Denunciante de “falsa vacina” terá que pedir desculpas e indenizar enfermeira
O processo de indenização por dano moral chegou ao fim com acordo entre as partes
Denunciante de falsa aplicação de vacina contra a covid-19, que deflagrou onda de ódio nas redes sociais contra profissional de Saúde, foi obrigada a pedir desculpas para a enfermeira Luciane Muoio Piasentini Dal Bello e terá que pagar indenização de R$ 1 mil.
A mulher levou a mãe para ser vacinada na UBS (Unidade Básica de Saúde) Dona Neta, em Campo Grande, e pediu autorização da profissional de Saúde para gravar. A enfermeira autorizou, mas depois foi surpreendida com a postagem no Facebook, onde a mulher colocou o vídeo e denunciou que o imunizante não foi aplicado.
“Minha mãe foi enganada”, postou. Na sequência, começaram os ataques de outros usuários da rede social: “Meu Deus, como o ser humano pode ser tão podre”, “coloque para compartilhar, essa cadela tem que ser presa”.
O processo de indenização por dano moral chegou ao fim com acordo entre as partes, homologado ontem (dia 15) na 10ª Vara do Juizado Especial de Campo Grande. A Justiça determinou que a mulher publicasse retratação no Facebook com resumo dos acontecimentos, juntamente com o pedido de desculpas.
“Devido ao meu equívoco, no calor do momento, postei nesta plataforma o vídeo onde minha mãe tomou a primeira dose da vacina contra a covid-19 e disse aos meus amigos através da publicação que a mesma teria sido enganada, mas claramente ao analisar melhor a filmagem a veracidade da aplicação é inquestionável. Eu quero através desta publicação retratar-me publicamente com a enfermeira Luciane Muoio Piassentin Dal Bello que aplicou sim a vacina, e a sua equipe, pedindo sinceras desculpas”.
E prossegue: “Eu errei. E minha consciência me leva retratar-me diante de todos os danos que lhes causei tanto a Luciane, aos profissionais da sua equipe e aos outros tantos profissionais da saúde que vem desde o início na linha de frente contra a covid-19. Novamente peço desculpas”.
De acordo com o advogado Márcio Almeida, o Sinte/PMCG (Sindicato dos Trabalhadores Públicos em Enfermagem da Prefeitura Municipal de Campo Grande) tem ajuizado as ações pelo efeito pedagógico. “Ao longo dos anos, são crescentes os casos de agressões verbais e até físicas aos profissionais de enfermagem. Situação que se agravou no período da pandemia”, afirma Almeida.
