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Capital

Depois de amigo morto, garoto diz que vende droga para não virar "Zé Povinho"

Acompanhado pelo tio de 30 anos, o adolescente foi ouvido pela Polícia Civil logo após o fato

Viviane Oliveira e Bruna Marques | 01/04/2021 12:15
Casa onde ocorreu a execução na tarde de ontem, no Tijuca (Foto: Henrique Kawaminami)
Casa onde ocorreu a execução na tarde de ontem, no Tijuca (Foto: Henrique Kawaminami)

Um dos adolescentes de 15 anos, que presenciou a execução do amigo Luiz Felipe da Silva, 22 anos, na tarde de ontem (31), na varanda de uma casa da Rua Antônio Meirelles Assunção, no Jardim Tijuca, disse que parou de estudar no 7º ano e começou a traficar para não virar “Zé Povinho”.

Acompanhado pelo tio de 30 anos, o adolescente foi ouvido pela Polícia Civil logo após o fato. Durante depoimento, o garoto disse que fazia correria para a vítima e que também havia começado a traficar porque não gosta de trabalhar. Para ele, quem trabalha é Zé Povinho.

No momento do crime, o adolescente disse que saiu para comprar refrigerante e ao retornar, uma dupla de Fiat Uno desceu atirando contra Luiz. Ele na companhia de outro colega também de 15 anos correram, um para cada lado, e se esconderam. Um deles disse que só se salvou porque aproveitou para fugir enquanto os atiradores "davam um confere" no copo para saber se Luiz estava mesmo morto.

Foram ao menos 20 disparos, vários deles atingiram a vítima na cabeça, tórax e braços. No início do mês passado, Luiz ficou conhecido por uma situação inusitada. Ele "se arrependeu" de ter furtado televisão de 43 polegadas e teve de comprar outra, de R$ 2 mil para devolver à vítima.

Na manhã desta quinta-feira, a reportagem voltou à casa onde Luiz foi assassinado. Uma moradora de 60 anos contou que a vítima foi bem criada, teve uma vida boa, mas infelizmente escolheu viver perigosamente.

“Ele morava sozinho, mas a casa dele vivia cheia de gente, cheia de amigos. Ele foi bem criado, mas não quis saber da vida normal. Gostava do perigo. Virou ladrão”, lamentou a mulher. O rapaz foi velado nesta manhã e sepultado no Cemitério do Cruzeiro.  Três suspeitos pelo crime foram presos na madrugada desta quita-feira (31).

Testemunha acredita que Luiz foi executado a mando de um presidiário identificado como Thiago Paixão, o "Chefão do Bairro". O assassinato estaria relacionado à disputa pelo tráfico de drogas na região do Tijuca. O caso segue sob investigação da 6ª Delegacia de Polícia Civil.

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