformadas.
A Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo) a indiciou no fim do ano passado em dois inquéritos policiais. Um é sobre exercício ilegal da profissão e o segundo sobre lesão corporal grave e induzir o consumidor ao erro. De acordo com a Polícia Civil, paralelamente ela responde a vários procedimentos criminais por lesão corporal e é citada em 12 processos cíveis por lesão corporal.
O CRO/MS (Conselho Regional de Odontologia) apura a conduta da profissional em processo sigiloso. Em nota, o órgão afirmou que serviços que a dentista anuncia são proibidos pela Resolução nº 230/2020 do Conselho Federal da classe. São cirurgias invasivas "como alectomia, blefaroplastia, cirurgia de castanhares ou lifting de sobrancelhas, otoplastia, rinoplastia, ritidoplastia ou lifting facial vedados aos cirurgiões-dentistas", diz.
O MPMS vai apurar se a cirurgiã-dentista está fazendo procedimentos invasivos, que só poderiam ser realizados por médicos, se atua conforme o que é permitido pelo Conselho Federal de Odontologia e se respeita a segurança e à vida dos pacientes.
Em 10 dias - Dentro do prazo, o Ministério Público quer que Iolanda e sua equipe apresentem cópias de suas carteiras profissionais contendo registro de habilitação em harmonização orofacial (que usa botox e preenchedores faciais em áreas do rosto), e cópia de certificado de conclusão de curso de especialização na área, além de comprovar todas as qualificações que têm.
Além disso, pede a descrição completa de todos os procedimentos estéticos e de harmonização orofacial feitos na clínica, com perfuração ou não, e questiona se o local possui equipamentos e estrutura para atendimento emergencial e deslocamento para pronto-socorro, se for preciso.
O MPMS quer ainda a ficha de todos os pacientes que Iolanda atendeu entre 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2024, contendo detalhes do atendimento e da fase de recuperação.
Defesa - O escritório de advocacia Servano, que fica em Belo Horizonte (MG) e representa a dentista, se manifestou em 13 de dezembro de 2024 sobre as denúncias.
"No tocante às denúncias em curso, respeitamos o devido processo legal e temos plena confiança de que todos os fatos serão esclarecidos em sua totalidade", diz em nota enviada à reportagem. O texto ainda afirma que o consultório possui as autorizações necessárias para funcionar e que a dentista segue todos os padrões éticos e legais, além de oferecer "acompanhamento pós-operatório exemplar".
Para os milhares de seguidores que tem no Instagram, a dentista insiste que existe "perseguição", "fake news", "interesses obscuros", "campanha de difamação" contra ela e até publicou vídeo em que debocha de ex-pacientes que voltaram "como zumbis" para denunciá-la.
Outras - Ontem (23), o MPMS abriu outras seis investigações contra clínicas de estética localizadas em áreas nobres da Capital. O que motivou os inquéritos foram relatórios da Vigilância Sanitária Municipal apontarem diversas irregularidades nos locais e suspeita da prática de procedimentos invasivos.
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