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Capital

Depois de decreto, dobra número de procura por armas em lojas

Decreto que flexibiliza o registro a posse de até quatro armas, é visto com bons olhos para comerciantes

Bruna Pasche e Mirian Machado | 16/01/2019 14:05
Aluno faz aula de em stand de tiro (Foto: Marina Pacheco)
Aluno faz aula de em stand de tiro (Foto: Marina Pacheco)

Um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro assinar o decreto que flexibiliza a posse de armas no Brasil e permite que cada cidadão tenha até quatro delas, os comerciantes de Campo Grande já registram o aumento de curiosos e interessados no processo para conseguir o registro. O decreto entrou em vigor nesta terça-feira (15), com a publicação no Diário Oficial da União.

A empresária Ana Maria Benitez, 45, proprietária de uma loja no Centro, que vende armas há sete anos, conta que com a divulgação do decreto, algumas pessoas entendem que é só ir até loja e comprar. “Eu creio que não muda muita coisa na teoria, as pessoas sempre puderam ter posse de arma, mas não sabiam. Parece novidade, mas é só o aumento na divulgação e poucas mudanças. O que está faltando é esclarecimento, ainda é preciso passar por exames psicológicos, instrução de tiro e não ter passagem pela polícia, então não é todo mundo que pode”, disse.

O processo para o registro dura de 30 a 90 dias e pode ser iniciado na própria loja, onde também é dado o curso de instrução e custa em média R$ 750, fora o valor das armas que varia de R$ 3,2 mil a R$ 8 mil. A mais conhecida é o revólver .38 e o mais vendido é .380.

“Para mim o que deveria mudar é a questão dos anos de renovação, eram 5 anos e já acho muito, imagina 10. Como vai estar a cabeça dessa pessoa? A gente nunca sabe. Acho que o ideal seria dois anos para renovação”, pondera Ana Maria.

Gilberto de Andrade, dono de loja de armas e stand de tiro, em entrevista (Foto: Marina Pacheco)
Gilberto de Andrade, dono de loja de armas e stand de tiro, em entrevista (Foto: Marina Pacheco)

Em outra loja na Vila Progresso, o proprietário Gilberto de Andrade, de 52 anos e 34 de trabalho com armas, pontua que antes do decreto o público alvo eram os empresários e proprietários rurais, mas que agora espera expandir. “Nós já tivemos um aumento considerável no movimento de ontem para hoje e a expectativa é que as vendas acompanhem esse aumento, mas é importante desmistificar a ideia de que é só chegar e levar a arma, o processo leva pelo menos 30 dias e é sério”.

Em sua loja, todo o processo já com uma das armas mais baratas sai por aproximadamente R$ 5 mil.

Márcio Sandim, advogado criminalista, 50, foi renovar a posse de arma que tem desde os 21 anos e avalia o decreto como positivo. “É um avanço positivo porque se a pessoa tiver qualquer registro já não vai poder, então é para o cidadão de bem mesmo que vai se sentir mais seguro para ficar na própria casa”. O advogado tem duas armas, uma em casa e uma no escritório.

Um instrutor de trânsito, Roger Luís Elias Rodrigues, de 29 anos, também foi renovar o registro de posse que tem há cinco anos. Com esposa e filha, ele alega que a posse é para a proteção da família. É uma maneira de proteger minha esposa e filha de quatro anos, comprei pensando nelas”, concluiu. Para ele, com o decreto, é preciso ter mais rigor na fiscalização.

Revólver .38, arma mais conhecida no Brasil, segundo comerciantes (Foto: Marina Pacheco)
Revólver .38, arma mais conhecida no Brasil, segundo comerciantes (Foto: Marina Pacheco)
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