Nem fisioterapia resolveu sequelas de procedimento feito por dentista famosa
Até o momento, nove mulheres relataram problemas em procedimentos estéticos feitos com cirurgiã-dentista
Em novo relato, paciente da cirurgiã-dentista Iolanda Lidia Negrão afirmou ao Campo Grande News que precisou de fisioterapia após lipoaspiração de papada feita no consultório da profissional, que é famosa nas redes sociais, e resultou em uma boca torta e cicatriz na lateral da cabeça. No entanto, nem as sessões tiveram efeito nas sequelas que ficaram no rosto da mulher.
RESUMO
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Uma nova paciente relatou danos após uma lipoaspiração de papada realizada por uma cirurgiã-dentista conhecida nas redes sociais. A paciente afirma ter sofrido com boca torta, cicatriz e a necessidade de fisioterapia, somando-se a outros oito relatos de erros em procedimentos estéticos realizados pela profissional, que enfrenta processos judiciais por parte de pacientes que a acusam de danos morais, materiais e estéticos em diversos procedimentos faciais. A dentista, por sua vez, busca na Justiça o direito de realizar cirurgias estéticas, mesmo com restrições do Conselho Federal de Odontologia.
Conforme o relato da paciente, que prefere não se identificar, em setembro de 2022 ela procurou a profissional para fazer uma lipoaspiração na região da papada – o pescoço – no entanto, quando chegou ao consultório, foi informada pela profissional que precisaria fazer outros procedimentos para que sentisse a diferença no rosto.
“Fiz os procedimentos, acredito que ela tenha feito fios no meu rosto, porque tem uma cicatriz na lateral da cabeça. Ela fez a boca, inclusive, tem um lado com mais produto que o outro, fez o nariz onde ainda tenho uma linha dentro”, relatou a mulher.
À reportagem, ela contou ainda que, na época, sentiu todo o procedimento porque apesar de ter tomado sedativo, continuou acordada, “Fiquei sonolenta apenas, senti cada corte. Foi horrível. Saí de lá toda suja de sangue. Muito grogue, com o rosto completamente enfaixado sem saber muito bem o resultado”, explicou a paciente.
Segundo ela, na época sentiu medo de entrar com processo por saber que a dentista era muito conhecida, no entanto, após ver as reportagens com os relatos de outras oito pacientes da profissional, tomou coragem e procurou um advogado para entrar com a ação de reparação de danos.
“Cheguei a procurá-la na época para tentar resolver. Ela disse que estava tudo normal, que era normal tudo aquilo. Consegui um retorno depois de 30 dias. Ela disse para a moça que fez minha fisioterapia que eu estava bem, mas ela não tinha me visto. Ela chegou a pagar algumas sessões por conta da boca torta, eu tinha dificuldade de abrir a boca, resolveu um pouco”, pontuou.
Depois de um ano ela encontrou com a dentista na rua e mostrou as cicatrizes, Iolanda pediu que ela fosse ao consultório para resolver problemas, mas nada foi feito, de acordo com a mulher. Então, quando a primeira reportagem saiu na mídia, ela decidiu procurar seus direitos.
“Quando saiu o primeiro caso na mídia, corri na delegacia e já registrei o boletim de ocorrência. Fiz o exame de corpo de delito e hoje me encontro com o advogado para os próximos passos. Agora com mais vítimas, podemos provar tudo isso. A gente tem mais voz. Ela deixou buracos na lateral da minha cabeça, não nasce mais cabelo. Precisei de fisioterapia, minha boca ficou torta”, finalizou.
Danos morais - Conforme apurou a reportagem, sete mulheres entraram com ações na Justiça pedindo indenização por danos morais, materiais e estéticos contra Iolanda, que tem mais de 150 mil seguidores no Instagram. Nos relatos feitos estão erros em procedimentos de rinomodelação, rinoplastia, prótese de porex colocada sem autorização, lifting facial, preenchimento labial e lipoaspiração de papada.
Uma oitava paciente não chegou a entrar na Justiça, mas contou ao Campo Grande News, ter sido coagida pela equipe jurídica da dentista. De acordo com a mulher, ela quase perdeu o nariz, porém conseguiu consulta com médico de São Paulo e fez a retirada da prótese colocada no consultório de Iolanda.
Autorização para cirurgias - Iolanda também acionou a Justiça contra o CRO/MS (Conselho Regional de Odontologia de Mato Grosso do Sul) e o CFO (Conselho Federal de Odontologia) para que ela não seja impedida de realizar procedimentos proibidos pelo conselho nacional da classe em resolução de 2020.
Contra o conselho federal, a cirurgiã pede, na ação, concessão de tutela antecipada para que tais artigos sejam suspensos em seu favor, negada pela magistrada Mariana Alvares Freire, da 21ª Vara Federal Cível da Justiça Federal do Distrito Federal. O processo segue em trâmite e ainda não há sentença.
Já a ação contra o CRO/MS pede que este seja impedido de adotar quaisquer medidas contra ela “em razão da realização das cirurgias estéticas faciais” e ainda, que suspenda “quaisquer processos éticos que versem sobre a realização dos procedimentos que constam no art. 1º da Resolução CFO 230 de 2020, até o julgamento final do processo”.
Segundo alega a dentista, ela tem especialidade em harmonização orofacial no Estado de Minas Gerais, mas não no Estado de Mato Grosso do Sul, “diante da divergência de interpretação da Resolução 230/20 CFO perante os distintos Conselhos Regionais de Odontologia”. O processo também não tem sentença.
A reportagem tentou contato com a dentista pelo telefone divulgado nem suas redes sociais, mas não teve retorno. O espaço segue aberto.
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