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Capital

Denúncia de tortura adia transferência de ex-primeira-dama para presídio

Ex-primeira-dama só foi transferida hoje, após ser ouvida como testemunha em investigação da Corregedoria

Anahi Zurutuza | 06/09/2016 17:58
Cela do Presídio Irmã Irma Zorzi, unidade para onde ex-primeira-dama seria levada (Foto: Alcides Neto / Arquivo)
Cela do Presídio Irmã Irma Zorzi, unidade para onde ex-primeira-dama seria levada (Foto: Alcides Neto / Arquivo)

Presa em cela do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco e Resgate a Assaltos e Sequestros), Andreia Olarte se tornou testemunha-chave em denúncia de tortura contra policiais civis. A ex-primeira-dama era a única pessoa na unidade da Polícia Civil quando uma quadrilha de assaltantes de banco foi presa e criminosos acusaram investigadores de agressão.

Ela só transferida no fim da tarde desta terça-feira (6) para o Presídio Irmã Irma Zorzi, 14 dias depois que o desembargador Luiz Claudio Bonassini da Silva determinou que ela fosse levada para a carceragem feminina.

Por meio da assessoria de imprensa, a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) confirmou que Andreia chegou por volta das 17h na penitenciária.

De acordo com o delegado-geral, Marcelo Vargas, a ex-primeira-dama teve de ficar no Garras até que fosse ouvida pela Corregedoria da Polícia Civil. “Na audiência de custódia, os integrantes daquela quadrilha que furtava bancos disseram que foram torturados. Ela era única presa ali e teve de fica mais uns dias na unidade até que fosse inquirida na investigação aberta pela Corregedoria. Isso retardou um pouco o processo de transferência. Ela foi ouvida ontem [5]”, detalhou o chefe da corporação.

A ordem para a transferência de Andreia foi dada no dia 23 de agosto, no mesmo dia que o desembargador Luiz Claudio Bonassini da Silva negou a concessão de prisão domiciliar para a mulher do ex-prefeito Gilmar Olarte e determinou a transferência dela para o presídio feminino.

Foi a defesa de Andreia que pediu a prisão domiciliar argumentando que no Garras ela fica em cela ao lado de presos do sexo masculino. Além disso, foram anexados atestados médicos nos autos alegando que a ex-primeira-dama tem hipertensão e gastrite, por isso, o ideal seria que ela ficasse em casa.

Os advogados do casal tentam um habeas corpus no STF (Supremo Tribunal Federal) depois que dois pedidos de liberdade foram negados pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça). 

Andreia Olarte na frente da casa dela sendo conduzida para veículo do Gaeco no dia 15 (Foto: Fernando Antunes/Arquivo)
Andreia Olarte na frente da casa dela sendo conduzida para veículo do Gaeco no dia 15 (Foto: Fernando Antunes/Arquivo)

Saídas – A ex-primeira-dama foi presa no dia 15 de agosto pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), durante Operação Pecúnia. Desde quando está atrás das grades, Andreia já foi duas vezes ao hospital, a última foi no dia 20, quando apresentou um quadro de úlcera e hipertensão. Ela passou por uma bateria de exames e foi liberada no dia seguinte, voltando para o Garras.

Ela também já esteve no presídio feminino, mas conseguiu a remoção para o Garras com o argumento que tem curso superior e, portanto, direito a cela especial. No Irma Zorzi não há carceragem reservada e a ex-primeira-dama terá de dividir espaço com outras ao menos 20 internas.

Andreia e o marido foram denunciados pelo MPE pelos crimes de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e associação criminosa, investigado na Pecúnia.

Membros da quadrilha que arrombava agências bancárias na Capital (Foto: Adriano Fernandes)
Membros da quadrilha que arrombava agências bancárias na Capital (Foto: Adriano Fernandes)

Tortura – Leandro Chiapinoto de Souza, 27, Luiz Henrique Santos de Velazque, 18, Jonathan Paelo de Farias, 20 e Wender Daniel Cubilha Braz, 20, foram presos no dia 20 de agosto e no dia seguinte Andreia, que estava internada, voltou para a cela dela no Garras. São eles os assaltantes que acusaram os policiais da delegacia de tortura.

A quadrilha, que arrombou no começo deste mês uma agência do Banco Santander, na Avenida Eduardo Elias Zahran, foi presa tentando invadir o Banco Itaú da Avenida Júlio de Castilho.

O grupo recebia ordens e era financiado por três detentos do Presídio Jair Ferreira de Carvalho, a penitenciária de segurança máxima de Campo Grande. Os suspeitos ainda filmavam os crimes e compartilhavam os vídeos por meio do WhatsApp.

Nada foi levado dos dois bancos, mas a quadrilha é suspeita de atuar em outras cidades do Estado.

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